10/12/2018

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Caminhamos a noite inteira e alcançamos uma rodovia um pouco antes do amanhecer, seguimos paralelamente a ela por mais algum tempo e nos deparamos com um posto médico-militar abandonado. Vários desses postos foram montados perto das grandes metrópoles antes das coisas saírem totalmente do controle, eles serviam para guiar e auxiliar as pessoas e posteriormente, com o avanço da infecção, passaram a servir de quarentena para o ingresso nas grandes cidades.

Meu irmão havia recebido um memorando sobre estes postos porém nunca chegou a atuar em um, a maior parte deles nunca sequer deve ter entrado em funcionamento. Então demos sorte em encontrar este e eu sei que há coisas neles que podemos usar e espero que haja também o que estamos procurando.

Circulamos a instalação antes de vasculhar mais detalhadamente, o posto não é muito avançado, conta apenas com alguns barracões e dois containers e após uma breve conferida nós saímos das margens da rodovia e fomos em direção ao que interessa.

Claramente o lugar já havia sido saqueado inúmeras vezes antes, na verdade quando ele foi abandonado já não devia contar com tantos materiais assim e as pessoas que passaram por aqui antes de nós não pouparam esforços em levar tudo o que podiam.

A maioria das caixas e kits médicos estavam vazios e muitos dos materiais que foram deixados pra trás já não tinham mais condição de uso. Mesmo assim ainda conseguimos algumas talas para imobilização, ataduras e água destilada, porém nada dos antiinflamatórios que Dayse queria.

Estes postos normalmente são colocados um pouco antes de alguma cidade, então se continuarmos seguindo caminho logo nos depararemos com um posto mais avançado a frente. Se essa unidade básica está aqui é bem provável que a avançada também tenha entrado em funcionamento e com certeza teremos mais chances de encontrar algo nela.

Continuamos caminhando as margens da estrada para evitar sermos notadas facilmente e pouco menos de uma hora depois de sairmos do posto móvel chegamos à unidade avançada instalada na entrada de uma cidade.

Este posto é bem maior que o primeiro, havia pelo menos 8 containers e 6 barracões além de alguns jipes militares e duas unidades de socorro móvel. O lugar parecia vazio então não perdemos tempo e vasculhamos tudo que podíamos para encontrar os materiais da lista.

Alessandra ficou com os barracões enquanto eu decidi olhar os veículos primeiro e na segunda ambulância em que procurei encontrei três ampolas de floxicam num kit médico embaixo da maca. Não acreditei na sorte que tive em achar aquilo e mal podia conter minha felicidade que infelizmente não durou muito.

Logo depois de ter aquelas ampolas em minhas mãos e guardá-las na bolsa, ouvi Alessandra gritar por mim. Saí em disparada pela porta traseira da ambulância e já desci do carro com a arma em punho, não via onde Alessandra estava mas seus gritos vinham na direção dos containers.

Corri o mais rápido que pude e assim que contornei o primeiro container dei de cara com um mordedor. Eu vinha rápido de mais para parar e esbarrei nele com tudo o arremessando para trás com eu caindo na direção oposta. Me levantei o mais rápido que pude e antes de estar totalmente de pé disparei na cabeça dele e de outro mordedor que vinha ao seu lado, olhei para os lados em busca de Alessandra e vi que mais vários deles vinham pela minha frente.

- IZABEL SAI DAQUI! – ouvi Alessandra gritar e pude vê-la em cima de um carro a minha esquerda.

Vários mordedores estavam em seu encalço e até agora nenhum deles tinha conseguido pegá-la mas não demoraria até que um ou mais conseguissem chegar até ela.

Disparei mais uma vez em direção aos zumbis que vinham a minha frente e voltei minhas atenções aos que tentavam alcançar Alessandra. Atirei uma, duas, três vezes e consegui acertar dois deles.

- Sai do carro! Sai logo daí! – Gritei.

Um zumbi já estava a subir pelo capô e eu disparei mais uma vez conseguindo acertá-lo e ela pulou por cima do seu corpo e caiu no chão um pouco a frente do carro. Consegui chegar até ela antes dos mordedores e a ajudei a se levantar e correr.

- O que aconteceu com sua arma? – Perguntei enquanto a levantava.

- Esse lixo de arma travou e não quis disparar de jeito nenhum.

- Droga! Não importa temos que sair logo daqui. - Já estávamos correndo a essa hora e por sorte o caminho a nossa frente estava livre.

Disparei mais algumas vezes para trás depois que vi que Alessandra conseguia correr sozinha mas não era nem de longe o suficiente para acabar com a ameaça. Eram muitos zumbis e aqueles disparos não fariam muito efeito em diminuir a quantidade, não sei como apareceram tantos assim do nada sem que percebêssemos.

Continuamos correndo até sair da estrada e seguimos pelo mato. Nenhuma de nós estava machucada então depois do susto do primeiro momento não foi difícil continuar até se afastar bem daquelas coisas.

- Desculpe-me Izabel não foi por querer.

- O que aconteceu lá, Alessandra?

Ela engoliu a seco e ofegou um pouco antes de responder

- Tinham os containers... A droga dos containers.

- Eu sei...

- Eu dei uma olhada nas barracas mas achei que teria mais chances de encontrar algo nos containers, então fui até um deles. Mas assim que cheguei perto à porta de um deles se abriu e vários zumbis saíram de dentro dele, foi tudo muito rápido...

Ela parou um pouco pra respirar novamente e continuou;

- Eu pensei em tentar segurar a porta mas não daria então eu corri. Saquei a arma mas esse lixo velho travou do nada e a única coisa que podia fazer foi correr e pedir sua ajuda.

- Está tudo bem... Tudo bem. Deu tudo certo.

- Não, não deu. Os remédios pro seu irmão...

- Está tudo bem. – Abri o bolso da mochila e mostrei as ampolas a ela. – Tá tudo aqui.

- Oh! Graças a Deus.

- Vamos voltar agora, temos um longo caminho de volta para percorrer.

Diário de Um SobreviventeWhere stories live. Discover now