30/03/2018

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Voltamos para o galpão para esperar por Frank e também porque eu não queria deixar Wallace tanto tempo sem cuidados. Frank demorou mais do que pensei e acabou por voltar apenas já após o pôr do sol e felizmente trazendo boas notícias.

Além de ter encontrado outro carro no caminho ele o trouxe de volta com alguns bons quilos de dinamite no porta malas, quantidade suficiente para fazer tudo aquilo que eu e Vitor havíamos pensado.

Passamos para Frank tudo aquilo que tínhamos planejado na sua ausência e ele concordou conosco. E também sugeriu mais um ponto, lotar o baú do caminhão com mais mordedores, assim conseguiríamos de cara por uma grande quantidade de zumbis dentro da cidade de forma quase instantânea. Agora com o que precisávamos em mãos, Frank só precisaria preparar os explosivos e então ai sim seguiríamos caminho.

Frank dividiu as bombas em módulos e todas estariam interligadas para explodirem ao mesmo tempo, menos as que ele deixou separadas para abrir as brechas no muro que seria usado para a entrada dos zumbis de um lado e a fuga dos habitantes da cidade do outro. Essas teriam que explodir depois e seriam feitas manualmente por mim e Vitor, que ficou com a responsabilidade de guiar todos até o abrigo seguro apontado por Frank desde o nosso último encontro com Diego.

Botamos os explosivos em mochilas e dividimos entre nós. Eu fiquei responsável pela explosão do lado oeste da cidade e levaria junto comigo boa parte dos zumbis, talvez metade deles ou um pouco menos. Outra parte das bombas estaria no caminhão, que seria guiado por Frank na maior parte do caminho e assumido por Wallace próximo da reta final. O caminhão era um ataque kamikaze, sem dúvida alguma, e eu admito ser de fato sórdido colocar Wallace nessa posição, mas de nós ele era o único que não tinha escolha do que fazer. Não havia como ele ajudar de outra maneira e as chances dele sobreviver de qualquer maneira seriam mínimas, de alguma forma eu ainda me reconfortava com o fato de assim ser a única opção que eu poderia dá-lo para se vingar.

A última parte dos explosivos ficaria a cargo de Vitor, ele os usaria para abrir a passagem para a fuga das pessoas depois que a cidade caísse. E assim se concluía nosso plano de entrada. Lá dentro caberia a mim e a Frank darmos fim aos nossos demônios. E em meio a tudo isso um dos meus maiores desejos é apenas alcançar o Comandante antes que os zumbis o façam.

Com os explosivos separados e o plano repassado passamos aos carros. Frank ficaria com o caminhão, onde colocamos Wallace junto, ele não estava tão bem, mas após cessarmos os analgésicos ele progressivamente ficava um pouco mais lúcido. Eu e Vitor ficamos com os outros dois carros, mas a priori todos nós partiríamos juntos até alcançarmos os galpões.

Fizemos isso pois precisávamos de todas as mãos para lotar o baú do caminhão com os zumbis, o que mesmo assim seria algo um tanto trabalhoso e perigoso de se fazer.

Depois disso seguiríamos caminho com Frank e Wallace na frente com o caminhão enquanto eu e Vitor iriamos guiando e atraindo os zumbis pra direção da cidade. Seguiríamos em marcha lenta tentando ao máximo evitar que a horda se dispersasse, até o ponto onde realmente precisaríamos dividi-los. E então uns iriam atrás do caminhão e os outros atrás de mim. Nesta parte o risco seria bem maior porque teríamos que lidar não só com nossos zumbis, assim como também, com todos os outros que infestam os arredores da cidade, sem poder errar.

Saímos do galpão em comboio e partimos direto pro outro galpão mais próximo, onde estavam os zumbis. Um único galpão já era o suficiente para encher o caminhão, até porque só teríamos a chance de fazer isto uma única vez.

Frank posicionou o caminhão com o baú bem próximo a entrada e eu e Vitor baixamos a rampa de acesso à traseira. A porta lateral da caçamba ficou aberta para que pudéssemos sair lá de dentro assim que os zumbis começassem a entrar, e após os zumbis se amontoarem só precisaríamos correr para fechar as portas laterais e traseiras. Como o baú do nosso caminhão era totalmente separado da cabine não teríamos problemas após contê-los a primeira vez.

