100 - Ex

152 30 2
                                    

Peguei uma xícara com café e fui pra geladeira. Quando estava fechando ela escutei passos adeentrando na cozinha, por ter reconhecido que era Mark adiei minha mão para a arma como pretendia fazer por impulso, e resolvi pegar uma barra de chocolate do estoque escondido na gaveta de legumes.
Prestes a fechar a geladeira, pude notar que Mark não parecia muito tranquilo, e foi quando terminei o que havia para fazer por ali e fui para o balcão que Mark se aproximou de vez.
- Vai me explicar o que está havendo com você? - Indagou e eu fitei o balcão, apoiando o copo sobre o mármore de uma maneira tão comum, mas que eu não fazia há tanto tempo. Acho que desde que minha mãe morreu eu não parava pra tomar café na cozinha, tinham muitas lembranças dela naquela casa, mas principalmente na cozinha onde era um dos lugares que ela gostava de ficar. Pena que não puxei o talento dela pra cozinhar, sinto uma falta dos bolos...
- Alícia!? - Mark me chamou de novo e eu pisquei, despertando do devaneio.
- O que foi Mark? - Perguntei coçando os olhos, não gostava do jeito que estava me olhando, estava insinuando claramente que eu estava precisando descansar, mas eu não pretendia dormir. - Se for sobre descansar, nem precisa começar o seu discurso, eu não vou dormir. - Já adiantei pegando o copo e a barra para me retirar da cozinha.
Quando estava quase no escritório do meu pai escutei os passos dele no chão, vindo atrás de mim.
- Não adianta se esconder atrás de cafeína e açúcar Alícia, você vai desmaiar de sono daqui a pouco, custa tanto se render e ir pra cama? Eu te faço companhia no quarto se quiser. - Mark se ofereceu e eu segurei a maçaneta da porta, parando no mesmo instante que senti um pouco do meu sangue ferver, estava impaciente, queria estudar sobre o caso, e ele além de estar tomando meu tempo estava me contrariando.
- Mark se você esqueceu, não namoramos mais. - O lembrei semicerrando os olhos e ele mordeu o lábio pensativo. Ou angustiado. Estava tão indecifrável hoje que não consegui diferenciar seus humores. Nem o cabelo parecia querer colaborar. Estava castanho, normal o dia todo.
- Mas eu ainda me importo com você. - Mark tentou chamar minha atenção de novo quando lhe dei as costas para abrir a porta, e eu bufei e olhei pra ele.
- E desde quando psicopatas se importam?
- Desde que você aprendeu a se importar com a Mallya. Ou vai me dizer que não se importa?
- Isso não é assunto seu Mark. - O fulminei impaciente e ele se aproximou, estava faiscando pra bater de frente comigo, e eu estava ficando tão irritada, que seria capaz de emfrentar ele, mesmo sabendo de que maneira ele poderia revidar.
Estava nervosa, tinha um vazio tão grande no meu peito que parecia que não era possível ser preenchido por nada. Primeiro minha mãe e agora a Mallya, eu não sabia mais se suportaria falar sobre esses assuntos. Queria enterralos de uma vez e deixar aquela frieza incontrolável me dominar, estava querendo ceder como nunca quis na vida.
- Mas você é. - Mark vociferou e eu trinquei os dentes o fulminando ainda mais.
- Você não é o meu dono, e muito menos alguém relevante na minha vida pra ter qualquer influência sobre mim, então se não tem mais o que fazer aqui, saia, imediatamente. - Pausadamente, mas com bastante desprezo, eu o expulsei com palavras, queria sentir remorso, qualquer arrependimento, mas na verdade, lá no fundo, nem mesmo pena eu senti. Estava satisfeita por estar limpando um caminho. Eu tinha um objetivo e ele estava se intrometendo.
- É assim que você tenta se livrar de mim? - Mark riu, com desprezo me fitando de cima abaixo, não parecia que pretendia apelar, na verdade parecia estar prestes a me devolver um comentário ácido, que eu não queria ouvir.
Então abri a porta e me joguei dentro do escritório, logo em seguida batendo a porta e trancando Mark pelo lado de fora.
- Alícia! - Escutei sua voz abafada pela grandeza da porta que nos separava e sorri.
Pelo menos assim eu teria um pouco de paz.

PRISON IIWhere stories live. Discover now