83 - Perdição da Filha

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  - Como eu vim parar aqui? - Me exasperei perplexa e olhei ao redor com os olhos estalados.
  Já era noite.
  Minhas lembranças estavam confusas demais para parecer apenas sonhos ou realidade, eu não conseguia compreender ao certo o que havia acontecido. Só conseguia sentir que meus dedos estavam molhados e pelas pontadas latejantes eu sabia que aquilo era meu sangue nas minhas mãos.
  Aquela escavação humana havia acontecido por algum motivo pelo qual eu nem fazia ideia de como começou, mas havia sido tão forte que eu havia insistido em continuar até doer. Eu estava acordada de qualquer forma, só queria entender como vim parar aqui. Eu só me lembro de ter deixado o carro na frente do apartamento de Mark e então...
  Um galho quebrando foi audível e eu quase dei um pulo levando as mãos instintivamente até a cintura, mas pra minha infelicidade a arma não estava lá, mas eu sabia que tinha alguém se aproximando.
  Meu coração acelerou, eu conseguia sentir, não sei se pelo instinto ou pela intuição mesmo, mas tinha alguém se aproximando da minha localização.
  - Quem está aí?! - Bradei imponente, e senti vontade de tocir, conseguia me lembrar da sensação da garganta doendo no sonho, parecia tão real, mas eu não estava com a garganta doendo agora. Estava bem e sem dor nenhuma a não ser as causadas pelo frio e exaustão. Sem contar os machucados por cavar, mas fora isso não havia mais nada. Eu não sentia nada.
  - Ei menina! - Alguém atrás de mim chamou minha atenção, pondo a mão no meu ombro e eu pulei de susto. Logo instintivamente pegando aquela mão e torcendo pro lado, apoiei o corpo do indivíduo no meu pelas costas e o derrubei antes mesmo de conferir sua identidade. Ele havia se aproximado demais e eu não ficaria esperando ele me pegar pra depois tentar me defender, não fazia ideia de quem era e muito menos de seu tamanho. Antes de ficar em desvantagem eu precisava me garantir pra correr pelo menos.
  Quando consegui joga-lo no chão eu me levantei depressa, nem queria olhar em sua cara, apenas pretendia sair correndo, afinal o homem era enorme.
  Quando dei as costas e comecei a correr ele gritou meu nome.
  - Alícia? - E então eu me virei pra ele, e assim que contemplei sua face, o reconheci na mesma hora. Era o Wonho.

  Com bastante enrolação eu consegui convencer o Wonho que estava fazendo uma busca pelo cemitério quando cai e bati a cabeça, por isso acabei ficando por lá. Isso pareceu convencê-lo já que havia sangue na minha testa, porém não havia nenhum corte. Pelo menos bastou pra ele achar meu carro e me levar pra casa do Tae em segurança.
  Chegando lá só faltou a Mallya me esganar, ela já estava pronta, já eram nove da noite e eu estava perdida num cemitério sendo que era pra estar pronta pra nossa missão de hoje a noite.
  Mal abri a porta e assim que saí do carro ela me agarrou pelos braços.
  - Alícia o que houve? Por que você está cheirando sangue e está toda suja de terra? - Começou a indagar desesperada e sua preocupação me deu uma forte vontade de vomitar. Foi quando senti cheiro de mais uma coisa. E que pela cara da Mallya ela também sentiu. Álcool.
  - Você bebeu? - Perguntou decepcionada e eu balancei a cabeça confusa.
  - Eu não lembro muito das últimas 10 horas Mallya, eu sinto muito realmente. - Comentei e ela me tirou do carro, me arrastando pra dentro da casa do Tae, Wonho veio nos ajudar.
  - O que houve? - Indagou a Mallya pro Wonho quando percebeu que eu não estava confusa demais pra dizer mais alguma coisa. E ele encolheu os ombros.
  Eu subi as escadas, deixando os dois pra trás, eu sabia que ela queria informações, e não estava afim de ouvi-las agora.
  Quando cheguei no topo da escada ainda deu pra ouvir a voz do Wonho.
  - Eu achei ela no cemitério, parecia estar cavando o túmulo da mãe. - E então eu fui pro quarto, e pro banheiro, e pro chuveiro. Não aguentava mais manter os olhos abertos. Queria vomitar tudo.

PRISON IIOù les histoires vivent. Découvrez maintenant