121 - Onde Tudo se Explica

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- Alícia on-

  Coloquei o vestido, destinada a usá-lo durante a noite, era uma noite bonita para morrer. Ele deu sorte.
  A campainha tocou, meu coração quase pulou a garganta. Os pulsos 3 a adrenalina na veia pareciam estar me queimando de dentro pra fora, ardendo como fogos de artifícios.
  Me olhei no espelho uma última vez, e então sai do quarto. Desci as escadas, e quando cheguei ao hall, senti uma onda passar pelo meu corpo e camuflar toda aquela raiva acumulada, quando toquei na maçaneta parecia que ela não existia mais, e quando abri a porta e vi Mark do outro lado a saudade tomou o lugar de tudo que me ocupava. Eu queria estar nos braços dele mais do que tudo. E nem parecia mais ter tanta importância tudo que aconteceu, todas as minhas dúvidas e todas as minhas suspeitas pareciam ter se esvaido.
  - Alícia... - O belo rosto chamou pelo meu nome, me deslumbrando com um sorriso sem dono, mas adoçado de carinho. Parecia até humano... Será que ele era mesmo um assassino? Trajando aquelas roupas sociais que o deixavam tão bem apresentável eu ficava confusa. Ele não me parecia ser um assassino, dava impressão, mas não a certeza que eu queria.
  - Vamos sair pra jantar ou vamos ficar na porta meu anjo? - Ele perguntou alargando mais seu sorriso e eu dei um passo para trás tentando lembrar o que faltava pra poder sair.
  - Eu esqueci o baton. - Comentei correspondendo o sorriso dele, e larguei a porta aberta para que ele entrasse enquanto ia pro quarto para terminar de me arrumar.
  - Alícia está tudo bem? - Mark indagou enquanto ia subindo logo atrás de mim, e conforme eu ia mais rápido, ne afastando dele podia sentir o coração voltando a ficar disparado.
  - Está. - Confirmei indo pro espelho com o baton rubro, a arma estava na primeira gaveta, que por questão de instinto quase quis meter a mão ali e pegar, mas a ameaça era menor do que a impulsividade de acreditar na inocência de Mark.
  - Como pode ser tão burra...? - Surrurrei olhando minha boca no espelho, comecei a batucar o pequeno cilindro que tinha na mão, rebatendo com insistência ele na madeira envelhecida enquanto olhava pra Mark no espelho.
  - Por que está dizendo isso? - Mark me indagou, mas não deu nenhum passo na minha direção, a cautela dele naquele momento me fez recobrar porquê queria pegar a arma a poucos segundos atrás.
  - Porque você é um desgraçado, - Falei calmamente, mas já conseguia sentir a aceleração no pulso - E mesmo assim eu continuo me rastejando até você.
  Um silêncio matador impregnou o quarto, e a demora de Mark para me responder só disparou mais adrenalina nas minhas veias.
  - O que te leva a pensar assim Alícia? - Quando Mark respondeu eu já conseguia sentir a veia do pescoço saltando.
  - Você matou aquelas garotas! - Sibilei me virando de frente pra ele, por algum motivo o revólver havia passado para segundo plano. Agora a minha raiva parecia ser maior do que o poder de fogo do cano da arma. Era quase palpável o ódio que estava saindo de mim e consumindo aquele quarto. Você matou todas... Assim como matou a minha mãe.
  - Eu não sei a onde quer chegar Alícia... - Mark se fez de desentendido, e eu presumi que faria mesmo, afinal eu jamais conseguiria tirar uma confissão dele, a não ser que ele estivesse quase gozando nas calças de tanta satisfação por saber que não havia como ser pego. O que é o que não aconteceria já que a corda no pescoço do Tae estava quase passando pra ele.
  - Sabe sim, sabe melhor do que ninguém a sensação que teve quando esfaqueou cada uma, quando sentiu o sangue delas escorrer e ir embora, quando os corpos ficaram gélidos e os olhos mórbidos. Você saber perfeitamente Mark. - Acusei atiçando ainda mais o nervoso dentro de mim, e senti que em algum momento de distração o cabelo do Mark havia ficado preto. Eu vi essa mesma cor quando ele estava matando lobos na briga entre as alcateias, era quasenuma bandeira de prazer estampada em cores ao vivo na cabeça dele.
  - Alícia você não sabe do que está falando, - Mark desencostou da cabeceira do beliche, indo lentamente para o corredor - Quando você se acalmar nós vamos conversar sobre isso está bem. - Escutei a voz dele diminuindo gradativamente enquanto se afastava, e descalçei os saltos indo atrás dele.
  Cada pisada carregada de raiva. Meu sangue já estava entorpecendo meus ouvidos quando o alcancei.
  Foi questão de o virar, e então minha mão estalou em sua cara, senti meu rosto queimar, mas sabia que a dor maior era dele.
  - O que você pensa que está fazendo?! - Mark agarrou meus pulsos e me colocou contra parede com brutalidade, até que enfim havia despertado algo nele, o cabelo havia ficado vermelho - Eu não matei ninguém!
