02/01/2019

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Acordei não sei bem quanto tempo depois de Frank ter me deixado na sala de escritório do galpão. Não sei que horas são mas pela escuridão que toma conta do local fica óbvio que já anoiteceu. Tateei a mesa ao meu lado e consegui encontrar os saches repositores que Frank havia mencionado.

Abri um deles antes de me levantar e o consumi enquanto caminhava pela sala tentando encontrar a porta ou algo que pudesse me guiar até ela. Vasculhei as gavetas da mesa a procura de uma lanterna ou isqueiro, mas não obtive êxito.

Fui até o pequeno armário e depois de mexer em quase tudo encontrei um isqueiro junto com um maço de cigarros escondidos sobre o armário. Larguei os cigarros sobre a mesa e acendi o isqueiro para me guiar até a porta e ao chegar lá, para minha surpresa descobri que ela está trancada.

Forcei a maçaneta duas ou três vezes pensando que talvez estivesse emperrada mas a porta nem se mexeu, que droga. Continuei tentando abrir a porta mas por mais que a maçaneta girasse a porta continuava sem abrir, ela de fato estava trancada e só uma pessoa podia ter feito isso.

Não acredito no quanto foi burro por ter acreditado naquele infeliz. Ele realmente deve fazer parte daquele grupo de desgraçados, me enganou e agora me trouxe aqui para ser morto. Deve ter esperado todo esse tempo para saber se eu mantinha contato com mais alguém ou com algum outro grupo de sobreviventes e quando teve certeza que estou só foi chamar os outros para me executarem.

Droga, droga, droga.

Eu estou preso nessa droga de armadilha e pra sobreviver tenho que sair daqui agora. Toda aquela minha tentativa de abrir a porta fez bastante barulho e mesmo assim ninguém veio até a sala, provavelmente Frank deve ter saído para chamá-los e ainda não voltou, e minha chance de escapar é essa.

Me afastei alguns centímetros da porta e voltei com toda força acertando meu ombro direito contra ela e a porta mal se mexeu. Fiz o mesmo movimento mais duas, três, quatro vezes e então ela parece começar a ceder. Afasto-me mais e dessa vez a acerto com um chute, e outro e outro, até que no próximo escorão a porta se abre e eu volto ao galpão.

Respiro fundo para me recuperar do esforço e busco no bolso esquerdo o isqueiro que eu havia encontrado sobre o armário. Enquanto estava com a cabeça abaixada tentando acender o isqueiro ouvi um barulho mais a frente e assim que olhei para frente vi alguém abrir uma porta lateral no galpão e escapar por lá.

Gritei para que a pessoa parasse mas ela não me deu ouvidos e então eu iniciei a corrida atrás dela. A luz do luar que entrava pela porta aberta deixou claro o caminho até lá e eu corri a toda velocidade para alcançar o individuo.

Passei pela porta a toda e segui em direção a frente do galpão. A lua estava cheia no céu o que me ajuda a enxergar o caminho a minha frente mesmo sendo noite, e mais adiante um pouco eu posso ver a pessoa correndo tentando me despistar.

Ela atravessou a rua à frente do galpão e eu a segui de mais perto que consigo. A pessoa estava de touca e roupas longas e escuras, eu ainda não conseguia distinguir quem pudesse ser, mas ao atravessar pude ver melhor sua silhueta e pelo porte físico muito provavelmente é um homem, e ele é bem rápido.

Do outro lado da rua existem mais galpões e o homem passou correndo por um espaço entre eles que dava de encontro à próxima rua. O homem ao ver que eu continuava o seguindo parou e derrubou uma pilha de galões de metal que estava logo ao lado da entrada de um dos galpões, assim atrapalhando minha passagem.

Além dos galões obstruírem a passagem, o barulho que fizeram ao cair atraiu a atenção de todos os zumbis que estavam por perto os direcionando exatamente para mim.

Diário de Um SobreviventeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora