43 - Ódio e Determinação

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  - Mark não faz assim... - Sussurrei quando paramos de nos beijar, ainda calmos, ou quase, no banco da frente e ele apertou mais o meu pulso, eu nem precisava abrir os olhos para olhar a pele, já sabia que as marcas dos dedos dele estava seladas na meu pulso.
  - Eu só quero que você saia desse caso... Você já se machucou muitas vezes e eu não quero ver isso acontecer de novo. - Mark suplicou, e eu abri os olhos, ofegando ao me deparar com seu olhar penetrante dentro dos meus, o cabelo dele estava ficando arroxeado, que nem quando estávamos na delegacia, abandonando magicamente o tom vermelho da raiva.
  - Por que essa cor...? - Sussurrei numa pergunta levantando minha mão para acariciar seu rosto e senti seus dedos se apertarem mais ainda no meu pulso.
  - É porque... - Mark engoliu em seco, havia algo em seu olhar, uma sensação que nunca notei antes, talvez porque não existisse antes, meu coração começou a se acalmar, quase reconfortado por perceber o motivo - Eu me sinti vulnerável. - Respondeu e eu me aproximei mais, eliminando o espaço quase inexistente que estava entre nós.
  - Esquece tudo isso... - Sussurrei roçando meus lábios nos dele e Mark afrouxou o aperto no meu pulso - Não há com o que se preocupar agora. Estamos juntos e estamos bem. - Reforçei e pude ouvir o barulho de chuva do lado de fora do carro, gotas grossas caindo contra a lataria e o parabrisa incansavelmente.
  - Não tem como esquecer uma coisa quando você tem que andar armada em qualquer lugar desde o momento que acorda. - Mark acusou me fulminando e os cabelos mudaram rápido pro vermelho - Não tem como esquecer tudo isso quando a maioria das pessoas e coisas ao nosso redor colaboram e conspiram para nos matar! - Mark continou e eu perdi a paciência, aquele breve instante em que meu coração pareceu ter se acalmado desapareceu e eu pude sentir a raiva ressurgindo em mim outra vez, queimando por dentro como se meu peito estivesse inflamado de ódio.
  - Já chega dessa palhaçada. Eu não tenho tempo e muito menos paciência pra aturar isso! - Retruquei me afastando dele, e quando abri a porta e ele tentou sustentar a mão que prendia meu pulso eu torci seu braço, enfim conseguindo sair.
  Assim que bati a porta com força saí pisando duro em direção a delegacia, a chiva me agrediu com pingos gelados antes que eu pudesse sair do lado do carro, e assim que cheguei na traseira, determinada a voltar pra delegacia e pagar o carro do meu pai ou qualquer coisa mais fácil pra voltar a casa do Tae, Mark me alcançou. Segurando meu braço.
  - Para de frescura Alícia e volta pro carro. - Ordenou ele irritado e eu torci o braço dele, trocando quem segurava o braço de quem, e Mark usou a outra mão para pegar meu outro braço. Agora eu segurava ele de um lado e me segurava ele do outro.
  - Isso não é frescura! - Esbravejei nervosa, estava me molhando e aquilo parecia angustiante levando em consideração a situação em que me encontrava.
  - É sim! Você tem que parar de investigar! Parar com esse caso! Sair dessa vida de problemas! Você vai matar a nós dois desse jeito! - Mark disparou nervoso, as veias no pescoço saltando e eu conseguia sentir que o coração dele estava batendo forte, como o meu.
  - Então é com isso que está preocupado?!! - Gritei para ser ouvida quando a chuva intensificou a torrente de água e o barulho - Vai embora, eu não vou deixar que me matem para tomar sua vidinha preciosa! - Retruquei tentando me soltar dele, mas ele não largava.
  - Alícia! - Mark me repreendeu como se eu tivesse falado um palavrão, mas estava furioso demais para dar a entender isso.
  - VAI EMBORA E ME DEIXA EM PAZ! - Berrei, agora dava pra sentir o nervoso se sobressaindo a qualquer coisa, Mark me soltou, levemente atordoado com a minha atitude. A paciência nunca pareceu ter existido, eu estava irritada com ele por não me entender, eu não podia parar só por causa do perigo, eu não podia parar. Minha mãe morreu por minha culpa, se eu tivesse me esforçado poderia ter salvado ela, e agora não podia fazer isso com outras pessoas, a dor da perda era dolorosa demais para simplismente deixar pra lá. E eu não ia parar, não importa o que aconteça.

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