10/11/2018

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É as coisas com certeza não saíram como o previsto ontem.

Saímos daqui por volta das 16h20m e fomos direto em direção a uma cidadezinha um pouco distante daqui. Chegamos lá rápido e decidimos amarrar Wagner pelos pés e pendurá-lo em uma árvore e deixar que os zumbis fizessem o resto do serviço e bom até aí o plano funcionou, mas desta parte em diante não foi bem assim.

Edinho deu um tiro pra cima para atrair os zumbis das redondezas enquanto Tiago ligava o carro, mas ai os problemas começaram, o carro não funcionou. Tiago continuou tentando e forçando até a chave quebrar, até aí eu, Carlos e Edinho estávamos em cima da caçamba do carro e não sabíamos o que tinha acontecido.

Igor então saiu do carro mandando Tiago olhar os outros carros e começou a atirar nos zumbis, Carlos perguntou a ele porque ainda não tínhamos saído dali e ele falou que o carro não estava pegando. Ficamos bem tensos e mandamos bala nos zumbis que vinham dos dois lados da rua, mas quanto mais atirávamos mais zumbis apareciam e os poucos carros que havia na rua também não funcionavam.

Decidimos então entrar num prédio residencial do lado esquerdo da rua. Carlos e Igor continuaram atirando enquanto eu, Edinho e Tiago colocávamos dois carros na frente da entrada formando uma barricada. Eu entrei primeiro com Edinho e entramos no primeiro apartamento que vimos em busca de algo que ajudasse na barricada, arrastamos um grande armário até a entrada e chamamos Igor e Carlos pra dentro.

Quando eles entraram continuamos a colocar móveis na entrada para impedir que os zumbis invadissem. Depois de arrastar muita tralha até a porta descansamos um pouco, até que Tiago começou uma discussão comigo.

Ele disse que tudo aquilo era minha culpa e eu parti pra cima dele, nos atracamos e trocamos alguns socos, ele me derrubou e continuamos a briga no chão até Igor e Edinho nos separarem. Edinho me empurrou para as escadas e me levou até o terraço do prédio, enquanto Igor e Carlos ficaram com Tiago no corredor do térreo.

Lá de cima do terraço a vista não era muito promissora, a frente do prédio estava recheada de zumbis e a cada minuto apareciam mais e mais zumbis de todos os lados e era claro que não iríamos conseguir sair fácil dali.

O tempo ia passando e tínhamos pouco tempo de luz do sol, aquela barricada não seguraria os zumbis por muito tempo e não tínhamos munição suficiente pra matar todos eles. Nossa situação estava bem feia e não conseguíamos pensar em nada que mudasse isso, até que Edinho teve uma idéia. Era inusitada e o plano tinha muitas falhas, mas era a única coisa que poderíamos fazer com o que tínhamos em mãos.

A idéia era a seguinte, pegaríamos os lençóis e cobertores das camas pra fazer uma corda e descer como num rapel pela lateral do prédio e seguir a pé até um lugar com menos zumbis onde pudéssemos passar a noite e voltar para o acampamento pela manhã.

Então começamos a por o plano em prática. Carlos ficou no corredor do térreo vigiando a entrada, eu e Edinho pegamos os lençóis e Igor e Tiago pegaram os colchões pra aliviar a queda caso os nós arrebentassem.

Fizemos a corda e amarramos a ponta na base da caixa d'água do prédio e jogamos o resto pela lateral junto com os colchões e começamos a descer. Primeiro foi Edinho, Tiago e Igor na seqüência enquanto isso eu fui chamar Carlos.

Subimos as escadas correndo porque os zumbis já estavam quase ultrapassando a barricada. Eu desci primeiro enquanto ele ficou na porta do terraço matando os primeiros zumbis que passaram e quando eu estava na metade da descida o vi pulando por cima de mim e caindo direto nos colchões, então percebi que os zumbis já deviam estar bem perto e decidi soltar a corda e também cai nos colchões.

Seguimos pelo beco na lateral no prédio até sairmos no fundo do terreno. Já estava anoitecendo então eu, Carlos e Igor ligamos as nossas lanternas e enquanto seguíamos pela direita seguindo o lado mais limpo da rua Tiago se virou e foi em direção a uns carros num estacionamento.

