13/04/2019

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Os dias se sucederam rápido pois nosso trabalho era intenso para preparar tudo da melhor maneira. Limpamos e adaptamos vários setores da fábrica para que todos se acomodassem da melhor forma. Gastamos bastante tempo e energia conferindo as cercas e reforçando boa parte delas. Boa parte do terreno da fábrica era murado então nosso foco ficou direcionado mais às áreas de entrada e saída do local.

Passamos dias carregando e transferindo alimentos, água, roupas, remédios e demais suprimentos dos mais diversos abrigos de Frank para as dependências da fábrica. O que deveria ser um abrigo provisório para as pessoas estava cada vez mais com cara de lar definitivo e isto inflava nossa vontade de efetivar tudo que planejamos.

O trabalho foi árduo e necessário para afastar os pensamentos de incerteza e ansiedade que vez ou outra atentavam minha mente, mas a realização de ver mais do que um plano, um sonho se realizar, era o que mais me motivava.

Saímos de João Pessoa com o intuito de alcançar um lugar melhor, um lugar seguro para todos. Um local onde as crianças pudessem crescer sem o constante medo de serem atacadas a qualquer instante. Um lugar onde pudéssemos dormir seguros, sem um sinal ininterrupto sobre nossas cabeças alertando que a morte espreitava de perto a cada segundo.

Pensei que esse lugar nos seria cedido, que alguém nos receberia de bom grado com peixes e frutas às mãos, com um tapa no ombro e uma mensagem de que enfim conseguimos nos salvar. Mas a realidade é que dependia de nós conquistar e construir este lugar e enfim estávamos prestes a fazer isto.

Uma certa tristeza me afligia por vários de nós não terem sobrevivido o suficiente para desfrutar do nosso sonho, mas era também por eles que se mantinha a minha força de manter a luta, para mostrar que a morte deles não seria de forma alguma em vão.

Igor refez parte do caminho que levava da cidade até a fábrica inúmeras vezes. Demarcou sinais para que todos pudessem seguir mesmo que algo de mal acontecesse com ele ou desse errado no plano. Também deixou algumas armas pelo caminho para que as pessoas combatessem quem quer que fosse que tentasse obstruir sua passagem.

Partes das armas que Frank possuía nos abrigos também foi levada para a fábrica, caso os homens do comandante atentassem contra nós numa última tentativa de vingança poderíamos rechaça-los dali e isto também traria segurança contra os mordedores que eventualmente pudessem aparecer.

Nós também utilizamos o longo tempo que tivemos para revisar as armas, separar as munições e escolher o que melhor seria do nosso uso durante o ataque.

Frank escolheu um bom armamento pesado, um fuzil paraFAL, duas pistolas e uma dose de cano cerrado. Além de algumas bombas de feito moral, gás lacrimogênio e fumaça. Tudo isso equipado num colete balístico, material todo adquirido dos estoques do comandante. Eu sabia que ele não era um cara pra brincadeiras, mas ao vê-lo separar e preparar o equipamento tive certeza de que era alguém que eu não queria contra mim.

Igor optou por um rifle HK PSG1, que já era uma arma que ele estava acostumado a utilizar nos tempos de exército e tinha a precisão necessária que ele precisava. Assim como Frank ele também escolheu uma pistola como arma para um confronto mais próximo e juntou outras armas para distribuir para algumas pessoas que saíssem da cidade, em sua maioria outras pistolas e revolveres.

A maior arma que optei foi o meu arco composto, trazia comigo o desejo de matar o desgraçado do comandante com ele e estava pronto pra fazê-lo assim que tivesse a chance. Para não prejudicar meu deslocamento não optei por outra arma de grande porte e junto comigo levei uma UZI, duas pistolas e uma machadinha presa à bolsa dos explosivos além de algumas granadas como Frank. Precisaríamos delas para cobrir nossa entrada na cidade e aumentar a confusão.

Diário de Um SobreviventeWhere stories live. Discover now