59 - Regra do Três

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- Mallya on-

  - Tem algo de errado nessa história. - Comentei saindo da pia para alimentar Huoyan. Ele estava empoleirado no balcão, olhando pras minhas mãos cheio de expectativa sobre a vasilha com carne crua que eu estava segurando.
  Tae apoiou os cotovelos no balcão e em seguida deitou o rosto nas mãos me olhando pensativo.
  - Quem tem culpa nisso é aquele ali, mas parece estar em Nárnia. - Tae comunicou inclinando a cabeça na direção de Mark, que estava escorado no batente da porta enquanto realmente parecia viajar pra outro mundo. Me limitei a levar a vasilha até Huoyan e então me virei para Mark, que já respondeu a rebateu o argumento de Tae.
  - Eu tive meus motivos. E você melhor do que ninguém entende até onde uma pessoa pode ir por ciúmes. - Mark rosnou, ainda irritado e eu notei uma leve tensão posse do Tae, mas sumiu tão rápido quanto apareceu, e eu resolvi me ocupar com Mark.
  - Então está confessando que tem culpa no cartório, Tuan? - Ponderei lançando um olhar desafiador na direção dele e vi suas mechas ficarem vermelhas, até o cabelo todo ficar assim.
  - Posso provar que não, detetive. - Rosnou de volta e os cabelos começaram a mudar novamente, agora voltando aquele tom loiro rotineiro.
  - Vocês não vão começar a brigar também né? - Indagou Jimin ao entrar na cozinha de penetra e quando passou por Mark ele fez questão de tropeçar nos pés do mesmo, como uma forma de provocação.
  Mark bufou e eu me voltei para Huoyan e Tae, e os dois pareciam entretidos. Huoyan com a comida e Tae com a velocidade que o Dragão a devorava.
  Parecia tudo calmo demais, mesmo com a discussão ameaçando se soltar e urrar pelas janelas, mas de alguma maneira, aquela calmaria parecia estar fora do comum.
  Jimin, que aparentemente havia pego um copo de água notou ela.
  - É impressão minha, ou tem algo de errado? - Perguntou e eu pensei em responder alguma coisa, mas algo chamou minha atenção. Mark havia soltado um grito de repente e caído no chão, estava com a mão no peito, como se estivesse prestes a ter uma parada cardíaca ou sei lá o que, e logo em seguida quem começou a sentir fui eu. Uma dor forte no peito que me fez curvar os joelhos e cair no chão. Uma dor latejante que subiu pelo meu peito e fez parecer que eu poderia estar queimando por dentro e febril. Ardendo até subir pela garganta.
  - O que está... - acontecendo...
  Não consegui terminar de falar, a dor parecia estar corroendo meu corpo inteiro, dilacerando minhas entranhas por dentro. Eu não conseguia mais respirar.

- Alícia on-

  - Ainda falta muito? - Perguntei parando com o ritmo de nadar e Jung Kook parou também, vindo na minha direção. Eu estava me sentindo cansada já, os músculos tensionados de tanto esforço por ter nadado por mais de meia hora seguida, pra quem não é acostumada eu até me surpreendi com o tanto que aguentei.
  - Na verdade, - Jeon se aproximou mais de mim - Não chegamos na ilha, mas chegamos onde eu queria te levar. - Disse e eu franzi o cenho, confusa com suas palavras, que acho que foi o motivo dele ter acrescentado - Você já viu uma sereia?
  Aquela pergunta foi suficiente para despertar todos os meus sentidos, a dor do esforço que antes tomava meu corpo desapareceu e eu comecei a olhar pra água, procurando por aquela bela criatura, que desde que me entendo por gente sempre quis ver, tocar, conversar. Era o meu maior sonho, e veio até mim, me cutucando no ombro, estava atrás de mim. Com a maior rapidez que consegui eu me virei e meus olhos se chocaram com duas íris douradas, era uma sereia. Era uma sereia de verdade. E estava na minha frente.
  Me senti uma criança quando meus olhos se encheram de lágrimas de alegria, Jung Kook soltou um sorriso animado, e ela, a jovem metade-mulher metade-peixe diante de mim, com seus cabelos ruivos, e sua cauda dourada e alaranjada, sorriu.
Foi quando a dor no meu peito surgiu, tão forte que deu cãibra em todo o meu corpo e me fez gritar. Só consegui escutar a voz dela, da sereia, antes de afundar na água.
  - A Profecia está acontecendo.
  Foi então que minha mente me trouxe fatos, a Mallya tinha visto uma sereia, o Tae outra, e agora eu. Era o número três predominando. Tinha alguma regra do três na Profecia.

PRISON IIWhere stories live. Discover now