78 - Fuga?

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  - Você está ficando tensa não acha? - Indagou Mark e se afastou de mim, passeando dentro do cômodo apertado que a ambulância nos comportava até chegar na saída, estava tão calmo que minha inquietação parecia estar gritando nos meus ouvidos mais alto do que meus próprios pensamentos na minha cabeça enquanto ele fechava as portas, me deixando presa lá dentro com ele.
  O alívio dele não ter fugido me corroeu como ácido consumindo os ossos por debaixo da pele.
  - E você está com um frio inexistente. - Retruquei, mas não foi uma pergunta irônica, foi uma afirmação fria e raivosa, de quem estava prestes a rasgar aquelas blusas com as próprias mãos pra descobrir o que queria tão desesperadamente.
  Mark veio até mim, sustentando nossos olhares com intensidade até chegar na minha frente, e se aproximar mais, e mais, até nossos rostos ficarem frente a frente. Eu conseguia sentir a respiração dele contra o meu rosto. O cheiro do perfume que eu já estava com saudade, e o breve cheiro metálico de sangue que era a única coisa que mantinha a minha cabeça no lugar naquele momento.
  - Talvez você vai ter que tirar pra descobrir... - Mark sussurrou se aproximando mais, o nariz roçou de leve na minha maçã do rosto, e então sua boca começou a se aproximar ainda mais da minha. Fechei os olhos.
  O que restava do meu autocontrole foi pro espaço, não havia mais nada, não havia barreiras, a raiva e o ódio se misturaram tão rápido com o desejo de tê-lo por perto novamente que eu cedi antes mesmo de me dar conta do que estava fazendo.
  - Talvez... - Sussurrei de volta instintivamente, a saudade que eu não admitia me arrebatou mais forte do que eu esperava.
  Ele já estava entre as minhas pernas, se aproveitando do fato de que eu estava sobre a maca o proporcionando que se encaixa-se perfeitamente entre as minhas pernas. E com ele tão perto eu já havia me entregado... Corpo traidor...
  Sem me dar conta eu já estava com as mãos no cabelo dele, descendo os dedos pela sua nuca, e ele já havia me pego pela cintura e devorado meus lábios, tão cuidadoso e tão determinado que eu só fui me dar conta de que estava machucada quando ele rasgou a minha camiseta.
  - Eu não quero te machucar... - Mark sussurrou descendo os dedos pela minha cintura, depositando carícias na minha pele, o cabelo havia se convertido pra vermelho, mas não consegui compreender a causa. Ele parecia meu Mark de novo, o cara por quem eu era caoaz de fazer tantas coisas, mesmo que fosse um cretino, por um instante eu realmente achei que nossa conexão pudesse ser tão forte a esse ponto. Ao ponto de mudar como realmente somos quando estamos juntos. Como se de certa forma isso influenciasse no nosso comportamento. Controlando nossas personalidades, o que me fazia suspeitar se o Mark que eu conhecia e achava que amava era real, ou só parte de uma conexão de magia. - Alícia... - Mark sussurrou meu nome, quase embriagado de carinho e ternura. E meu coração se apertou. Ele me deixava tão humana, tão viva, e ao mesml tempo que eu gostava, também odiava porque não conseguia maos ignorar meus sentimentos. Não era tão fácil ser fria quando seu coração ganha liberdade pra se envolver nas decisões que seu cérebro quer tomar.
  - Mark... Eu preciso conferir uma coisa. - Falei angustiada, tentando evitar conflitos. Eu não estava tão inconsciente assim no meio das emoções, eu tinha um objetivo, e não iria parar enquanto não confirmasse minhas suspeitas, mas parecia tão difícil. Ele não sabia a razão pela qual eu tomaria aquela atitude, mas o fato de saber me dava uma leve sensação de culpa. Naquele momento me senti humana de verdade e não uma garota com transtornos da psicopatia.
  - O que foi? Por que você parece... Angustiada com alguma coisa? - Indagou, agora tão atencioso enquanto tentava prender meu olhar no seu, e eu resolvi fazer ao invés de falar. Eu podia ter continuado com o agarra agarra, até conseguir o que queria, mas eu não faria isso com ele. Era errado, e eu não era uma pessoa ruim. E não queria me aproveitar dele pra descobrir isso.
  Comecei a abrir a jaqueta dele, e a tirei. As mãos suavam, e o nervosismo era tanto que eu conseguia sentir o coração na garganta.
  O cheiro de sangue que eu estava sentindo desapareceu assim que a jaqueta caiu no chão, na camiseta que estava por baixo não tinha nada molhado. Mesmo assim, tirei a camiseta dele também, precisava ver, necessitava comprovar que ele não era um assassino. Pelo menos não o da minha mãe.
  E foi quando ele estava descoberto, sem camisa e nem blusa mais que meus olhos viram, a pele onde devia ter pelo menos uma cicatriz estava livre de qualquer sinal de ferimento.
  Ele não era o Gap Dong.

PRISON IIWhere stories live. Discover now