03/11/2018

1.1K 79 8
                                    

São 07h e a noite foi relativamente tranqüila. O número de zumbis que vieram até o acampamento aumentou para seis, mas não causaram nenhum dano. Não vi quem foram todas as pessoas que ficaram na vigia, mas sei que o novato e Patrícia faziam parte dele.

Eu sei que vamos partir hoje, mas ainda não sei para onde, mas assim como todo o grupo pra mim a essa altura do campeonato não faz mais diferença. Todos nós estamos cansados de viver assim e pra falar a verdade não sei até quando vamos continuar formando esse grupo.

São 09h e o grupo quase todo já acordou e Wendell, Edinho e Igor já decidiram para onde ir. Eles tiveram a ajuda de Wagner que os aconselhou em seguir para a cidade de Iguatu. A cidade é de médio porte e tem uma lagoa próxima a ela, podemos pegar gasolina na cidade e aproveitar mais um dia com água abundante.

Antes de sairmos Wagner ficou responsável por dar uma "geral" em todos os veículos. Ele vai ter que se virar com as ferramentas que temos, não é muita coisa, mas vai ter que servir.

O grupo está se organizando para a partida e vamos sair logo após Wagner acabar com os carros. A minha mãe ainda está ressentida pelo aborto e minha avó está sempre ao seu lado tentando consolar-lhe, junto com Débora e Thamara. Tainá e Heloísa se aproximam cada vez mais de Izabel, parece que elas a consideram como uma irmã mais velha agora.

São 12h20m e chegamos a Iguatu há poucos minutos, paramos perto da lagoa da cidade, assim não precisaremos ficar nos movendo por quilômetros toda vez que quisermos tomar um banho. E já estamos formando um grupo para a patrulha.

O grupo de patrulha está formado por Wendell, meu pai, Igor, Rodrigo e Mauricio. Eles estão indo a cidade basicamente para pegar gasolina, porque já ficou evidente que não acharemos nenhuma resistência. A minha ficha já caiu em relação a esse assunto, só tento fazer com que os outros mantenham as esperanças, porque sem ela não vejo mais porque continuarmos juntos.

Algumas pessoas já almoçaram, eu ainda não, estou esperando meu pai voltar e comerei com ele. Enquanto esperamos a patrulha voltar, conversei um pouco com meu tio. Foi uma conversa rápida, só ficamos discutindo os pontos positivos e negativos da viagem. Bom a meu ver o copo está meio vazio, ao dele, está meio cheio.

São 13h25m e o grupo da patrulha acabou de chegar. Eles trouxeram alguns galões com combustível e só. A patrulha não foi uma das mais proveitosas, mas pelo menos todos estão bem. Vou almoçar com meu pai e acho que quando acabarmos vamos nos unir aos outros na lagoa.

São 16h e acabamos de voltar da lagoa. Foi um bom dia, tranqüilo e feliz, pena que não sei quando teremos certeza que o amanhã sempre será como o hoje.

O aniversário do meu pai é daqui a cinco dias e eu quero fazer algo para ele, mas ainda não sei o que. Pensei em uma festa, mas a única coisa que temos para isso são uns litros de cachaça, pensei em um presente, mas o que eu daria?Vou pensar mais um pouco, de qualquer jeito não vou deixar que essa data passe em vão.

Não estamos tão perto da cidade e acho que vai ser bom dormimos fora dos carros hoje de novo. Temos barracas para parte do grupo e colchões e cobertores pros outros. Eu mesmo vou dormir fora hoje, não agüento mais esse carro.

São 18h e acabamos de dividir o grupo de vigia. São cinco pessoas, Tiago, Ana, Reinaldo, Angélica e Carlos. Por falar em Ana e Tiago parece que as coisas entre eles não vão muito bem, escutei eles discutindo hoje mais cedo e me admira os dois se voluntariarem pra ficar na vigia.

04/11/2018

São 07h30m e passei uma boa noite com Izabel. Nenhum zumbi chegou até ao acampamento, mas ainda não perguntei se apareceu algo nos arredores. Vou passar mais um tempo aqui, esperar Izabel acordar e depois procuro saber.