Tomamos posição e tudo estava pronto pra começarmos a transferir os zumbis do galpão para o baú. Eu estava dentro do galpão e serviria de isca para atrair os zumbis para lá, já Frank e Vitor estavam bem a minha frente, prestes a abrir as portas do galpão e esperarem para fechar as portas traseiras do caminhão assim que o ultimo mordedor entrasse.

Quando eu já estava prestes a dar o sinal de pronto ouvimos algo se aproximar, um carro mais precisamente. Todos nós ouvimos mas Vitor foi o primeiro a ver e identifica-lo como um carro do grupo de buscas. O automóvel vinha a nossa esquerda e Vitor rapidamente falou para que Frank se escondesse junto comigo no baú.

Frank pulou para cima enquanto Vitor fechava as portas traseiras e eu corri para fechar a porta lateral. Fomos pegos desprevenidos e comigo ali só carregava apenas a pistola e Frank trazia outra consigo, por isso não entramos em confronto direto. Sem contar que o estardalhaço agitaria os zumbis e dificultaria ainda mais nossa vida.

Além de que, até onde os homens do comandante sabiam, tudo estava correndo dentro dos conformes. Provavelmente achavam que aquele galpão era o que estava abarrotado de suprimentos e jamais esperariam que Vitor fosse de fato um infiltrado.

Eu e Frank aguardamos de ouvidos atentos tentando escutar tudo que acontecesse do lado de fora, e logo que o carro chegou, Vitor tentou ser o mais convincente o possível

- E aí Vitor, por que as moças estão demorando tanto com essa carga? – Um homem falou logo após a chegada do carro.

- Demoramos um pouco para carregar apenas, você não sabe o tanto de coisa que tem aqui. – Vitor disse dando unas leves pancadas na lataria do baú.

- E os outros onde estão?

- Lá atrás organizando as últimas caixas.

- Beleza. Mande-os virem aqui então, vamos escoltar vocês.

- Ah cara, manda um dos seus, eu vou ligar meu caminhão.

- Como é? Acha que por que é de outro grupo não tenho autoridade sobre você? – O homem que parecia ser o chefe dos outros se irritou com Vitor. – Um de vocês vai lá atrás enquanto eu dou um jeito nesse merda.

Ouvimos os passos de alguém se aproximando da traseira do caminhão, então eu e Frank nos adiantamos à situação. Eu fiquei a postos na porta traseira, esperando que o desgraçado que viria enquanto Frank abria cuidadosamente a porta lateral sem fazer barulho. Depois de eu derrubar o primeiro deles que se aproximava, Frank desceria pela lateral e eu por trás e dando a volta no caminhão pegaríamos os outros que sobraram ao mesmo tempo.

Estávamos posicionados, apenas esperando a porta ser aberta mas quando isso aconteceu eu não pude atirar, eu não pude acreditar no que vi e o homem que abriu a porta parecia tão incrédulo quanto eu.

Pus o dedo em frente à boca sinalizando para que ele fizesse silêncio e depois fiz um gesto para que subisse. Após ter dado um passo para trás, ele subiu incrédulo no que vira. Nos olhamos fixamente mas sem falar uma única palavra, Frank continuou parado em frente a porta lateral olhando para nós sem entender o que se passava.

- Fica aí. – Falei para o homem praticamente movendo apenas os lábios. E acenei positivamente para Frank indicando que deveríamos continuar com o resto do plano.

Eu e Frank descemos sem fazer barulho e sorrateiramente demos a volta no caminhão, um de cada lado e subitamente aparecemos à dianteira, surpreendo simultaneamente os dois homens.

Um estava prestes a subir pela porta do passageiro do caminhão, este foi o que Frank abateu e eu ataquei o outro que estava distraído bem à frente da cabine. Sem nem que eles pudessem esboçar reação os abatemos com um único tiro cada diretamente na cabeça.

Após os disparos e sem mais precisar estar em silêncio Frank falou.

- Quem é aquele cara lá atrás? O que está acontecendo?

- Do que vocês estão falando? – Vitor perguntou de dentro da cabine.

Antes que eu pudesse responder o homem veio caminhando pela lateral do caminhão.

- Jotah? – Falou assim que chegou próximo à porta do lado do motorista do caminhão.

Diário de Um SobreviventeWhere stories live. Discover now