12 - Loira do Banheiro

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  - Vou ao banheiro. - Anunciei me levantando pra sair da mesa. Estava possuída pela irritação com a preocupação de Mark e Tae pra cima de mim e da Mallya. Temiam que ferrassemos o contrato, ou então que algo mais sério viesse à tona, o que eram preocupações que deveriam ser levadas em conta, mas hoje não era um dia no qual eu estava com paciência pra lidar com essas coisas.
  - Quer que eu vá com você? - Perguntou a Mallya e eu assenti, ela pegou minha mão cuidadosamente tentando me confortar e então nos dirigimos ao banheiro. Ela havia percebido que eu pretendia fazer alguma coisa, estava nítido em seu rosto que ela tinha entendido.
  Entramos no banheiro, e assim que a Mallya fechou a porta eu me olhei no espelho, vendo o meu cabelo bagunçado e levemente molhado, ainda não tido tempo suficiente pra secar.
  - E então? O que você pretende fazer com ela? - Perguntou Mallya encostando as costas na porta ao cruzar os braços, e eu abri um sorriso ladino, apreciando a cor dos meus olhos, agora eu sabia que quando aquele tom castanho se tornava mais claro, ao ponto de parecer sangue não era por simples reflexo de alguma luz, era o meu lado sobrenatural. Era estranho aceitar isso, porém me dava mais confiança, uma dose calorosa de... Poder sobre os outros.
  - Ela não faz ideia de quem eu sou. - Comentei ainda fitando meus olhos no meu reflexo no espelho - Não vai me denunciar pra Polícia se eu ameaça-la. - Falei e a Mallya se aproximou, com passos calmos enquanto sustentava um olhar regulatório nos meus ombros.
  - Eu já cheguei a vida dela como você me pediu. - Falou - Ela é solteira, tem uma casa perto do hospital do centro, tem um irmão pequeno de três anos. Foi abandonada pelos pais com o irmão pra cuidar aos quinze, hoje em dia tem dezoito, e trabalha nessa lanchonete a uns quatro anos, usando o que ganha, muito bem aliás, pra sustentar o irmão.
  - É uma boa moça então. - Falei agora me virando de lado na frente da pia para olhar para a Mallya, mais uma vez impressionada em como ela fazia essas coisas, ela só raqueou o celular da garçonete quando a menina veio entregar os pedidos, e foi suficiente para saber tudo que eu precisava.
  - Tem mais uma coisa. É uma vampira. - Acrescentou a Mallya e eu abri um sorriso, isso quer dizer que eu vou poder brincar então.
  - Isso me anima. - Confessei com um sorriso maldoso e a Mallya sorriu de volta.
  - Você não pode matá-la. - Me alertou saindo da pia onde eu me encontrava e se voltando para o espelho, analisando calmamente se sua maquiagem não estava borrada, nem nada do tipo. Eu dei risada da forma que ela falou, como se eu estivesse determinada a matar alguém hoje. Não que não esteja com vontade, mas o Gap Dong não se encontra aqui para matar ele, então não dá.
  - O que eu vou fazer com ela vai ser bem pior do que a morte. - Anunciei, tirando o casaco meio úmido e colocando ele pendurado no braço enquanto dava uma última olhada no espelho, checando se estava tudo certo.
  - Lembra da loira do banheiro que apareceu na escola quando entramos na oitava série? Que foi na mesma época que pintei meu cabelo de loiro? - Perguntei e vi o sorriso maldoso nos lábios da Mallya se alargar.

- Mallya on-

  Respirei fundo, contendo meu sorriso e sustentando uma expressão serena no rosto, eu só precisava trancar a porta assim que a garçonete entrasse, o Tae havia cuidado do esquema do lado de fora, deixar a garçonete de barriga cheia de água ou qualquer coisa semelhante para fazê-la ir ao banheiro. E conseguiu, assim que recebi a mensagem do Tae no meu celular meu coração disparou adrenalina. Li a mensagem apressadamente e levantei os olhos, dando o único olhar que a Alícia estava esperando. A confirmação de que o Tae havia conseguido bolar alguma coisa pra ela vir ao banheiro.
  - Obrigada. - Agradeceu a Alícia com a expressão ausente de sentimentos, não havia mais nada lá. Nem piedade, nem coração. Só raiva, era assim que seus olhos ficavam desde que a mãe dela morreu. A busca pelo Gap Dong está a consumindo, acho que a todos nós.

- Alícia on-

  Quando a porta do banheiro se abriu eu já estava me escondendo dentro de uma cabine e fechando a porta silenciosamente. Escutei a Mallya sair, como se não tivesse nada de errado e a garçonete entrar.
  Agora, como o combinado, do lado de fora a Mallya estava trancando a porta, e eu estava dando início ao show.
  Me aproximei da entrada da cabine e espiei para ver onde estava a garçonete. A encontrei na frente de um espelho com a parte do busto da camiseta suja de recheio de cupcake. Chantilly pra todo lado, já dava pra imaginar o trabalho que ela ia ter pra limpar aquilo, infelizmente, o tempo ela não teria.
  - Hanako...san... - Comecei a cantar uma canção em japonês que chamava um espírito violento do Japão, mais pra assustar do que realmente pra chamar o espírito, eu sabia que ela não viria.
  - Quem está ai? - Escutei a garçonete perguntar, começando a ficar assustada, na cabeça dela o banheiro estava vazio, e mal sabia ela o que realmente estava acontecendo.
  - Assobi macho... - Continuei cantando, a doce canção que arrepiava toda pele e fazia o medo atravessar paredes e portas. Foi nesse momento que as torneiras que eu e a Mallya haviamos mechido começaram a jorrar água, as cinco ao mesmo tempo. Quando já estava me preparando para cantar a segunda parte me lembrei do que a Mallya tinha falado, de usar um gravador ao invés da minha própria voz. Eu estava sentindo o prazer do medo quase palpável no ar, que emanava da garçonete. Seus olhos claros estavam arregalados de medo. E tive certeza que no momento que recusei o gravador, eu estava certa.

  Gente peço imensas desculpas pelo meu sumiço, tive alguns problemas e tive que ficar um tempo sem postar, agora já está tudo bem, e vou tentar voltar ao meu cronograma certinho. Brigado pela paciência e me desculpem mais uma vez.😅😄💜

PRISON IIWhere stories live. Discover now