  - Matou sim! Matou e ainda sente prazer nisso até hoje, sente prazer em manipular e mentir pra todos que estão por perto de você, inclusive pra mim! - Esbravejei me debatendo, e ele me pegou pela garganta pra me imobilizar.
  - Você sabe muito bem que não posso mentir pra você por causa da conexão. - Ele disse com dureza, mas eu dei outro tapa na cara dele.
  - Pode sim Mark, você é um psicopata, você mata e engana quem quiser! - Cuspi com ódio e ele me levantou, tirando meus pés do chão e apertando a minha garganta.
  - Então é assim que você pensa que eu sou?! - Mark indagou com uma calma cruel, e eu engoli em seco, a garganta apertada pela força dele - Fique sabendo que enquanto todos viam que você estava ficando louca, eu era quem mais te dava apoio, não por culpa, ou qualquer remorso como você está insinuando agora com essas acusações, mas sim porque eu te amo Alícia, jamais faria algo pra te machucar desse jeito, - Ele afrouxou o aperto no meu pescoço - Eu jamais foi longe demais com você e sempre respeitei seus limites, você que nunca percebeu isso, e ainda quer me acusar só pra poder ter... - Eu dei mais um tapa na cara dele, tão forte que eu fiquei atordoada quando pude sentir.
  - Vai mentir pra minha mãe com essa cara lavada! - Cuspi borbulhando, o peito subindo e descendo de nervoso.
  - Caka a boca! - Ele esmurrou a parede soltando minha garganta.
  Eu cai tocindo e ele deu mais três socos com força o bastante pra mim escutar a parede estremecendo e sentir os nós dos meus dedos latejando.
  - Eu não natei ninguém sua vadia desgraçada! - Ele me pegou pelo pescoço de novo e me fez levantar na marra na altura dele, eu estava ofegante, o peito queimava demais. Cada parte do meu corpo parecia prestes a explodir de tanta adrenalina.
  - Você matou. - Afirmei dura, agora não era só uma acusação e sim uma certeza minha. Eu podia sentir que não só o meu, mas o coração dele também estava dosparado.
  - Vai a merda Alícia. - Mark me olhou de cima abaixo e soltou meu pescoço, foi quando se aproximou roubando um beijo forçado da minha boca.
  Me afastei lhe dando outro tapa, mas ele me agarrou de novo, e eu o agarrei de volta. Beijando-o como se fosse a última vez.
  Nossos corpos se alinharam, e eu senti que ele não parecia tão calmo quanto parecia, assim como eu.
  De alguma forma eu estava muito excitada. Queria senti-lo custasse o que fosse.
  - M-Mark... - Gemi quando ele escapou da minha boca pra beijar a garganta onde me enforcou antes, mordiscando cada canto enquanto a mão descia para o meio das minhas pernas. Gemi outra vez ele voltou pra minha boca, me beijando e entrelaçando nossas línguas com violência carregada de tesão.
  - Você... - Ele arfou nos meus lábios - Você me incrimina, mas se não tivesse a Mallya pra te segurar faria a mesma coisa, inclusive já teria matado a sua mãe a muito tempo.
  Delirei com as mãos dele, mordendo sua boca. Não respondi ao seu comentário, mas aquela sensação perigosa que me excitava tanto tomou conta de falar por mim.
  Não resisti e pulei na cintura dele, Mark foi me arrastando pro quarto de visitas que estava mais próximo, eu já conseguia sentir o formigamento atravessando neu corpo como se fosse uma faca, inclusive me atacando por dentro como se pudesse explodir meu coração.
  Caímos na cama comigo em cima dele. Até essa altura meios seios estavam de fora e ele sem camiseta já estava quase perdendo as calças.
  - Mark... - Gemi alto quando senti ele entrar em mim. Estava com tanto calor e tabto frio ao mesmo tempo, meu corpo parecia estar em chamas. Meu estômago cheio de nós e lá no fundo um prazer indescritível havia acabado de começar a me consumir.
  Gemi de novo sentindo a pele inteira arrepiar, o coração prestes a explodir, toda aquela volúpia se misturando com a raiva e o tesão estavam me deixando enlouquecida.
  Mark nos rolou, ficando sobre mim.
  Já não haviam mais roupas pra nos separar, não havia mais nada além dos nossos corpos, e dele dentro de mim com tanta força e tanta intensidade que eu estava em colapso. Gemendo sem parar, enquanto ele ficava cada cez mais exposto aos meus olhos, cada vez mais vulnerável.
  Até ficarmos suados, até o prazer parecer que tinha nos desgastado a ponto deu não aguentar mais, até ele gozar e eu sentir.
  Tremendo, Mark me pois em seus braços, me prendendo em seu abraço como se eu fosse sua posse, e ele a minha. Eu não estava raciocinando bem o bastante pra definir o que tinha acontecido exatamente, mas não ia deixar nada estragar aquele momento tão reconfortante que nos fez se aproximar tanto.

PRISON IIWhere stories live. Discover now