05/04/2019

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Tenho feito minha função regularmente nos últimos dias para evitar qualquer suspeita, estive pensando muito sobre aquilo que aconteceu, qual a chance que temos de conseguir acabar com o Comandante? Quantas pessoas será que fazem parte disso? Eu preciso tanto falar com alguém sobre isso mas não posso contatar meu irmão e nem arriscar revelar isto a ninguém. Rayssa disse que outro encontro aconteceria em breve mas desde então não nos falamos e eu mal a vi.

Essa semana eu notei um movimento bem grande de carros das equipes de buscas passando pela cidade e saindo e entrando pelo portão principal mas nada foi dito a nós sobre isso. Eu comentei sobre o assunto com as pessoas da minha equipe de limpeza e elas disseram que vez ou outra isso acontece, principalmente quando uma equipe é atacada ou quando precisam afastar os mordedores das redondezas do muro.

A tarde, após o almoço, eu voltei ao meu quarto e pouco após minha chegada fui surpreendida com batidas a minha porta, uma voz feminina chamou meu nome logo depois, era Rayssa:

- Izabel abra a porta, por favor. Preciso falar com você.

Larguei um livro que tinha nas mãos sobre a cama e caminhei em direção a porta enquanto amarrava meus cabelos com um prendedor de liga.

- Estou indo. – Disse enquanto me dirigia até ela e continuei após abrir a porta. – Pensei que você não viria mais.

- Sabe por que estou aqui? – Ela falou enquanto entrava no quarto.

- É eu acho que sim. – Falei fechando a porta.

- Não é sobre a reunião, eu só preciso que você saiba de algo.

- O quê? O que aconteceu?

- É sobre seu irmão.

Ao ouvir essa frase meu coração quase parou e meu corpo inteiro tremeu, eu gelei. A forma que ela disse aquilo com certeza precedia uma noticia ruim, eu sabia, já ouvi muitas noticiais ruins e sei como as pessoas agem quando precisam repassá-las.

- O que aconteceu com ele? Você disse que ele ficaria fora daquilo pra evitar problemas!

- O que aconteceu não tem nada a ver comigo ou com ninguém daqui...

- E o que foi?! Quem foi?!

- É o que estou tentando te dizer, Izabel. Eu preciso que você se acalme.

- Como eu posso me acalmar?!

Meu temor a esse momento já estava se transformando em raiva e eu comecei a perder o controle sobre mim, eu tremia e gaguejava ao falar, estava inquieta e focava toda atenção que me restava nas falas de Rayssa, no entanto ela mais me enfurecia do que acalmava ao ficar tentando me enrolar. E ao ver que eu estava prestes a explodir ela decidiu por falar de uma vez.

- A equipe do seu irmão foi atacada.

- O quê? Atacada como? Por quem?

- Pelo Frank eu presumo. – Um homem que estava encostado na porta respondeu.

Eu já tinha visto ele antes em outra ocasião, lembrava do seu rosto mas não do seu nome e não fazia a menor idéia de como ele abriu a porta do quarto sem que eu percebesse e só aí notei o quanto estava fora de mim.

- Diego por que você está aqui? – Rayssa falou enquanto eu apenas olhava pro homem e esperava que ele continuasse a falar.

- Olá Rayssa, não se preocupe. Só estou aqui pra cumprir minha função de avisar as pessoas sobre desaparecimento de alguém de sua família. – Ele se voltou pra mim então e continuou. – Preciso que se sente se acalme e ouça com atenção.

Rayssa se aproximou de mim e pôs a mão levemente sobre meu ombro e pegando com a outra mão no meu braço ela me puxou devagar em direção a cama e fez com que eu me sentasse.

- A equipe do seu irmão foi atacada antes de ontem, provavelmente por um cara que vem nos dando problema há um tempo, Frank é o nome dele.

- Meu irmão foi morto? – Falei com a voz tremula e os olhos encharcados de lágrimas.

- Sim, Izabel. Sinto muito.

Diário de Um SobreviventeWhere stories live. Discover now