110 - A Pena do Anjo

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- Mallya on-

  Um estrondo e Huoyan e eu pulamos da cama tão rápido que eu tive que me segurar nas coxas pra não ir pro chão. O quarto do Tae onde eu estava dormindo, aparentemente só estava ficando repleto da energia sufocante que a Alícia estava prendendo naqueles olhos frustrados, estava se enchendo de lágrimas.
  - Ele matou mais uma! - Seu busto tão feminino subia e descia desesperado, sinal de que tinha vindo correndo até aqui. Mal era sete da manhã e ela parecia que não tinha dorminado nada. A aparência cansada e os olhos fundos me denunciavam que ela não havia conseguido dormir, o jeito que as unhas já estavam roídas apenas serviu pra comprovar sua ansiedade acumulada, e pelo jeito que ela me olhava, tinha medo. Não sabia se devia se aproximar ou como eu reagiria. Estava precisando de um porto seguro, e se ela correu a mim e não a Mark, era sinal de que estava começando a desconfiar dele também.
  - Vem cá. - Abri os braços e ela veio correndo pra cama se acolher comigo e Huoyan, trazendo o seu gato junto.

  - Mallya está perdendo a cabeça! - Tae me alertou, mas eu continuei andando. De um lado para o outro toda impaciente.
  - Eu não estou perdendo eu já perdi! - Esbravejei e fulminei Mark do outro lado da sala, sentado elegantemente enquanto a Alícia ficava debruçada na mesa com papéis e mais papéis. - Deveríamos prender você! Duas mortes seguidas é praticamente uma prova que o assassino foi encurralado e quis terminar o serviço antes que fosse impossibilitado atrás das grades! - Urrei irritada fulminando ele e seus cabelos loiros, mas só recebi um suspiro entretido de volta.
  - Onde estava na noite anterior hein Mark? Foi matar aquela garota? Achou que podia mostrar as garrinhas pra ela também? Ou pior, ela tinha alguma prova contra você e daí a matou pra solucionar o problema...! - Esbravejei, mas Mark ainda estava calado, prestando atenção calmamente - Vai me fazer a próxima da lista também, Mark? - O fulminei.
  Tae já havia me pegado pelo braço antes mesmo de eu prever que estava prestes a bater em Mark. E estava quase.
  - Vamos tomar um pouco ar Mallya, - E então foi me arrastando pra fora.
  - Eu entendo que está brava e se sentindo impotente, todos nós estamos, mas precisa se acalmar. - Tae me segurou nos braços me levando pra praia, o mais longe que podíamos ir andando.
  - Mas eu sei que é ele! Está na cara! - Bati o pé e ele me agarrou no peito, me aconchegando nos braços dele.
  - Eu sei Mally, mas pra isso precisamos de uma prova maior, o teste de DNA vai dar certo e então vamos prender ele.
  - Mas e quantas vão morrer até lá? - Indaguei com angústia e Tae me fitou desolado.
  - Nós vamos pegar ele Mally, mas por favor se acalma. A Alícia precisa de você agora, eu sei que a briga de vocês foi muito recente, mas ela só tem você, e ela precisa de alguém pra alicerçar ela, por que é muito pra uma pessoa só. Unidas vocês são bem mais fortes.
  - Mas e se ele fugir antes de prendermos ele? - Indaguei sentindo um aperto no peito, não queria que ele ficasse impune depois de tudo que eu e a Alícia passamos. Seria cruel demais. Eu seria capaz de mata-lo só se fosse pra evitar isso.
  - Eu vou garantir que ele não fuja antes de parar atrás das grades. - Tae afirmou com convicção e então abriu as asas negras, me protegendo do vento salgado e de todos os barulhos que as ondas faziam naquele momento, prendendo toda minha atenção somente para ele.
  - Vem comigo pra ilha, vamos relaxar um pouco essa cabeçinha... - Ele me deu um sorriso quadrado cheio de travessura enquanto dava um doce peteleco na minha testa. Foi mais engraçado do que doloroso, e eu havia me interessado pela ideia de um jeito bem travesso também.
  - E o que estamos esperando? - Sorri de volta e quando ele me agarrou e tirou meus pés do chão alçando vôo, o céu se abriu em nuvens e raios de sol direto na minha pele, tão suave que me deixou atônita e por um instante, eu senti toda aquela tensão no meu peito, ser capaz de ficar mais leve. Até eu me lembrar que Tae havia sumido a noite toda.

- Alícia on-

  Batidas foram auditíveis da porta e Mark, com toda calma foi abri-la.
  - Eu preciso falar com as meninas! - Escutei a voz de Jung Kook e isso me fez erguer a cabeça atordoada, a Mallya estava me deixando cada vez mais confusa, aquele sonho estranho que eu tive bagunçou minha cabeça, e todo aquele fato da vítima ter sido uma vampira só levou tudo de mal a pior.
  - Alícia! - Jung Kook já estava dentro da casa, parado na minha frente com aquela cara de interrogação de quem esperava encontrar mais alguém lá além de mim.
  - Ela saiu, não sei quando volta. - Exclamei injuriada - O que houve? Souberam mais alguma coisa sobre o paradeiro dos parentes?
  - Na verdade não, a polícia encontrou algo pior.
  - O que pode ser pior do que tudo que já está acontecendo?! - Perguntei exasperada e Jung Kook tirou um saco plástico de evidências do bolso.
  E dentro dele havia uma pena negra, grande o bastante para ser desconsiderada a possibilidade de ser de um corvo. Era de uma anjo caído.
  - Onde achou isso?
  - Na cena do crime, eu roubei a evidência da polícia, mas eles conseguiram mais amostras nas unhas da vítima. E parece que bate com o DNA do Gap Dong que acharam da primeira vez.

PRISON IIWhere stories live. Discover now