29/03/2019

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- Precisamos preparar os zumbis.

- Vamos esperar o caminhão primeiro.

- Já faz cinco dias, acha mesmo que ele irá conseguir?

- Se não conseguir, os zumbis serão inúteis. Precisamos do caminhão e você sabe disso. Vamos esperar.

Mais uma noite estava próxima de surgir e nenhum sinal do caminhão a vista. O ponto de encontro marcado por Frank situava-se a 30 km da antiga casa onde estávamos, o que em partes foi bom pois possibilitou que viajássemos com Wallace. Era o que eu precisava testar, pois se ele não fosse capaz de suportar esse deslocamento, jamais seria capaz de sustentar seu papel no plano.

O caminho foi tranquilo, apesar de alguns solavancos e com o passar dos dias o quadro dele continuou a se estabilizar. Agora ele já conseguia ter alguns momentos de lucidez e até dizer algumas palavras. Mas nada muito complexo, já que os analgésicos que precisávamos dar a ele afetavam um pouco sua cognição.

Com o ar frio da noite trazendo a madrugada à tona, era a hora de iniciarmos os turnos de vigia. Como não sabíamos a que hora o caminhão poderia vir, não podíamos nos dar a chance de sermos pegos desprevenidos.

Assumi o posto da primeira vigia próximo da meia noite e me mantive de pé, esperando cautelosamente até em torno das três da manhã, quando Frank acordou para me substituir.

Um pouco antes do raiar completo do dia fui acordado por Frank, alguém se aproximava. O caminhão vinha exatamente por onde esperávamos, o que nos deu mais certeza de que a emboscada funcionaria.

Havíamos largado uma caminhonete com os pneus furados e um carro carbonizado na rua, próximos a esquina que dava acesso ao galpão. Não bloqueamos as duas faixas, mas a posição em que os carros se encontravam impediria, ou ao menos, dificultaria o acesso do caminhão e isso era a brecha que precisávamos.

Eles não demorariam a chegar então nos apressamos a tomar nossas posições. Frank se escondeu entre as árvores do lado esquerdo da rua da armadilha, enquanto eu fiquei atrás de uma caçamba de entulhos virada no cruzamento imediatamente a frente dos carros abandonados.

Eu estava com o arco em mãos e uma pistola .40 na parte de trás do cinto. Já Frank carregava um rifle. A intenção era abatê-los sem uma imensa troca de tiros, tanto para não chamar atenção, quanto para preservar o caminhão e a vida do informante que Diego enviara.

Com os dois a postos, esperamos.

O caminhão passou a reduzir à medida que se aproximava da esquina e deu para ouvir o barulho dos freios acionando e parando o caminhão a poucos metros de mim. Logo depois que voltou a andar lentamente o barulho de metal contra metal ressoou pela área.

O caminhão arrastou um dos carros pela rua durante alguns segundos antes de parar novamente e em seguida engatar a ré.

Ouvi vozes mas não pude compreender o que diziam, até que uma das portas do caminhão se abriu e escutei dos que desceram sobre como estavam putos por precisar empurrar aqueles carros.

Durante todo o tempo fiquei completamente guarnecido por trás da caçamba e não pude ver o que se passava. Não podia tentar espiar e me dar o luxo de se expor, então só me restava esperar o sinal de Frank, que não tardou a vir.

Um barulho entre as árvores chamou a atenção dos homens, que discutiram sobre o que poderia ser e também por qual deles iria até lá verificar. E após alguns resmungos e insultos, um deles, chamado pelos outros de "novato", se prontificou a ir.

Diário de Um SobreviventeDove le storie prendono vita. Scoprilo ora