29/11/2018

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Barbara e Edinho voltaram ainda ontem e me deram a medicação mas eu só melhorei o bastante para conseguir me comunicar apenas hoje.

- Edinho? Ta aí? – Falei ao perceber que alguém estava no sofá ao lado do meu.

- Sim, sou eu. Como você está?

- Não estou 100%, mas me sinto melhor.

- Ainda bem, pois passamos sufoco para conseguir os remédios.

- O que aconteceu?

- Zumbis apenas. Muitos deles.

- Você sabe que eu gosto de histórias, não é?

- Não foi nada de mais. Só precisamos ficar mais espertos na próxima.

Com o passar do tempo os antibióticos foram fazendo mais efeito e a febre ficou bem mais amena a ponto de eu mal senti-la. Ainda continuei deitado boa parte do dia para evitar complicações e pelo jeito só vou estar pronto para sair daqui amanhã e bem de verdade para poder enfrentar as coisas lá fora apenas em dois ou três dias.

Edinho me fez um chá com folhas de laranjeira e eu comi com um pouco do pão de Barbara na hora do almoço. Aproveitei o momento para falar com Edinho mais uma vez.

- Me desculpa, cara.

- Pelo quê?

- Devíamos estar atrás de Heloíse e do resto do grupo, mas eu estou atrasando a gente.

- Já faz sete dias desde que nos separamos deles, não acho que estarão mais esperando por nós.

- Temos que encontrá-los.

- Na verdade eu estou mais preocupado em não deixar que os antigos donos daquele carro os encontrem.

Eu ainda não havia pensado nessa hipótese e passei a me preocupar ao perceber o quão sério aquilo poderia ser. Tudo bem que nosso grupo ainda tem armas e pessoas capazes de defendê-lo, mas eles realmente podem estar em perigo nesse exato momento. Ainda mais caso esse grupo hostil seja tão grande e organizado quanto eu penso.

Fiquei calado enquanto pensava naquilo e Edinho continuou a falar interrompendo meu pensamento.

- Eu posso não estar ao lado de Heloíse mas não vou deixar que ninguém a machuque, nem que seja preciso matar cada zumbi ou investigar cada grupo que eu encontre lá fora. Eu não vou deixar ninguém machucá-la.

- Vamos dar um jeito de saber quem eles são, eu prometo. Mas precisamos saber se as garotas concordam com isso, elas podem...

- Concordamos. – Barbara disse me interrompendo.

- Vocês podem acabar se machucando. – Conclui.

- A gente pode acabar se machucando. – Natalia falou.

- É melhor tratar "elas" como "nós" agora. – Edinho disse.

- É melhor mesmo. – Barbara disse com um leve sorriso no rosto.

- Próximo passo vai ser ir atrás dos homens do carro então?

- Não. Próximo passo será você se recuperar. – Barbara falou.

- Isso. E eu preciso parar pra pensar num jeito de não nos ferrarmos nessa. – Edinho concluiu.

- Parece que eu não estou em posição de discordar mesmo, até amanhã então. – Falei me virando no sofá e me cobrindo novamente com o lençol.

Diário de Um SobreviventeWhere stories live. Discover now