Diário de Um Sobrevivente

30/10/2018

São 09h e acordei bem tarde hoje, na verdade eu fui acordado. Edinho veio me chamar para mais uma reunião, nós decidimos ir parra a cidade de Catolé do Rocha. A cidade tem o porte de São bento e vamos tentar a sorte ainda hoje por lá.

Chegamos a Catolé do Rocha por volta das 12h30m e um grupo já partiu direto para vasculhar a cidade, eu, Wendell, Igor, Carlos e Edinho. Mais uma vez encontramos uma cidade repleta de zumbis. Não precisamos de muito tempo por lá para ver que não há nada de proveitoso por lá.

Estamos acampados a alguns quilômetros da cidade, pelo jeito as cidades ao redor estão do mesmo jeito, então achamos melhor poupar gasolina e descansar um pouco. Vamos decidir mais tarde para onde ir, mas pra maioria do grupo o novo destino não tem importância, porque sempre o desfecho se torna o mesmo.

01/11/2018

E os maus acontecimentos voltam a atingir o nosso grupo, minha mãe perdeu o bebe hoje de madrugada. Há quatros dias o meu avô morreu e hoje a minha mãe aborta o bebe, as coisas começam a desandar e o abatimento volta a abalar o grupo inteiro.

Um dos bebes que geravam esperança está morto, agora só nos resta zelar que a gravidez de Jéssica continue indo bem. De certa forma tivemos uma perda hoje, mas por outro lado livramos alguém de viver em um mundo como esse, além do fato de que temos um parto a menos para nos preocuparmos.

Eu sinceramente não me sinto muito mal pela morte do bebe, se não fosse pela tristeza da minha mãe eu não ligaria a mínima, acho que o convívio com os zumbis está começando a me tornar um deles.

São 13h30m e acabei de almoçar, minha mãe ainda está ressentida pelo aborto e não quis comer. Wendell, Igor e Edinho já traçaram nossa nova rota, seguiremos viagem em direção a cidade de Jaguaribe no Ceará.

São 17h e estamos parados bem perto da cidade, não é do nosso costume fazer uma incursão à noite, mas faremos uma excepcionalmente hoje. A cidade não é tão pequena e temos esperança de achar alguém nela. O grupo de incursão está formado por Edinho, Carlos, Wendell meu pai e eu.

Estou levando uma PT380 e a FAMAS, Edinho está com uma 12 e o facão, meu pai está com uma Glock, Wendell com a g3 e Carlos com a rc50 de Igor. Estamos levando também algumas lanternas e um rádio comunicador e iremos no meu carro.

São 20h e acabamos de voltar da cidade e trouxemos boas novas. Saímos daqui quase às 18h e quando entramos na cidade o cenário era devastador, mas comum aos nossos olhos. Seguimos pelas ruas imundas da cidade até chegar à frente de um pequeno armarinho de onde Edinho e Carlos conseguiram alguns enlatados e maços de cigarros.

Seguimos a rua lentamente procurando alguma coisa útil quando nos deparamos com alguém em cima de um pequeno prédio, acho que ele ouviu o som do carro ou dos tiros que disparamos e foi ver o que era. Paramos o carro na frente do prédio e alguns instantes depois o cara desceu.

O nome dele é Wagner morais e ele tem 34 anos, ele era mecânico e trabalhava numa oficina da cidade, o cara tava com uma 22 e nós decidimos não deixá-la com ele, não até confiarmos nele.

Como sempre o grupo está feliz pela chegada de mais um membro, mas receoso quanto sua conduta. Eu não acho que esse cara nos trará problemas, ele tem um jeito humilde de um carinha do interior, mas sempre é bom ser cauteloso principalmente no mundo onde nem os mortos são confiáveis.

A maior parte do grupo já jantou e Igor aproveitou o tempo livre para formar o grupo de vigia. As pessoas responsáveis por vigiar o acampamento são Rodrigo, Mauricio, Reinaldo, Tiago e André.

02/11/2018

São 08h e lá se foi mais uma noite no mundo dos mortos, ao menos nossa noite foi tranqüila. Reinaldo me disse hoje mais cedo que apareceram apenas quatro zumbis que não deram muito trabalho.

Uma parte do grupo já acordou a outra ainda está dormindo, mas já acho que vamos acordá-los. O mapa mostra um rio que passa bem perto daqui e acho que será bom ir até lá.

São 15h30m e voltamos a pouco tempo do rio e levamos um belo susto. Chegamos lá por volta das 09h30m e as pessoas já foram se espalhando como sempre, procurando um bom lugar para passar o dia, só que enquanto algumas pessoas estavam nadando alguns zumbis apareceram na margem do rio, não sei de onde surgiram, tudo aconteceu muito rápido.

Por sorte ninguém foi ferido, Izabel acertou dois deles com o arco e flecha e os outros quatros eu e Edinho abatemos com os facões. Nós vamos passar mais uma noite acampados ao redor da cidade e sairemos daqui amanhã.

São 16h e acabei de lembrar que hoje é dia de finados. É irônico, me lembro de quando nessa data as famílias iam até o cemitério orar pelos seus entes queridos que partiram. Não sei se 02 de novembro pode ser mais considerado dia de finados, afinal de contas, a meu ver os mortos já controlam todos os dias agora.