22/11/2018

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Estávamos parados em cima de um viaduto, esperando ao lado da EcoSport que Edinho voltasse pra nos reencontrar. Ele havia tomado um caminho diferente para descobrir qual seria o melhor a ser seguido mas custava a voltar.

- Onde Edinho se meteu? Mais que droga! – Pensei alto deixando sair um tom apreensivo e angustiado. – Esse era o ponto de encontro ele já devia estar aqui.

- Ele já deve estar por perto Jotah, seu tio sabe se virar bem, ele não vai ficar pra trás assim tão fácil. – Igor fala em tom ameno para tentar me acalmar.

- Ninguém mais fica pra trás, muito menos ele. – Falei quase que interrompendo Igor.

Pouco tempo depois de me calar escuto o barulho da moto e vejo meu tio vindo ao fundo.

– Isso! Ali vem ele. – Castilho fala animado – Graças a Deus vamos embora daqui.

- Entrem no carro! – Falou Rodrigo para que não perdêssemos mais tempo. – Temos que pegá-lo na próxima saída, este trecho não tem ligação direta com a rodovia embaixo de nós.

Mas antes que todos nós entrássemos no carro eu vi meu tio perder o controle da moto e cair no chão, deslizando pelo asfalto junto com a moto até pararem ao se chocar com um carro abandonado no canto da rua.

- DROGA! Não! Não! – Gritei saindo do carro. – Ele caiu!

- Jotah entra no carro agora! Vamos pegá-lo! – ouvi alguém gritar mas eu estava tão atordoado com a situação que não conseguia distinguir de quem era a voz que continuava a gritar por mim, até que senti meu braço sendo puxado. – O que você está esperando!? Vamos atrás da próxima saída e descemos para buscá-lo. – Era Igor quem falava.

-Zumbis – Falei com uma voz vidrada.

- O quê!?

- ZUMBIS! Eles vão pegá-lo! – Gritei a Igor quando percebi que uma horda se aproximava atrás de Edinho. – Não vai dar tempo de rodarmos atrás de um acesso, os mordedores o alcançarão antes, eu tenho que ir lá.

- Do que você esta falando Jotah? – Igor indagou com uma mistura de preocupação e reprovação. – Você está maluco? Não pode ir lá só, se você descer a pé iremos com você.

- Não! – O interrompi novamente de forma firme. – Não há tempo, vocês precisam encontrar os outros, eles não continuarão sem vocês e meu pai precisa de ajuda urgente.

- Você sabe que eles não seguirão sem vocês, sua mãe, Izabel... Elas não vão aceitar. – Igor ainda tenta me desencorajar.

– Então cabe a você convencê-las, Igor. Elas não têm escolha, nem você e nem eu. – finalizei a conversa.

- Agora vão! Já perdemos tempos de mais, não façamos disso uma despedida, eu e Edinho nos encontraremos com vocês no navio em breve. – Falei enquanto tirava o Arco composto do porta-malas do carro.

Rodrigo desce do carro e vem ao meu encontro para entregar a 762 e diz – Tenha cuidado garoto e não se atrase, vamos deixar o leite quente com biscoitos em cima da mesa no navio esperando vocês!

Botei a arma nas costas e o último cartucho de munição no bolso e com o arco na mão corri pela ponte até sua cabeceira, onde na lateral havia um talude gramado que me ajudaria a descer e aliviar mais a queda.

Corri o mais rápido que pude em direção a Edinho sem olhar para trás, sem nem ao menos ver o carro com meus amigos partir, amigos que a essa altura eu considerava como família e que infelizmente, por mais que não quisesse admitir, sabia que nunca mais veria.

Diário de Um SobreviventeWhere stories live. Discover now