92 - Malas Prontas

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  - Jong Up on-

  - Elas pararam. Por que não estão continuando? Era pra se matarem! - Jennie esbravejou revoltada ao ver a bela cena lá embaixo. Os rostinho das jovens detetives estavam tão tomados de perplexidade que por um instante, em meio aos machucados e todo o sangue, eu apreciei ainda mais a Mallya. O rosto selvagem, o sorriso impiedoso e insano e aquelas chamas sendo refletidas em seus olhos de dragão. Era uma peça rara e única, que eu deveria conservar viva para se tornar a minha rainha. Eu mesmo colocaria a coroa em sua cabeça.
  - Ei! - Jennie estalou os dedos na minha frente, porém continuei vidrado na cena, agora os rapazes haviam encontrado elas.
  - Sempre tão clichê, não é? - Indaguei a Jennie, me referindo a Mark e Taehyung, mas ela continuava irritada com a falta de ação.
  - Não foi esse o trato. - Ela foi seca, e quando percebeu que eu não estava prestando atenção me agarrou pelos colarinhos e prensou contra parede - Eu estou falando com você cretino! - Os olhos de lobo faiscaram e eu sorri para ela, vestindo minha luva novamente, como se as mãos cheias de garras dela não significassem nada na minha garganta. - Pra um humano esperto pra bolar um plano todo você parece bem burro. A Alícia não está morta, você não cumpriu o trato! - Jennie cobrou novamente e eu levantei a mão, tocando seu rosto delicado com a luva que ela só foi perceber que era de prata quando se ajoelhou de dor, gritando pelo rosto deformado.
  - Jennie, eu cumpri a minha parte do trato. Você queria ver a Alícia sangrar, eu te dei isso. E quanto ao meu plano, ele deu mais certo do que eu já previa. Aquelas duas, a partir do que houve esta noite, não são mais tão inseparáveis como eram antes.
  - O que?
  - Até mais Jennie. - Encerrei o assunto, pronto para me retirar da sala. Eu assobiava uma melodia calma e compassiva, mas meu coração socava o peito com a excitação de ver as duas brigando como se fosse pra matar uma a outra. Aquele gás carregado de drogas realmente funcionava. O show, foi mil vezes melhor do que na minha imaginação, um verdadeiro circo pegando fogo.

- Mallya on-

  - Mallya por favor me escuta! - Implorou a voz do outro lado da porta e eu segurei as lágrimas, as roupas amassetadas em minhas mãos eram a única coisa que me impedia de não ir até lá abrir a porta.
  O corpo dolorido e cheio de hematomas parecia falar mais alto nos meus ouvidos do que a minha própria voz quando tentei pedir qu3 parasse e fosse embora.
  - Me esquece Alícia!
  - Mallya você não pode me abandonar aqui! - Escutei a voz dela se lamuriar e percebi que estava chorando, isso me fez enfiar as roupas na mala de uma vez e por instinto tentar ir até a porta. Eu queria tanto abraça-la, mas temia que não comseguisse partir e seguir com meu futuro caso fizesse isso. Se eu me entregasse ficaria presa pra sempre a ela e seus casos. Alimentando sua psicopatia cada vez mais. Eu estava cansada de viver pelos outros, sempre me culpando e me lamentando. Agora estava na hora de viver também, da minha vez por direito chegar e ser somente minha. Era mais do que justo que eu também pudesse viver, pra mim e não para os outros como sempre fiz.
  Girei sobre os pés e fui buscar o restante das roupas no guarda-roupas. Meus dedos estavam latejando de segurar as mudas tão bem dobradas e enfia-las na mala sem pensar duas vezes.
  Huoyan, que desde que voltamos estava deitado na cama me encarando, olhava tudo com tristeza. Parecia entender as minhas dores, mas não relutava e nem mesmo tentava me impedir, apenas fitava tudo que eu fazia, compartilhando da minha dor.
  - Mallya! - Agora a voz se elevou a um grito, podia sentir o choro no pedido desesperado dela, eram sentimentos de verdade, os sentimentos que a mãe dela criou e que a psicopatia ainda tentava sufocar, mesmo que ela lutasse tanto pra não perder.
  E foi a gota d'água pra me convencer a abrir a porta, eu não aguentava ouvir ela se lamentando daquele jeito pra mim, porém não sentia culpa. Não mais, pois sabia que precisava pensar em mim. Eu só queria viver, e não morrer por assassinos cruéis e sem alma.
  - O que você quer agora?! - Indaguei abrindo a porta irritada, o coração disparado no peito estava mais do que partido quando vi o rosto dela vermelho de choro.
  - Você não pode sair assim! Não depois de tudo o que houve. - Ela invadiu o quarto pra impedir que eu fechasse a porta com ela pra fora, porém continuou com o mesmo discurso desde que o choque passou no carro e eu anunciei que estava fora do caso. Havia deixado bem claro que meu último serviço seria aquele designado por Jackson, e quando eu voltasse não faria mais nada, mas ela ainda insistia no assunto.
  - Mallya eu preciso de você, precisamos nos reerguer juntas, e não nos afastar desse jeito. - Ela enxugou algumas lágrimas, mas elas não paravam de cair.
  Me virei de costas e fui fechar a mala, não conseguia olhar na direção dela. Meu coração abalado fazia meus planos oscilarem.
  Ir ou não ir, continuar ou desistir? Parecia mais do que sacrificante tomar a decisão.
  - Eu não posso mais fazer isso Alícia. Eu não aguento mais viver pra pegar assassinos, você ainda não percebeu, mas quase morremos um monte de vezes, tudo que realmente precisamos não é investigar casos pra pegar criminosos e sim ter uma vida normal. - Tentei mostrar meu lado, mas ela negava com a cabeça.
  - Mallya, eu não posso fazer isso sozinha... - Ela apelou e eu cerrei os dentes.
  - Para! Para por favor de pensar só em você e nesse caso estúpido e analisa o quanto eu já passei pelas mãos da morte por sua causa, e não só no caso do Gap Dong, mas desde sempre, sempre foi assim Alícia!
  - Não, eu não deixei você morrer... - Ela tentou remediar, mas eu atropelei o assunto.
  - Deixa pra lá. Você já sabe o que eu quero dizer, não vou mudar de ideia. - Terminei sem esperar que ela compreendesse, já pegando a mala e saindo do quarto, com Huoyan logo atrás de mim.

PRISON IIWhere stories live. Discover now