09/04/2018

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São 21h40m e um breu parece tomar conta da cidade. Continuamos escondidos com muita comida na despensa e menos da metade da água que estocamos, mas isso não me preocupa, o que mexe com a minha cabeça de verdade é a única coisa que eu escuto a horas: os grunhidos e gritos que vem do lado de fora. Pode não parecer, mas é a pior sensação do mundo, sabe? Não é da forma que eu imaginava ou comomostravam os filmes e os jogos de vídeo game, não estou provido de um incrívelarsenal de armas e não há pausa ou uma chance de recomeçar, isto é real.Acreditava estar preparado, mas me enganei, e agora estou preso num mundo comessas coisas esperando uma chance de me matar.

levaram-se seis dias depois que a infecção chegou a cidade para tudo começar a desmoronar, toda normalidade do cotidiano foi trocada por loucura, sirenes e multidões em desespero. Os programas de TV se resumiam basicamente à um comunicado das forças armadas instruindo as pessoas à manterem-se em casa e sobre como se proteger. Também algumas entrevistas com cientistas e religiosos e uma espécie de panorama global da situação, mas nada disso foi de muita serventia. As informações eram imprecisas e algumas totalmente estúpidas, eles pareciam não saber a real gravidade daquilo. As estações de rádio passavam informações locais, uma nota do exército que basicamente repetia o mesmo discurso enjoativo e vazio da TV enquanto outras transmitiam um imenso apelo religioso como se pudessem nos salvar de algo.

A internet ficava muito instável, era bem complicado ficar mais de 15 minutos conectado, mas foi de lá que deu pra pegar as melhores notícias. Apesar da maioria dos sites estarem fora do ar ainda dava pra ter acessos a algumas coisas, inclusive a alguns vídeos que só nos deixaram ainda mais aflitos.

A energia elétrica oscilava demais, inclusive perdemos a TV por conta disso, mas nem fez muita diferença tê-la em bom estado ou não já que na madrugada do mesmo dia em que ela pifou a energia caiu de vez, e pelo barulho algum infeliz deve ter acertado o carro num poste. O abastecimento de água durou alguns dias a mais que a energia elétrica , mas a filtragem devia estar comprometida pois o cheiro da água que saía pelas torneiras era insuportável e decidimos não consumi-la.


Diário de Um SobreviventeWhere stories live. Discover now