24/03/2019

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Senti alguém se aproximar e antes que falasse eu me adiantei sem nem abrir os olhos e falei:

- Tive uma ideia.

- Vim apenas dizer que está na hora de partir. – Pela voz soube que era Diego quem falava e pude confirmar ao abrir os olhos.

- Sei o que podemos fazer. – Falei ignorando o que ele havia dito.

- E o que seria?

- Usar meus zumbis contra a cidade. Distrair os vigias com eles enquanto invadimos e destruímos tudo.

- Tem pessoas lá dentro, ninguém irá feri-las.

- São sua responsabilidade, tire-as de lá. Eu irei queimar aquele lugar até as cinzas.

- Não vamos atacar a cidade com as pessoas lá dentro, Jotah. – Frank apareceu para fazer parte da conversa.

- Torres e postos de vigia, homens da patrulha em motos dentro da cidade, armas restritas apenas a eles, muros e cercados de 4 metros em volta de todo o lugar e um grupo de quase cem pessoas para fazer desaparecer de uma hora para outra. Nenhum transporte disponível, nenhum lugar seguro para onde leva-las... Se fosse fácil tirá-las de lá eu já teria feito há muito tempo e sem precisar de você para me falar. – Diego respondeu rispidamente. – Sem contar que os zumbis nem farão cócegas aos muros. Acha que não enfrentamos hordas antes? A cidade não está de pé atoa.

- Então só precisamos derrubar os portões.

- É? Como?

- Um caminhão. – Empurrei um fósforo solto sobre a mesa até bater e derrubar o pequeno saleiro. – Como um aríete.

- Ok. Os zumbis entram. E as pessoas? Como sairão? – Diego permanecia cético e crítico frente à ideia.

- Eu acho que posso dar um jeito nisso. – Frank a essa altura passou a tomar uma postura menos relutante.

- Como?

- Derrubando uma parte do muro do outro lado.

- Toda força do comandante estará preocupada em conter as coisas no portão, é a abertura que você precisa para escapar com as pessoas. – Completei, aprovando a ideia de Frank.

- Arriscado, mas pode funcionar. – Frank disse enquanto Diego digeria tudo o que acabara de ouvir.

- Vai funcionar. – Conclui.

- Espera. – Diego falou após alguns momentos de silêncio. – Mas esse caminhão nunca chegará até o portão. Qualquer veículo que não seja da nossa frota será metralhado assim que se aproximar dos portões.

- A menos que o caminhão já seja de vocês.

- Temos um lá. Por uma carga grande consigo tirá-lo de dentro dos muros.

- Consigo um galpão grande pra você.

- Tudo bem. Agora está mais parecido com um plano. – Diego passou a se convencer. – Preciso de uns dias mas posso arrumar um grupo para levar o caminhão até vocês.

- Os homens que virão no caminhão, amigos ou inimigos? – Intervi.

- Tenho pessoas nos grupos de busca, mas não um grupo inteiro.

- Não pode formar um? – Indaguei

- Os grupos são definidos previamente, ele não pode remanejá-los. Não sem autorização do Comandante. – Frank se adiantou a resposta de Diego.

- Ele com certeza iria desconfiar. E eu não posso mandar todos meus homens de armas para fora da cidade. – Diego completou. – Mas posso mandar um cara bom em meio aos podres, tratem de não mata-lo.

- Pode deixar. – Confirmei acenando com a cabeça.

- E ele trará informações para vocês e também quando poderão atacar.

- Fechado.

- Tem uma fábrica alguns quilômetros ao norte daqui. Pra essa quantidade de pessoas, lá é o melhor lugar provisório que tenho.

- Caminho tranquilo? – Diego quis saber.

- Com alguém contendo a retaguarda, sim.

- Ótimo. Já até sei quem mandar junto com o caminhão.

- Aqui estão as coordenadas. O primeiro é da carga, o segundo do abrigo. – Frank anotou tudo num papel e entregou a Diego.

- Ótimo. Mandarei meu homem com uma atadura branca no braço. Certifique-se de não mata-lo.

- Entendido.

- Fiquem atentos, acontecerá em breve.

Diário de Um SobreviventeWhere stories live. Discover now