94 - Noite de Visita

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- Alícia on-

  - Acorda! Acorda! Acorda! Acorda!
  - Mãe! - Com um sobressalto eu sentei na cama, tão abrupto que as mãos perderam a coordenação e eu quase rasguei o edredom nas unhas, Suguinha que dormia aos meus pés saltou com tanta irritação da cama, que mal pude acompanhar seu corpo escapulindo pro guarda roupas.
  - O que...? - Coçei os olhos ainda falando sozinha, e meus olhos rodearam o quarto, encontrando um silhueta perto da porta. Eu não lembrava onde estava Mark, não lembrava como havia vindo parar em casa, da única coisa que me lembrava era de que eu não reconhecia aquela sombra da pessoa que estava fitando meu sono enquanto eu não podia me defender.
  - Quem é você? - Minha voz saiu mais inofensiva do que eu esperava, queria me impor e tentar parecer firme, mas o frio que rodeou meus pés descobertos foi atroz o bastante pra estremecer meu corpo inteiro e me fazer perder a coragem.
  Achei estranho, eu nunca deixava meus pés descobertos, mas hoje eles estavam. E eu havia acordado de madrugada.
  - Não vai falar nada? - Indaguei e comecei a puxar na memória a localização de meu pai e BamBam. E mesmo que não parecia eu resolvi chamar - Bambam é você? - O coração traiçoeiro disparou. Era alarmante demais, já conseguia sentir o medo me corroer por dentro e aterrorizar os meus pensamentos. Algo em todos os meus instintos queria me convencer que aquilo na porta não era totalmente humano, e não estava ali parado por uma boa causa.
  - Quem é você??! - Alterei a voz e ela tremeu, junto com todo o meu corpo, eu estava assustada, estava com medo, e conseguia sentir que ia morrer, mas por que? Por que agora depois de tanto? O que isso podia ser, estava mais do que me confundindo.
  - Shiiii..... - Ele pronunciou e um relampago lá fora acendeu todo o quarto e me fez pular no colchão.A claridade rápida que invadiu a janela, que agora que eu fui perceber que estava aberta, me seu chanche o suficiente para ver a face do intruso, e me arrepiar por inteiro.

A claridade rápida que invadiu a janela, que agora que eu fui perceber que estava aberta, me seu chanche o suficiente para ver a face do intruso, e me arrepiar por inteiro

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  - Volte a dormir... - Aqueles olhos esbugalhados fizeram muito mais do que me amedrontar, e sua voz não só me fez temer, como despertou um rosnado alto do guarda roupas. Sem espera, Jeff deu um passo, sua figura magrela e macabra parecia estar decidido a me esfaquear, mas Suguinha saiu do esconderijo e voou no pescoço dele, dentes afiados de um felino gigante rasgando a jugular e as veias na garganta dele.
  - Suguinha! - Gritei me levantando da cama pra ajudar, e mal tive tempo de meus pés tocarem o chão e outro relâmpago atravessou luzes para dentro, mostrando em detalhes Jeff enfiando a faca no estômago da onça negra e rasgando de baixo para cima, até a garganta do bichano.
  Gritei horririzada, os olhos se arregalaram tanto enquanto os órgãos de Suguinha ia pro chão e seu corpo caia sem vida que eu pensei que poderia sair das órbitas.
  Meu estômago revirou e apertou, a garganta tinha um nó tão grande que parecia que ia me sufocar, e Jeff estava vindo na minha direção, pisando nas tripas e nos órgãos ainda reagindo enquanto empunhava a faca erguida sobre a minha cabeça.
  - Volte a dormir. - Estava mais perto, quase frente a frente comigo, senti sangue quente nos pés, era do Suguinha, ele estava morto, ele... Ele... Meu coração parecia que ia explodir, só senti a lâmina de Jeff cortando minha pele e invadindo meu peito, direto no coração.

  O grito de pavor que escapou da minha boca foi tão forte que pude sentir meu coração querendo se libertar junto pela minha boca. Mal consegui rolar na cama e o gato pulou em cima de mim. Gritei de novo e escutei passos do lado de fora do quarto. Eu estava em casa. Rapidamente tatei o corpo procurando a arma, dentro da fronha, no lençol, ela não estava em lugar nenhum.
  Em pânico, ainda com o coração na bica do estômago eu coloquei Suguinha escondido atrás de mim e peguei o abajur perto da cama do BamBam, que estava vazia.
  Chequei o restante do quarto, saindo de cima do beliche com tanta pressa que quase cai e fui pra trás da porta. Ainda ouvia os passos apressados, já estava no corredor. Eu ia usar aquele abajur pra matar. Estava disposta a impedir que ele me pegasse, ele não ia tocar no Suguinha, teria que passar por cima de mim primeiro.
  A silhueta apareceu na fresta da porta, o coração saltava tanto, martelava tão forte no meu peito que eu estava começando a achar que ele não havia entrado ainda por que havia escutado os batimentos. Estava tão alto nos meus ouvidos.
  - Alícia sou eu. Por favor solta esse abajur. - Escutei a voz de Mark no corredor, e meu coração acelerou mais ainda. E se fosse algo pior que o Jeff? E se fosse uma criatura demoníaca imitando a voz dele para que eu pudesse baixar a guarda?
  - Prova! - Bradei e ele pois a mão na maçaneta, estava diferente na sombra, não parecia uma mão humana. Não era ele.
  - Como quer que eu faça isso? Enlouqueceu Alícia, são três da manhã e você me acordou gritando! - A criatura rebateu, e eu já estava enfiando a mão na gaveta. Rezando até orações do inferno para que minha arma estivesse ali.
  - Como sabe que eu estou segurando um abajur?!! - Bradei em retorno e a mão esguia e caroçuda começou a empurrar a porta pra abrir.
  Não era o Mark! Não era! Não era!
  - Alícia por favor se acalma, eu só vim aqui pra ajudar... - A voz adeentrou no quarto e assim que senti o cano frio da arma, e calculei que estava carregada pelo peso, eu coloquei o cano na porta e disparei sem pensar duas vezes.

PRISON IIWhere stories live. Discover now