06/01/2019

335 31 6
                                    


Voltei pouco antes do anoitecer de ontem como havia prometido a Frank. Esperava que sairíamos da padaria ainda ontem a noite mas Frank ponderou que fosse melhor continuar por ali e eu não discuti. Usei o resto da noite como mais um tempo extra para pensar e hoje ao acordar percebi que era exatamente disto que eu precisava.

Fui acordado pelo barulho dos passos de Frank assim que o sol nasceu e não demorei a me por de pé. Fizemos um lanche rápido antes de partimos e agora já passa das 9 da manhã, quando fizemos a primeira pausa.

- Quando você acha que é seguro voltar pra zona onde estão seus abrigos?

- Não sei se seguro é a palavra certa, mas julgo que já está na hora de vermos como as coisas estão. Preciso saber pelo menos se meus abrigos ainda estão em ordem.

- Vamos fazer o percurso de volta a pé?

- Sim. É bom evitarmos as estradas, nessa região possa ser que haja alguns do grupo de reconhecimento.

A pausa não demorou muito e voltamos a caminhar alguns minutos após pararmos e eu também logo retomei a conversa.

- Eu andei pensando... Se pegássemos algum dos caras deles, será que conseguiríamos uma troca?

- O quê? Um deles pela garota?

- Sim.

- Não. – Frank disse balançando a cabeça num gesto negativo. – Eles jamais fariam essa troca.

- Por que não?

- Porque uma mulher pra eles vale mais que um qualquer que faça parte dos grupos de busca ou reconhecimento. E além do mais, teria nossas cabeças em jogo, O Comandante não nos deixaria escapar em troca da vida de um de seus homens de papel.

- Comandante?

- É o líder deles, não te falei?

- Não que eu me lembre.

- Que bom que você não teve o desprazer de nem sequer ouvir falar dele.

- Você o conheceu?

Frank deu uma pausa na respiração e meu olhou de um jeito diferente, por alguns segundos ele parecia outra pessoa, mas num instante voltou ao normal e retomou a conversa.

- Eu já o vi... – Frank parou a fala por alguns segundos. – Mas não sei muito sobre ele, apenas que é um facínora desgraçado e responsável por toda a selvageria dos grupos de busca.

- Esse tal comandante é o alvo principal da sua vingança?

- Ele também, mas tem outro homem que eu quero matar mais do que ele. – A voz de Frank chegou a vibrar de ódio nesse momento.

Ao perceber que se tratava de um assunto incomodo para Frank eu não dei continuidade a conversa e apenas ao tocar seu ombro falei:

- Conseguiremos isso juntos. No mais, foi bom saber o nome do homem que eu irei matar.

Seguimos nosso caminho de volta até a zona onde estão os abrigos de Frank e passávamos em meio a uma rua não muito diferente daquela da padaria de onde partimos mais cedo. Uma pequena rua comercial cercada por lojas e pequenos prédios, situada numa cidadezinha a meio dia de caminhada do nosso ponto de saída.

Tudo parecia normal, o número de mordedores continua relativamente baixo pela região e nada fora do previsto acontecera até o momento. Zumbis esporadicamente cruzaram nosso caminho mas sempre em números baixos, perambulando sozinhos e sem causar muito perigo a nós e não foi diferente aqui.

Diário de Um SobreviventeWhere stories live. Discover now