Nós paramos e Igor foi perguntar o que ele estava fazendo e ele disse que tinha encontrado uma chave em um dos apartamentos e achava que era de um daqueles carros, arriscamos e fomos com ele até o estacionamento. O sol sumiu de vez do horizonte e o breu tomou conta do lugar e até então a chave não tinha aberto nenhum carro, até que enfim uma porta abriu.

Entramos no carro, mas ele não funcionou. Tinha gasolina mais a partida não funcionava. Então eu, Tiago, Edinho e Igor descemos para empurrar enquanto Carlos ficou na direção. Empurramos o carro pela rua e os zumbis viram e vieram atrás de nós. Eu entrei em pânico e pensei em sair correndo e deixar os outros pra trás, mas continuei empurrando até que o carro funcionou e subimos todos em cima da caçamba e fomos embora dali.

Enfim, tivemos uma péssima idéia que combinado a um plano mal executado quase custou nossas vidas, porém as coisas de certo modo acabaram dando certo. Wagner agora está morto e temos um carro maior.

Patrícia ainda está muito mal e sinceramente acho difícil ela sobreviver. Conversei com minha mãe e a situação dela é grave, alguns dedos quebrados, pulso esquerdo quebrado, nariz também, afundamento parcial do crânio. O que Wagner fez a essa mulher foi horrível e sem explicação.

Matheus deve estar furioso com tudo isso, mas não demonstra. Passou o dia calado, sentado embaixo de uma árvore ao lado do ônibus. Eu acho que devia conversar com ele, mas não sei bem como, na verdade acho que o melhor a fazer é deixá-lo um pouco sozinho.

Edinho veio falar comigo ainda a pouco e nós vamos sair daqui amanhã pela manhã, vamos pra outra cidade em algum outro lugar do qual eu não estou com a menor cabeça de perguntar qual é. Isso que aconteceu com patrícia me abalou de certa forma e eu preciso de um tempo pra mim.

11/11/2018

São 08h50 da manhã e vamos sair daqui a pouco tempo talvez. Fui falar com minha mãe e perguntar sobre o estado de patrícia e ela está muito mal. Pelo que minha mãe me disse será um milagre se ela conseguir sobreviver.

Passei mais um tempo com Izabel e não procurei saber com os outros de que horas iremos sair, estou cansado de tomar as decisões e estar sempre carregado de tantas responsabilidades.

Andando pelo acampamento eu passei por Tiago e ele me olhou de forma estranha, com raiva. Eu nunca gostei desse cara e nos últimos dias menos ainda, com tudo que vem acontecendo estou a ponto de explodir e esse cara só piora a situação.

São 12h30m e chegamos a uma cidade e eu não sei bem o nome. Como de costume estamos nos arredores do local e um grupo vai entrar na cidade pra conferir o que tem por lá. Estou fora do grupo e não sei bem que vai, pelo jeito parece que Igor e Edinho estão no grupo, mas não sei ao certo.

É o grupo da incursão está composto por Edinho, Igor, Wendell, Carlos e meu pai. Eles saíram daqui ainda a pouco e não acho que vão demorar tanto. A cidade é pequena e espero que eles voltem logo.

São 14h20m e vejo o carro deles chegando. Não aconteceu nada de inesperado e eles estão bem, mas não trouxeram nada com eles. Não temos muita gasolina e outro pneu do eco Sport foi pro saco. A ranger que pegamos no dia da morte de Wagner parece estar em bom estado. Demos uma limpa nela e não encontramos muita coisa, apenas os documentos do veiculo e do ex-proprietário dele.

São 14h e vamos sair daqui a um tempo. O próximo caminho já está traçado e mais uma vez eu não fiz parte da escolha. Meu pai veio falar comigo e perguntar por que eu estou meio ausente das decisões do grupo e falei a verdade a ele, estou muito sobrecarregado e quero um pouco de sossego, mas sei que isso já é pedir de mais em dias como esses.

16h30m e estamos nos preparando pra sair. A perna do meu pai já está melhor e ele pode dirigir, vou deixá-lo com meu carro e vou de carona com Igor, vai ser bom pra descansar um pouco.

Diário de Um SobreviventeWhere stories live. Discover now