18/12/2018(Continuação III)

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- Temos que ir AGORA! – Gritei e me voltei para levantar Edinho.

O torniquete já estava pronto e Barbara e Felipe já tinham removido quase que por completamente as estacas e era o suficiente para irmos embora. Devolvi a arma a Barbara e pus Edinho nas costas, mandei Felipe ir à frente para trazer o carro para mais próximo de nós e apertei o passo para sair daquele inferno o mais rápido que podia.

Felipe correu a frente como pedi enquanto Barbara ficou mais atrás de mim me dando cobertura com a pistola. Todos agiram muito bem, Barbara nos manteve fora do alcance dos zumbis e Felipe foi rápido com o carro, assim que chegamos próximo a estrada ele já estava a postos para nos tirar de lá.

Barbara me ajudou a colocar Edinho no banco de trás, onde eu fiquei com ele, e Barbara foi para o banco da frente com Felipe ao volante. Arrancamos dali assim que as portas do carro foram fechadas. Agora em segurança mas longe de podermos relaxar.

Me virei no banco de trás para olhar pelo vidro traseiro do carro e observar enquanto nos distanciávamos daquele maldito lugar. Os primeiros zumbis começaram a alcançar a estrada quando já estávamos longe o suficiente para eles não serem uma ameaça para nós.

Minha primeira sensação foi de alivio por todos nós termos escapados daquela armadilha infernal, mas não foi uma sensação que demorou muito, pois logo depois de respirar algumas vezes a realidade da situação começou a se desenrolar na minha cabeça.

Era o carro de Kleber que estava abandonado lá no meio do nada, e todas aquelas armadilhas? Será que foram feitas pelo nosso grupo ou feitas para pegá-los? Há quanto tempo foram embora dali? E pra onde foram? Minha preocupação sobre eles só fez aumentar depois disso.

E pra tudo ficar ainda pior Edinho foi ferido e eu ainda não sei quão gravemente. O torniquete feito por Barbara está se mostrando eficiente e o sangramento reduziu bastante mas o estado da sua perna está horrível. Ele não chegou a perder a consciência mas está bem fraco e debilitado e sua expressão de dor só fica cada vez mais forte.

Barbara queria parar pra atender Edinho apenas quando encontrássemos um lugar minimamente adequado e seguro, mas como a situação dele parecia piorar a cada minuto ela resolveu que não podíamos mais esperar. Estávamos numa estrada no meio do nada e sabe-se lá quando encontraríamos um lugar adequado, Edinho não podia esperar.

Felipe encostou o carro a mando de Barbara que logo desceu para abrir a porta de trás, do lado em que Edinho estava, mas Felipe ficou de me ajudar a retirá-lo e Barbara foi para o porta-malas pegar um colchonete onde colocaríamos Edinho. Foi mais difícil tirar Edinho do carro do que colocá-lo lá e após um pouco de trabalho conseguimos deixá-lo em cima do colchonete como Barbara pediu.

Barbara já estava preparada com alguns medicamentos e instrumentos do kit de primeiros socorros. A primeira atitude dela foi rasgar a calça de Edinho na parte em que sua perna havia sido atingida. Toda região abaixo do joelho dele estava com perfurações e cortes profundos. Os ferimentos além de graves, ainda por cima estavam completamente sujos de areia e lama.

Edinho não havia falado nada desde que o tiramos de lá e continuou assim enquanto cuidávamos dele. Barbara jogou água oxigenada sobre os machucados de Edinho e passou algodões úmidos com álcool em cima para limpar a região enquanto Edinho se estrebuchava de dor.

Eu apertei sua mão e tentava acalmá-lo, mas a situação não era fácil. Barbara fez de tudo para acabar com aquilo o mais rápido o possível e diminuir a dor que Edinho sentia mas ele acabou desmaiando no meio do processo, talvez pra ele até tenha sido melhor assim.

- Barbara! – Falei chamando sua atenção para que ela visse que Edinho desmaiou.

- Está tudo bem. Foi um ferimento muito traumático, ele perdeu sangue e está sentindo muita dor, já esperava que fosse desmaiar.

- Isso é muito ruim? – Felipe perguntou.

- O ferimento está ruim, o desmaio foi só uma conseqüência. – Barbara respondeu enquanto punha gases sobre alguns dos machucados.

- Temos o suficiente para cuidar dele? – Perguntei.

- Eu já limpei o máximo que pude das feridas para evitar infecção e ainda tenho alguns daqueles antibióticos que você tomou por conta da orelha.

- É o suficiente? – Insisti.

- O ideal seria passar por uma cirurgia, suturar todos os pontos e... Sabe? Não temos condições pra isso. Mas o que estou fazendo aqui já é o suficiente para mantê-lo estável, só precisamos ter cuidado com as infecções.

- Ele vai ficar bem. – Felipe disse tocando meu ombro.

- Já podemos ir. – Barbara disse pondo de voltar as coisas dentro do kit.

- Me ajuda a por ele no carro. – Falei a Felipe enquanto Barbara colocava o resto das coisas no porta-malas.

Edinho ainda permanecia desacordado quando o colocamos dentro do carro e apesar de Barbara ter dito que isso não era preocupante, eu não conseguia não me preocupar. Felipe voltou ao volante e só esperávamos Barbara voltar ao carro para irmos embora, mas ela não voltou pro banco do passageiro como eu esperava.

Ela voltou a abrir a porta traseira do lado em que Edinho estava e disse ter encontrado uma injeção de antibióticos que seria mais efetiva que os comprimidos e que era melhor administrar logo a medicação para diminuir os ricos de infecção.

Barbara cortou novamente parte da roupa de Edinho, dessa vez parte da jaqueta e camisa, para expor a pele à seringa. Enquanto Barbara dava a injeção no braço de Edinho eu puxei parte da jaqueta que Barbara havia cortado e com isso acabei expondo mais um ferimento que Edinho tinha, dessa vez na parte superior frontal do ombro, próximo a clavícula.

Olhei mais de perto aquele machucado e passei a mão pela região. - Não pode ser Edinho, não. Você não. – pensei.

- Jotah o que é isso? – Barbara perguntou em relação ao ferimento.

- Nada. – Falei cobrindoa região novamente. – Deve ser um machucado antigo que abriu.

Diário de Um SobreviventeWhere stories live. Discover now