97 - A Filha

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- Alícia on-

  O padre da igreja central estava do lado de fora de sua própria casa, pelo que eu soube no caminho era realmente o Gap Dong I quem tinha se manifestado, e parecia ter feito mais um de seus trabalhos cruéis e insanamente manipulados.
  Não esperei muito por permissão, era a minha área, não que eu fosse de rezar para os falecidos de religiosos, mas o Gap Dong, o meu assassino havia entrado em ação, então agora era a minha hora de ir atrás dele. Aquela corrida num círculo vicioso entre um gato e um rato, em que ele sempre fugia das minhas mãos com tanta rapidez que eu mal podia acompanhar.
  - Ei mocinha não pode passar! - Um policial veio me barrar quando levantei as fitas amarelas de não ultrapasse e eu olhei pra cara dele com desprezo.
  - Sou a filha do delegado, esse caso é meu. - Esclareci e ele pareceu desconfiado, mas eu ultrapassei mesmo assim, não tinha tempo pra perder com as dúvidas dele. Corri pra dentro depressa, sem aguardar por Jackson ou então Mark..
  Fui invadindo a casa, cômodo por cômodo até me deparar com o quarto de casal, e logo em seguida adeentrei no banheiro.
  Em questão de segundos, no mesmo instante que pisei a planta dos pés no local senti o cheiro forte e metálico de sangue que só se seguiria por duas situações, ou o assassinato havia ocorrido num dia de chuva, que é quando o cheiro do sangue fica mais intenso pela humidade, ou como já imaginava, no banheiro, especificamente na água.
  Não demorei para avistar a vítima com sua longa cauda verde dentro da banheira, era uma bela sereia de cabelos vermelhos, mas todo o sangue dentro e fora da água e aquela rosa branca impecável manchada de sangue logo abaixo dos dedos finos da garota denunciaram quem poderia ser o autor da obra tão bem criada.
  - E então, o que se passa por aqui? - Indaguei quando a legista percebeu que eu estava no recinto e fui ignorada. Mais uma vez desacreditada por falta de idade, como se isso fosse sinônimo de maturidade. Revirei os olhos num suspiro irritado e ela nem se deu o trabalho de levantar os olhos de corpo para me analisar.
  Foiq quando tive a impressão de escutar alguém se aproximando, de soslaio verifiquei quem poderia ser e identifiquei meu pai e Jackson entrando no quarto.
  - Filha... - Escutei uma voz masculina atrás de mim, e me virei para o olhar o meu progenitor com pouco interesse.
  - Quero informações e sua subordinada recusa-se a me passar. - Reclamei surrupiando as luvas que haviam no bolso dele e ele me olhou cansado, com um suspiro derrotado na minha direção. Eu sabia que era difícil pra ele mais uma morte pelo assassino da minha mãe, mas não podia fazer nada sobre isso, a não ser resolver o problema.
  Aliás agora não era hora para pensar em sentimentos humanos, o que eu precisava era de evidências e pistas, algo que me desse um início para encarar o caso de frente novamente. Havia perdido tempo demais com pessoas, agora precisava recompensar com casos.
  - Eu não vou explicar uma análise legista de um corpo para uma criança. - A legista se manifestou para evitar os olhos zangados do meu pai sem sucesso. E eu prendi o cabelo num coque e me aproximei da sereia morta, olhando atentamente para o corpo da vítima.
  - Relatório Parker. - Meu pai exigiu, e eu pude sentir ela engolir o orgulho junto com uma dose amarga de ódio. Logo em seguida abrindo a boca.
  - Três facadas, uma na altura do útero, outra na garganta, e uma no peito, precisamente no coração. Foram cortes calculados e fatais, levando em consideração que todos não demoraram muito para serem feitos. - Ela suspirou numa pausa dramática, e depois de encarar todos na sala, constatando que havia prendido a atenção do meu pai, continuou - Está na cara que o primeiro serial killer se zangou por estar sendo imitado e quis descontar mostrando que era melhor do que o segundo. Seguindo exatamente a mesma ideia de matar a filha de um padre, como o segundo Gap ensinuou que faria caso a Alícia e a Mallya não fossem para a boate na noite anterior, e ainda por cima, o assassino fez questão de matar ela com bastante frieza. - Ela contou, mas eu já estava tomando minhas próprias conclusões, assim sendo não precisava mais dela. Muito menos de suas opiniões equivocadas.
  - Obrigado, - Comecei me endireitando e me preparando para tirar as luvas - Pela sua dedução medíocre. Agora se me dá licença, a detetive de verdade na cena do crime vai dar a palavra. - Me manifestei chicoteando ela, sem nem mesmo elevar a voz, era delicioso ver o olhar irritado dela de volta sobre mim, e mesmo com o olhar reprovador do meu pai sobre mim, continuei - Está na cara que de acordo com o padrão: esta mulher foi morta pela rosa indicada anteriormente, não a última, mas sim a penúltima como o Gap Dong sempre fez pra matar suas vítimas, seguindo aquele padrão dramático e frio, portanto de acordo com a rosa branca que está ali na mão dela, a vítima claro, é óbvio que a cor simboliza inocência e religiosidade sem nem mesmo que eu precise pesquisar no google pra saber. Ou seja, ao contrário da sua suposição equivocada senhorita Parker, o Gap Dong de forma alguma estava se referindo ao seu imitador ao matar a filha de um padre, mas sim fazendo jus ao seu verdadeiro padrão com as cores das rosas, a única coisa que ele fez, de acordo com o tempo esperado, é entrar em ação novamente, com mais uma morte, fora isto, todas as suas palavras podem ser descartadas. - Acabei de falar e vi um sorriso sinico de quem estava se divertindo com o massacre do lado de fora do banheiro, Mark.
  - Se ele fez realmente tudo isso que você fez garota, prova a sua teoria. - Parker se aproximou, ficando de frente pra mim, os cabelos loiros e o rosto mais velho deixou nitidamente mais claro que ela não tinha maturidade para aceitar a derrota, mesmo assim, olhando dentro de seus olhos azuis, resolvi provocar mais um pouco.
  - Já que faz tanta questão. - Abri um sorriso largo - Está vendo isso? - Indaguei apontando para a cauda da sereia e depois subindo pelo peito desnudo coberto por sangue, os seios avermelhados pelo líquido espesso, e depois retirei a luva que faltava, dando para Parker segurar.
  - O quê que tem? - Ela indagou olhando para as luvas irritada e depois de volta para mim.
  - Ele não estuprou a vítima, na ameaça do Gap Dong II foi deixado bem claro que ele defloraria e mataria dolorosamente 10 mulheres filhas de padres e pastores. - Continuei, - Aqui só tem uma mulher, fimha de um padre, que não foi estuprada, mas sim exposta, e além disso que teve uma morte rápida, sem sinal algum de tortura. - Quando terminei de falar não esperei mais perguntas, simplesmente deixei ela perceber que a ficha estava caindo e fui pro quarto, deixando-a com os poliais e meu pai pra trás.

PRISON IIWhere stories live. Discover now