07/11/2018

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São 08h23m e acordei ainda há pouco. Estou numa barraca com Izabel e ela ainda está dormindo, vou lá fora um pouco, mas não quero demorar muito. Espero ir hoje até a cachoeira com Izabel.

Algumas pessoas já acordaram inclusive Wagner. Falei com ele novamente sobre o caminho até a cachoeira e decidi ir até lá mesmo. Também falei com Igor e pedi a moto emprestada a ele, Wagner me disse que tem uma parte de trilha até lá e não quero ficar atolado longe do acampamento.

São 09h e acabei de acordar Izabel, ela está na barraca trocando de roupa e eu estou do lado do meu carro limpando uma das minhas armas, só vou levar uma das 380, não acho que haverá algum zumbi por lá.

São 16h32m e as coisas não foram muito bem na cachoeira. De inicio tudo estava uma maravilha, Jotah conseguiu achar o caminho sem muitas dificuldades e o local era bem mais bonito do que eu esperava.

Assim que chegamos Jotah deixou a moto no fim da trilha e fomos andando até a cachoeira que já estava bem perto. Havia apenas um chalé perto dali e nada mais além da natureza. Entramos no riacho e ficamos um tempo juntos lá dentro, longe de tudo, de todos, sabe, sem nenhuma preocupação. Até que Jotah inventou de subir na cachoeira.

Ele pegou a arma que estava em cima das nossas roupas e subiu por uma pequena trilha ao lado da cachoeira. Ele ficou com gracinhas lá em cima e disse que iria pular, eu não queria que ele fizesse isso, eu estava com um mau pressentimento. Tentei convencê-lo a não pular e ele me disse que só desistiria se eu subisse até lá, acabei cedendo e subi.

Tentei desencorajá-lo novamente e ele me pediu um beijo, enquanto nos beijávamos ele deu um passo pra trás e pulou. A queda era grande e ele caiu de cabeça na água. Esperei por alguns segundos ele surgir em meio à água e ele não apareceu.

Passei a gritar por ele e mesmo assim ele não respondia e então pulei. Assim que cai olhei ao redor e não o vi e então mergulhei, uma, duas, três vezes e não o via. A água turva só piorava a situação e o desespero passou a tomar conta de mim. Na minha quarta tentativa em fim consegui vê-lo. Emergi mais uma vez para recuperar o fôlego e nadei até ele, agarrei-o pelos braços e voltamos à superfície.

Ele estava desacordado e então o levei até a margem. Ele estava inconsciente e com a respiração e pulsos muito fracos. Fiz respiração boca a boca e massagem cardíaca durante um ou dois minutos, até que ele vomitou a água e recuperou parcialmente a consciência.

Fiquei aliviada em ver que ele tinha sobrevivido, mas essa sensação logo passou. Pouco tempo depois de ter conseguido salvar o Jotah um zumbi apareceu em meio à floresta. De principio eu não o vi, só percebi quando Jotah bateu em minhas costas e com a voz bem arrastada me mandou sai dali.

O zumbi saiu do meio da vegetação e veio caminhando em nossa direção. Jotah mal podia se levantar e só tinha forças pra me mandar ir embora dali, mas eu não podia deixá-lo para trás. Eu estava cansada de mais para enfrentá-lo sozinha e sem nenhuma arma as minhas chances só diminuíam.

Lembrei-me da arma que Jotah trouxe e procurei-a em sua cintura, mas ela não estava lá. A arma ficou no alto da cachoeira e eu não sabia o que fazer. O tempo ia passando e o zumbi cada vez mais perto, eu sai de perto do Jotah tentando chamar a atenção do zumbi.

Corri em direção ao chalé atrás de algo que pudesse me ajudar a matar aquela coisa. Só que o Jotah não calava a boca e continua gritando pra que eu fosse embora e o zumbi logo voltou sua atenção a ele. Peguei um pedaço de madeira que estava no chão e corri em direção aos dois.

O zumbi estava quase alcançando o Jotah quando eu o acertei na cabeça e ele caiu. Cravei o toco duas vezes no zumbi, uma no pescoço e a outra na cabeça e ele enfim morreu.

Eu estava suja de sangue e cansada de mais, desabei ao lado do zumbi e Jotah veio se arrastando até mim. Ele ainda estava desorientado, mas pelo menos estávamos vivos.

Descansei no chão úmido durante alguns minutos e depois me levantei, ajudei Jotah a se levantar e andamos até o chalé. Precisávamos sair dali só que Jotah desmaiou novamente. Quando eu o tirei da água não tinha percebido, mas ele bateu a cabeça em alguma coisa e estava machucado e sangrando, tentei estancar o sangue amarrando a camisa na cabeça dele, mas não era o suficiente.

Eu precisava sair de lá e voltar ao acampamento atrás de ajuda, mas não sei andar de moto e não sei quanto tempo levaria a pé, ainda mais cansada como eu estava, mas eu tinha que fazer algo e fiz.

Saí do quarto e tranquei a entrada do chalé com um armário. Fui em direção a cachoeira pra pegar a arma e segui até a moto. A chave estava na ignição e eu liguei a moto. Tentei sair e estanquei algumas vezes sem nem sair do lugar até que enfim consegui sair. Percorri alguns metros e acabei caindo.

Então me levantei ergui a moto e tentei novamente. Percorri mais alguns metros e cai mais uma vez. Eu estava muito nervosa e essa luta só estava me deixando mais preocupada e furiosa. Eu vi que não conseguiria pilotar até o acampamento, então larguei a moto e segui a pé.

Corri pela trilha e depois segui pela estrada de terra, estava cansada, mas eu não podia parar. Revezei o percurso entre corrida e caminhada e quanto mais eu andava mais o acampamento parecia distante. Estava cansada, suja, preocupada e furiosa com o Jotah e comigo mesma. Minhas esperanças estavam acabando até que eu consegui chegar ao acampamento. Mas não tinha ninguém lá

Eu estava gritando por socorro antes mesmo de chegar e reparei que o ônibus não estava lá nem o carro do Jotah nem o de Edinho, não havia ninguém só as barracas e o carro do meu irmão que tinha um papel no pára-brisa com o aviso de que todos tinham saído em direção ao açude.

E eu me vi sozinha de novo, mas graças a Deus Igor deixou o carro, eu não sei andar de moto, mas sei dirigir. Sem pensar duas vezes peguei o carro e voltei pra cachoeira. Parei no começo da trilha porque não dava pra passar com o carro e segui o restante do caminho a pé.

Tinha medo do que podia encontrar, não sabia se Jotah tinha resistido ou não até que cheguei ao chalé. Empurrei o armário que bloqueava a entrada e fui até o quarto. Jotah estava semi-inconsciente e no chão, ele deve ter tentando se levantar e acabou caindo.

Apoiei-o em meu ombro e o levantei, caminhamos cambaleando até o carro e voltamos ao acampamento. Assim que chegamos o grupo ainda não tinha voltado, eu dei um pouco de comida a ele e a cada minuto que se passava eu me angustiava mais mesmo o Jotah se recuperando aparentemente bem.

Por volta das 15h as primeiras pessoas voltaram e Dayse, Luciano e Du céu estavam entra elas. Eles se assustaram de inicio, tanto o pai quanto a avó de Jotah estavam muito preocupados e junto comigo caímos no choro enquanto Dayse tratava dele.

Ele começou a recuperar a consciência aos poucos e logo depois dormiu. Ele está dormindo até agora e todo o restante do grupo já chegou. Eu ainda estou preocupada e ansiosa, acho que por isso estou escrevendo no diário dele, que, aliás, eu achei bem interessante.

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