Diário de Um Sobrevivente

05/11/2018

São 06h e eu acordei quase agora. Eu não sei quanto aos outros mais dormir no carro essa noite. Olhando daqui de dentro só estou vendo três pessoas lá fora e uma delas é o Castilho, acho que vou lá falar com ele.

Eu falei com ele mais o garoto não ta muito pra conversa. Eu queria saber onde a mãe dela está e realmente poder ajudá-lo, mas infelizmente não sei como fazer isso sem arriscar a minha vida e a de todos do grupo.

Vou esperar Wendell e os outros acordarem e decidir logo para onde ir, ainda acho que o grupo que atacou aquele acampamento pode está em uma dessas cidadezinhas por aqui perto.

São 07h15m e Edinho já acordou e eu comecei a olhar o mapa com ele, pelo jeito vamos até a cidade de Pedro II no Piauí, a viagem é um pouco longa, mas é melhor não arriscarmos parar em uma dessas cidades pequenas por aqui.

São 08h22m e Wendell já olhou e concordou com o destino que eu e Edinho decidimos, nós vamos comer e daqui a uma hora seguiremos viagem.

São 14h e chegamos agora a Pedro II. Vamos ficar nos arredores da cidade e assim como em Crateús não faremos nenhuma incursão. É melhor riscar todas as probabilidades de nos encontrarmos com aquele grupo.

Passei um tempo com Izabel e tirei o dia pra ficar com a minha família. Conversei com minha mãe e já fazia tempo que por incrível que pareça mal tinha tempo pra fazer isso e muito menos cabeça. Ela já está melhor e ainda tenta esquecer o que aconteceu com sua gravidez.

Eu ainda estou preocupado com a possibilidade de nos depararmos com aquele grupo, me sinto impotente toda vez que penso nisso e rezo para que não aconteça.

Esse dia livre me fez relembrar da minha antiga vida e eu definitivamente odeio isso. Pensar que todos os meus amigos estão mortos, que tudo aquilo pelo qual lutei na vida teve um fim é uma sensação indescritível.

São 15h37m e acabei de limpar as minhas armas e a doze de Edinho, por falar dele, ele me disse que Jennifer se deu muito bem com Heloisa e Tainá. Estou feliz por isso com certeza essa amizade com as meninas vai fazer com que ela esqueça o que passou naquele acampamento e alivie a pressão dessa vida.

Agora eu me preocupo com o seu irmão, ele está afastado, não conversa com ninguém e sempre que eu o vejo ele está sentado em algum lugar olhando para o vazio. Não sei se ele já conversou com Matheus, mas vou tentar fazer com que eles se aproximem um pouco.

Eu falei com Matheus e ele me disse que já tentou falar com o Castilho, mas não teve resposta, fiquei sem palavras e acabei abandonando minha idéia. Acho que é melhor dar mais um tempo. Quero ver se os antigos ditados servem para esse novo mundo.

São 16h27m e começou a ficar frio, o dia não foi tão quente e parece que a noite vai ser bem fria. Acho que o grupo de vigia já vai ser dividido e daqui a pouco vou procurar saber quem serão os responsáveis pela nossa boa noite hoje.

O grupo de vigia hoje será formado por Wagner, Patrícia, Carlos, Alessandra e Reginaldo. Já estamos armando as barracas e aprontando tudo para a noite, só está faltando alguns tocos para a fogueira, mas já estou indo arrumar isso.

São 17h40m e já está escuro e algumas pessoas já jantaram. Vou falar com Izabel e passar mais um tempo com ela. Depois quero falar com Edinho saber para onde iremos agora e até quando vamos continuar fazendo isto.

06/11/2018

São 07h35m e eu me esqueci de falar com Edinho ontem. Eu vim ficar com Izabel e estou aqui com ela até agora. Izabel ainda está dormindo e acho que Edinho também não acordou, vou passar mais um tempo aqui e depois vou falar com ele.

São 08h13m e vieram me acordar, parece que o Castilho sumiu.

É ele não está no ônibus e em nenhuma das barracas ou carros. Eu não o vejo desde ontem à tarde e não faço a menor idéia de onde ele está.

Nós montamos um grupo para procurá-lo, vamos vasculhar pelos arredores do acampamento e espero que encontremos logo ele.

São 11h e eu encontrei o moleque. Fui com Izabel e saímos antes dos outros, procuramos por cerca de trinta minutos e encontramos o garoto num poço abandonado a mais ou menos 1 km do acampamento.

Ele estava assustado e disse que estava lá desde ontem à noite. Eu não contei a ninguém e pedi para Izabel fazer o mesmo, mas tinha um zumbi no poço junto com ele. O zumbi estava morto e eu pensei que ele já estava lá quando o Castilho caiu.

Só que ele me contou que não foi bem assim. Ele disse que saiu ontem à tarde, falou que queria arejar um pouco a cabeça, só que ele andou mais do que esperava e escureceu antes que ele conseguisse voltar. Ele acabou se perdendo e enquanto tentava voltar para o acampamento acabou caindo naquele poço.

Ele pensou que estava próximo ao acampamento e então começou a gritar por ajuda, mas só que não fomos nós que ouvimos os gritos dele. Alguns minutos depois dele começar a pedir socorro um zumbi apareceu e caiu no poço ao tentar pega-lo.

Perguntei se o zumbi o mordeu, mas ele disse que o zumbi quebrou o pescoço na queda. Espero que seja verdade, mas se for mentira acho que iremos descobrir logo. Minha mãe e Alessandra estão dando uma olhada nele, parece que ele machucou feio o braço na queda, espero que não seja muito grave.

Com toda essa confusão acabamos por demorar na escolha do nosso novo destino, mas já demos uma olhada no mapa e decidimos ir até a cidade de Piripiri.

São 14h20m e chegamos a pouco em Piripiri, estamos nos arredores da cidade e ainda não foi decidido se vamos ou não fazer uma incursão aqui. Eu na verdade tenho outra idéia, um amigo me disse uma vez que tem uma cachoeira muito bonita a alguns quilômetros da cidade, eu não sei se vou conseguir acha - lá, mas pretendo ir até lá com Izabel.

São 14h47m e eu perguntei a Wagner sobre a cachoeira, eu não fui muito confiante, mas pra minha sorte ele sabe onde fica. Ele me ensinou o caminho só que não me aconselhou sair daqui a essa hora, o caminho até lá não é tão curto e possa ser que escureça antes que eu consiga voltar. Então decidi por adiar pra amanhã essa surpresa.

Além disso, ficou decidido que não faremos uma incursão nessa cidade, não estamos precisando de nada e não há necessidade de correr mais riscos desnecessários. Parece que há um açude perto daqui, não sei se é verdade eu que ouvi Wagner comentando com Wendell, mas pra mim não faz diferença, eu sei bem pra onde quero ir amanhã e não é pra esse açude.