Conversei com Carlos ainda a pouco e ele disse que foi tudo tranqüilo. Estou esperando Edinho acordar para ver com ele e Wendell para onde iremos. Izabel acordou e eu estou indo com ela até a lagoa agora, quando voltar provavelmente já terão escolhido para onde iremos.

São 09h e como eu imaginava já escolheram pra onde iremos. O novo destino é a cidade de Tauá. Pelo que Wagner disse a cidade é menor do que Iguatu, mas nem tanto.

São 12h e paramos no caminho a Tauá. Vimos uma placa na beira da estrada com uma flecha indicando para a esquerda na direção de um pequeno morro e a palavra sobreviventes escrito a tinta.

Paramos o comboio e eu decidi ir até lá com Igor, pegamos a moto dele e fomos até lá ver do que se tratava. Seguimos em meio à vegetação por uns três minutos ou um pouco mais até chegar ao acampamento.

Assim que chegamos não tivemos uma das melhores visões. Havia cinco corpos enfileirados e cada um com um tiro na cabeça, o acampamento estava todo revirado e não havia mais nada que se pudesse aproveitar por lá.

Eu e Igor decidimos olhar melhor os corpos e não tinha nenhuma mordida ou ferimento além do buraco de bala na cabeça de cada um deles. Ficamos confusos em ver aquilo, cinco homens mortos sem razão aparente.

Procurei no bolso de um deles e achei uma carteira com a foto de duas crianças e uma mulher. Só aí a nossa ficha caiu, foi outro grupo que passou por lá e matou aqueles homens, provavelmente as mulheres e crianças foram levadas ou fugiram.

Eu e Igor já estávamos indo embora quando escutamos um barulho em meio a uns arbustos. Antes de chegarmos até lá o garoto que estava na foto que achei na carteira de um dos homens saiu de trás do arbusto. Ele estava lá com a irmã mais nova e disse que se escondeu porque achava que éramos do mesmo grupo que fez aquilo com o pai dele.

Ele estava assustado e receoso de vir conosco, mas acabou cedendo quando lhe oferecemos comida. O nome do garoto é Castilho e ele tem 13 anos, a sua irmã se chama Jennifer e ela tem seis.

Os dois estão comendo agora, estão magros e provavelmente não comem desde que aconteceu aquilo em seu acampamento. Vou esperar eles terminarem e enquanto isso vou falar com os outros, precisamos fazer unas perguntas a essas crianças.

São 12h40m e ainda estamos parados na estrada. Eu e Carlos tentamos falar com as crianças, mas elas ainda estão assustadas, principalmente a mais nova. O mais velho ainda falou comigo, ele disse que o grupo dele passava mensagens diárias com um velho rádio, mas nunca eles tinham recebido uma resposta até que há cinco dias atrás alguém os respondeu.

Disseram que eram um grupo pequeno e precisavam de comida e combustível, então o pai dele disse que os encontraria próximo a entrada principal de Tauá. Eram oito homens em dois carros, eles estavam armados e já vieram com o pai dele rendido.

Assim que chegaram ao acampamento renderam os outros homens, ele me disse que viu os homens chegando e sua mãe o mandou levar a irmã dele para longe dali. Ele disse que a escondeu em uma gruta um pouco afastada do acampamento e enquanto voltava ouviu disparos, ele correu, mas quando chegou seu pai e os outros já haviam sido mortos e sua mãe e outras mulheres sido levadas por eles.

Desde então ficou sem saber o que fazer e passou a esperar por ali até nos encontrarem. Eu não sei quem os atacou, mas estou preocupado com nossa segurança.

O grupo que os atacou pode está acampado por perto, talvez sejam de alguma cidade próxima, tenho que falar com Wendell, nós precisamos sair daqui e seguir viagem, talvez Tauá não seja a melhor opção para passarmos a noite.

Conferimos mais uma vez o mapa e decidimos ir até a cidade de Crateús, não é tão distante assim, mas não podemos ir muito longe de uma só vez, os carros não agüentariam uma viagem muito longa sem pausas.

São 18h, já está escuro e uma chuva forte está caindo. Todos nós estamos dentro dos carros e acho que vamos continuar assim se a chuva persistir.

Diário de Um SobreviventeTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang