19/10/2018

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São 06h45m e acordei ainda pouco, como sempre boa parte do grupo ainda está dormindo. Minha noite hoje foi ótima, principalmente pela minha companhia. Pela primeira vez eu dormi com Izabel e foi espetacular. Ela ainda está dormindo aqui ao meu lado e vou aproveitar para correr um pouco. Assim que chegar vou falar com Wendell sobre nosso novo destino.

São 08h e cheguei quase agora e quase todo mundo já acordou, inclusive Izabel. Ela me deu um abraço, um beijo e disse que ia brincar um pouco com as crianças. Ela me disse que Edinho e Igor queriam falar comigo e eu vou lá agora.

Eu falei com Edinho e Igor e como eu imaginava o assunto era nosso novo destino, que será a cidade de Cacimba de Areia. Sei que a cidade é pequena, mas não sei dizer quão pequena ela é, acho que é do tamanho de Quixaba ou quem sabe um pouco maior. A cidade é bem próxima daqui e vamos sair após o almoço e falando sobre almoço, Igor foi com Carlos e Rodrigo até o rebanho atrás do nosso almoço.

A minha mãe está melhor, a dor passou e ela saiu da cama. Essa dor dela está me preocupando, Jéssica não teve nenhuma complicação até agora e minha mãe com essas dores constantes. Espero que sejam apenas pedras nos rins mesmo, sei que isso já é ruim, mas dos males o menor.

São 12h e o almoço já está pronto e eu vou comer daqui a pouco. Vamos dar um tempo aqui e sairemos depois das 13h. Eu tenho a impressão de que a cidade estará vazia igual a aqui e às duas últimas cidades onde paramos, mas sei também que lá terá gasolina, colchões e roupas.

São 13h32m e chegamos a pouco tempo em Cacimba de Areia. A primeira vista a cidade está deserta assim como eu imaginava. Faremos a patrulha de rotina, mas eu sinceramente acho que não vamos encontrar nada de novo por aqui.

Eu fiz minha patrulha na companhia de Izabel e eu estava enganado sobre não achar nada de interessante na cidade. Entrei em várias casas com Izabel e em uma delas achei algo realmente interessante, um jornal. Só que não era apenas um jornal com noticias que não importam mais e sim com uma salvação para nós.

Logo na capa tem uma manchete com letras em caixa alta e negrito

CAMPO PARA SOBREVIVENTES

PATOS A NOSSA NOVA ARCA!

A reportagem fala que a cidade de Patos conseguiu conter a infecção e que no dia 7 de abril as portas da cidade seriam fechadas para o mundo, então alguns dias antes ônibus da prefeitura evacuaram as pessoas das cidades vizinhas a Patos. Isso explica o porquê de tantas cidades vazias e nos dá uma nova esperança.

Trouxe o jornal para que Wendell e os outros vissem e pra nós decidirmos logo o que fazer. Faremos um consenso e a opinião de todos será levada em conta, mas se dependesse apenas de mim já teríamos feito as malas e estávamos partindo agora para lá.

São 17h e estava conversando com meu pai e Edinho. Eles estão tentando conter minha ânsia de ir logo a Patos, acho que eles têm medo de que eu me decepcione demais caso a cidade não esteja como eu penso, mas é melhor nem pensar, eu li aquele jornal e sei que há uma resistência em Patos.

20/10/2018

Fizemos uma reunião com todo o grupo ontem e a questão foi ir ou não a Patos. Nós acabamos por decidir em fazer uma incursão simples para o reconhecimento do local, assim como fizemos nas outras cidades onde paramos. O grupo será constituído por cinco pessoas, eu, Wendell, Edinho, Igor e Carlos. E eu espero ser recebido com flores e chocolates pelos sobreviventes.

Acabamos de voltar e eu não acredito no que aconteceu lá, não é possível a coisa ter saído do controle desse jeito e eu estou muito chateado com tudo isso. Saímos daqui e fomos à direção de Patos e assim que chegamos nos deparamos com uma entrada da cidade barricada e com vários carros abandonados pela estrada. Nós conseguimos passar por cima de uns cavaletes e cercas que puseram no caminho e avançamos pela cidade.

Patos está do mesmo jeito de João Pessoa e Campina Grande, as ruas imundas com vários corpos espalhados pelo chão, lojas saqueadas, carros abandonados e diversos zumbis perambulando pelas ruas. É impossível haver alguma resistência ali, mas decidimos já que estávamos lá procurar por mais suprimentos.

Eu aconselhei Edinho a ir a uma loja de varejo que eu conheço em Patos e fomos em direção a loja. Os quarteirões próximos estavam quase vazios, mas quando chegamos à loja tivemos uma péssima surpresa. O estacionamento estava abarrotado de zumbis, centenas e centenas deles. As portas parecem estar firmes e aparentemente os zumbis não entraram lá, mas é impossível passar pela aquela horda de zumbis com o que temos em mãos, mas confesso que fico tentado a tentar de alguma forma, a comida que há dentro daquele local nos manteria vivos por meses sem precisar racionar nada.

Sem a resistência de Patos e sabendo que todas as cidades da região estão vazias não há nenhum motivo lógico para continuarmos aqui. Depois do almoço vamos até o açude do Jatobá próximo a Patos e depois procuraremos um novo local para irmos.

O sentimento de desanimo e tristeza é claro no rosto de vários de nós, criamos uma esperança e logo depois a desfizemos. Todos queriam que a resistência em Patos fosse real, mas voltamos à estaca zero novamente e isso só nos desgasta cada vez mais. São 11h40m e vamos sair em poucos minutos a direção do açude e acho que amanhã pela manhã estaremos partindo para outro local.

São 15h30m e chegamos a pouco do açude. Como sempre o banho revigora nossas forças, mas algo me deixou pensativo. Igor veio até mim e perguntou se eu estava disposto a ir novamente a Patos. Ele falou que não fui apenas eu que fiquei tentado a entrar naquela loja, mas a nossa vontade não vai matar todos aqueles zumbis. Eu sei que sozinho não consigo convencer ninguém a voltar lá, mas com a ajuda de Igor é possível.

Eu e Igor fomos falar com Wendell e Edinho sobre uma nova incursão em Patos, mas agora com um objetivo diferente. Já sabemos que não existe nenhuma resistência por lá, mas sabemos que dentro daquela loja há uma quantidade considerável de comida. Foi bastante difícil de dialogar sobre isso, a idéia de voltar lá não entra na cabeça deles, mas consegui o prazo de um dia para pensar em um plano. Caso eu consiga um plano convincente nós voltaremos lá.

Eu mesmo querendo muito entrar naquela loja acho impossível passarmos por todos aqueles zumbis com o que temos em mãos. Não temos munição suficiente para matar todos eles e mesmo que conseguíssemos derrubar quatro deles com cada bala o barulho atrairia todos os zumbis da região para lá. É difícil pensar em algo e minha mãe e Izabel buzinando nos meus ouvidos só pioram as coisas.


Diário de Um SobreviventeWhere stories live. Discover now