14/12/2018(Continuação II)

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Num ambiente mais a frente, desta vez com uma iluminação melhor e sem litros de gasolina sob nossos pés o homem enfim se apresentou. Seu nome é Felipe, segundo ele "só Felipe", e ele era bem mais novo do que eu imaginava.

- Foi você quem fez a armadilha com os zumbis? – Barbara foi bem direta em perguntar o que queríamos todos saber.

- Já que eu salvei vocês, acho mais justo que eu comece com as perguntas. – Felipe respondeu.

- Tudo bem, comece. – Edinho falou.

- Primeiro quero saber quem vocês são. Nomes, e por que estão aqui.

- Meu nome é Edinho, sou o tio dele. – Disse apontando para mim. – E estou atrás da minha família.

- Eu sou Barbara. Conheci os dois há unas três semanas, eles me livraram de uma encrenca e agora estou os ajudando a resolver a deles.

- Olá, me chamo Jotah. Sou o sobrinho dele – apontei para Edinho assim como ele fez comigo. – E eu quero saber quem fez a armadilha que quase nos matou.

- Tá, vocês querem saber da "armadilha" – Ele fez o sinal de aspas com as mãos. – Tudo bem, eu explico. Mas ainda quero saber mais coisas cobre vocês.

- Pergunte. – Barbara falou.

- Cadê o resto do seu grupo? Quantos são e onde estão?

- É o que estamos tentando descobrir. Nos separamos deles um pouco antes de nos encontrarmos com Barbara e passamos a procurá-los desde então. – Edinho respondeu.

- Quer dizer que vocês nunca mais os viram? Nem estiveram antes por esses lados?

- São quantas perguntas mesmo que você vai fazer? – Indaguei.

- Quantas eu achar necessárias para saber quem vocês são.

- Algo me diz que você já sabe quem somos, ou pelo menos acha que sabe. – Retruquei.

- Você andou nos vigiando? A armadilha era para nós? – Barbara quem tomou a frente agora.

- Esperem aí, ta bom? – O rapaz levantou as duas mãos na altura do peito. – Acho que é minha vez de responder.

- Sou todo ouvidos. – Edinho falou.

- Fui eu sim quem fez a armadilha, mas peguei as pessoas erradas pelo jeito.

- Como assim? – Edinho perguntou.

- Quem você queria pegar? – Emendei.

- Os caras que destruíram a cidade.

- Que caras? – Edinho se desencostou da parede e deu um passo em direção ao rapaz. – Vocês sabem quem eles são? Quando passaram aqui?

- Calma lá. Eu não sei quem são. Eles chegaram aqui há mais ou menos um mês eu acho, vocês passaram pelo quarteirão queimado?

- Sim. – Barbara respondeu.

- Foram eles que fizeram aquilo. Mataram alguns dos nossos e levaram os outros que não resistiram.

- Quem matou? Explica isso direito. – Edinho falou já impaciente.

- Eu não sei quem eles são, tá bom? Só sei que eles chegaram do nada em uns quatro ou cinco carros. Estavam armados e começaram a render todo mundo. Quem tentou fugir, foi morto. Quem tentou lutar, foi morto. É isso que eu sei.

- E onde você tava? Por que não foi morto também?

- Eu me escondi. – O garoto falou de cabeça baixa. – Vocês viram a caçamba de lixo no ultimo beco antes de alcançarem a rua?

- Não. – Respondi enquanto os outros apenas balançaram a cabeça. – Estávamos muito preocupados em fugir dos zumbis para prestar atenção em mais algo.

- Exato, foi por isso que escapei. Eu usava a caçamba como abrigo desde antes dessa maluquice toda começar. Ninguém nunca presta atenção, então ninguém te vê lá.

- Continua. – Barbara falou. – Por que você continuou aqui?

- Eu não tinha para onde ir, o que mais poderia fazer? Fiquei aqui e dei um jeito de sobreviver como sempre fiz.

- E a armadilha? – Perguntei

- Fiz por garantia para caso eles voltassem, e porque eu queria me vingar também. Eles destruíram meu lar, acabaram com tudo que as pessoas tinham feito por aqui, então eu quis garantir que caso os visse novamente não houvesse uma terceira vez.

- Só sobrou você?

- É. – Ele balançou a cabeça afirmativamente. – Quando vi vocês chegando pensei que fossem do mesmo grupo deles, então eu levei vocês pra armadilha.

- Não fazemos parte deste grupo que te atacou. – Barbara respondeu com toda sinceridade.

- Na verdade, pelo que parece nós viemos sofrendo ataques do mesmo grupo que passou por aqui. – conclui.

Diário de Um SobreviventeWhere stories live. Discover now