24/12/2018

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Estamos andando há três dias e mal cobrimos o espaço que levaríamos apenas 6 horas para fazer de carro. É difícil progredir a pé, sempre precisamos andar com calma e prestando atenção em tudo, além de cansarmos com todo esse peso das mochilas e ainda o sol nos castigando nas horas de pico.

Sem contar que sempre precisamos desviar o caminho por conta de um ou outro bando de zumbis que aparece vez ou outra vagando pelas ruas. É muito mais lento e perigoso seguir a pé mas infelizmente não achamos nenhum carro que funcionasse.

Na verdade nesses três dias passamos mais tempo nos escondendo em casas, prédios e lojas do que andando de fato. Essa cidade onde estamos não é tão pequena quanto achávamos e estamos meio perdidos nela. Gastamos a maior parte do tempo a procura de um carro e sem ter sucesso nessa busca fica complicado seguir caminho para longe daqui.

É bem complicado simplesmente decidir cair na estrada sem um veículo, estamos sem opção aqui e acabamos apenas gastando tempo sem conseguir progresso nenhum. Eu sinceramente não sei o que fazer agora, sinceramente estou completamente perdido.

Barbara é forte mas ela também nunca esteve numa situação como essa. Ela até tinha seu papel de liderança no seu grupo do prédio, mas lá ela tinha um lugar controlável. Quando se juntou a nós e saímos de lá ela continuou mostrando sua força, mas tanto ela como eu tínhamos em quem nos apoiar, mas agora? Somos dois perdidos largados a própria sorte no mundo.

Estamos escondidos novamente, esperando que uma horda de zumbis que estava a nossa frente nessa rua se disperse. Dessa vez acabamos numa casa de ração para animais, precisávamos nos abrigar no primeiro lugar que pareceu pois não podíamos sermos vistos pelos zumbis, senão aí sim nossa situação ficaria complicada.

Está um saco continuar seguindo caminho desse jeito, eu não agüento mais essa palhaçada. Barbara sabe como eu estou e sabe que odeio conversar quando estou assim, mas vez ou outra ela ainda tenta me fazer falar.

- Bem que essa poderia ser uma loja repleta de doces ao invés de ração. – Barbara disse tentando puxar conversa.

- Eu preferia que fosse uma loja de armas, ou uma concessionária. – Respondi num tom seco.

- Eu ainda fico com os doces, pelo menos eles melhorariam seu humor. – Barbara disse provocante.

- Eu não preciso de doces, não estou de TPM. – Mantive o tom rude.

- Tem certeza?

Não respondi a provocação, apenas olhei pra ela com cara de poucos amigos.

- Até quando você vai ficar agindo assim? – Barbara falou se levantando de uma pilha de sacos de ração onde estava sentada. – Você não percebe que só está deixando a situação pior do que ela já é?

- E o que você quer que eu faça?

- Que você pare de agir feito um moleque. Onde está aquele cara que eu vi arriscar tudo para salvar o tio? Que lutou contra o Adônis? Que pôs em prática os planos mais malucos e ousados que eu já vi? Que estava disposto a enfrentar o mundo inteiro se fosse necessário para alcançar o que queria?

- E o que foi que ganhei com isso? Só você não percebe que tudo que fiz para tentar melhorar as coisas só fez tudo piorar no fim das contas?

- N... – Barbara tentou responder mas eu a interrompi.

- Olha só onde estamos. Olha no que tudo isso deu.

Assim que terminei a frase nossa conversa se encerrou, mas não por conta do que eu falei e sim por conta do que ouvimos. Um som alto mas um pouco distante roubou nossa atenção e aquilo era inconfundível: Um carro.

Diário de Um SobreviventeHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin