26/10/2018

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São 06h10m e acordei há poucos minutos. Nós vamos sair daqui a algumas horas em direção a cidade de Condado. Marcelo decidiu continuar aqui e esperar por um resgate do governo, que eu imagino que nunca virá. As pessoas começam a organizar as coisas e se aprontarem para a saída e Marcelo nos deu centenas de enlatados que ainda estavam intactos no deposito,além de unas barracas e colchões infláveis.

São 09h e antes de sairmos André e Amanda foram até Wendell pedir para vim conosco e aceitamos o pedido. Eles vão viajar no ônibus junto com os outros e espero que eles não nos tragam problemas, eu falei mais uma vez com Marcelo, mas de nada adiantou.

Eu não consegui convencê-lo a se juntar a nós, então deixei um rádio para que ele possa se comunicar conosco caso mude de idéia nos próximos dias.

Chegamos a Condado a mais ou menos meia hora e como Marcelo havia previsto a cidade está completamente vazia. O grupo todo saiu para vasculhar a cidade e pegar a gasolina dos carros abandonados nas ruas e garagens.

Nós limpamos as casas numa rua no centro da cidade. Há algumas lojas aqui, mas pouca coisa útil dentro delas. Rodrigo achou um jornal com a noticia sobre a resistência em Patos e nele havia uma lista com as cidades que foram evacuadas, resumindo, a próxima cidade que pode haver alguma coisa é São Bento na divisa com o Rio Grande do Norte. Rodrigo levou o jornal para que os outros vejam e eu só estou esperando Wendell me chamar para mais uma reunião. E como eu disse Heloíse veio agora falar que Edinho quer falar comigo.

São 13h20m e acabei de voltar da conversa com Wendell e os outros. Nós decidimos que a melhor decisão é ir pra lá, mesmo sabendo que é bem provável que a cidade esteja completamente tomada pelos zumbis. Mas antes disso nós vamos para um açude ao lado dessa cidade para tomar um belo banho e aproveitar o restante do dia e do tempo longe dos zumbis.

São 16h40m e voltamos a pouco tempo do açude. Eu fiquei numa casa grande, de dois andares, em frente a uma loja de informática de onde eu peguei algumas baterias para as lanternas e rádios. Eu estou no segundo andar, num quarto próximo a varanda e vou dormir aqui com Izabel. A casa é bonita, paredes azuis, teto de gesso e o chão todo em cerâmica branca que está repleta de poeira. A cama é de casal e tem um belo espelho na cabeceira, ao lado da cama tem um criado mudo com alguns papeis e um porta-retrato com a foto de um casal com um garoto que eu presumo ser o filho deles.

Eu costumo pensar muito sobre quem eram essas coisas antes de estarem assim, como eram as pessoas, suas famílias, sua personalidade, seu emprego e sempre acabo pensando em uma forma de não deixar que a minha família se torne uma dessas coisas sem passado e sem futuro.

27/10/2018

São 08h e acordei há alguns minutos. Estou escrevendo em cima do criado mudo, com o porta-retrato ao meu lado e Izabel que ainda está dormindo no outro. À noite com ela novamente foi perfeita, eu não era um cara que se apegava muito as namoradas, mas essa paixão por Izabel é diferente. Eu me preocupo com ela, me preocupo mais com ela do que comigo mesmo e acho que um dia essa paixão ainda acabará me matando, mas eu não quero pensar nisso.

Eu quero correr, mas ao mesmo tempo me sinto bem e desejo ficar aqui, parado ao lado da cama, apenas olhando ela dormir e vendo o quanto ela é perfeita, mas eu tive uma idéia, melhor chamá-la para correr comigo.

São 10h e acabei de voltar com Izabel do açude. Nós corremos por um bom tempo e ela me surpreendeu com tanto fôlego, me acompanhou de perto por boa parte do percurso, que terminou no açude. O dia está bonito, com um sol forte e poucas nuvens no céu. As pessoas estão andando pela cidade e está um clima agradável. Eu não sei, mas acho difícil nós sairmos daqui hoje, provavelmente só iremos para São Bento amanhã.

Igor falou comigo e como eu pensava só sairemos amanhã. Eu vou aproveitar essa folga pra dar uma geral nas minhas armas e aprontar tudo pra amanhã. Eu espero que as coisas saiam bem amanhã, sei que a probabilidade dos zumbis terem dominado a cidade é bem grande, mas precisamos arriscar.

As dores que a minha mãe estava sentido amenizaram e ela não se queixa mais, espero que a dor tenha sumido de forma permanente. A gravidez de Jéssica continua super tranqüila e a barriga dela já está grande, tem até gente dizendo que ela está esperando gêmeos. Bom, pode até ser, mas esperamos que não, se o parto de um bebe já será difícil, imagina o de dois.

São 16h e depois que terminei de almoçar fui ensinar Matheus a dirigir. Patrícia ficou e ainda está com raiva de mim, mas eu não agüentava mais ver o garoto babando para dirigir um carro. Levei-o até um descampado aos arredores da cidade e até que ele se saiu bem, estancou o carro inúmeras vezes até conseguir sair, mas não foi tão ruim depois que pegou o jeito .Ele não se tornou nenhum Ken Block, mas já pegou algumas noções básicas sobre direção.

Os preparativos para o continuo da viagem já começaram e sairemos amanhã logo cedo. Nós acamparemos ao redor da cidade e um grupo formado por mim, Igor, Edinho, Wendell, Carlos, Rodrigo e Mauricio vasculhará a cidade. Eu não estou muito confiante em achar alguma resistência por lá, mas se não formos nunca teremos certeza.


Diário de Um SobreviventeWhere stories live. Discover now