21 - Faca vs Faca

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  - Vai ficar fugindo de mim ai em cima? - Indaguei o provocando e ele colocou um pé pra fora do muro de pedra, ameaçando descer ou simplesmente se jogar do alto. Trajando um jeans preto e uma jaqueta fechada de couro. Eu fiquei intrigada, não dava pra ver seu rosto por causa da máscara e a falta de emoções captadas por expressão facial estava me deixando inqueita. Eu queria poder olhar no seu rosto, encara-lo cara a cara enquanto lhe dou uma surra, mas desse jeito não tinha como. E pelo visto ele não pretendia tirar a máscara.
  Não recuei, mantendo minha formação com a faca rodando entre o dedos da mão direita enquanto esperava as próximas atitudes do serial killer. Será que ele pensa que vai conseguir me matar?
  Se bem que, acho que levando em conta que ele é um psicopata não vai estar se importando muito com o azar, se ele está aqui, e está tão exposto, é porque tem cartas na manga. Um psicopata não seria tão imprudente de se revelar dessa maneira logo após cometer um assassinato já se prontificando para cometer outro. Ele não seria tão burro, ou então imprudente. Se era isso que ele pretendia, isso seria a mesma coisa da Alícia se expor, por ter tendências à psicopatia e praticamente ser uma, ela é muito discreta, jamais faria algo do tipo como ele está fazendo. Se expondo dessa maneira e aprontando como se fosse um palhacinho aproveitando pra fazer palhaçadas num circo. Isso é o oposto do que um psicopata faria, parece até atitude de... Um sociopata.
  - Mas como? - Me indaguei confusa, tinha algo de errado, eu me lembro desde a primeira morte que confirmamos diversas vezes que era um psicopata que estava matando, então como de repente ele resolveu se converter em sociopata pra brincar de Gap Dong? Tem algo de errado, algo muito errado nisso. Eu preciso falar com a Alícia e invadir o sistema da delegacia de novo, todos os meus instintos estão formigando que os dias que passamos fora de ação foram suficientes para acontecer muita coisa pela cidade, coisas que fugiram do controle.
  Desentendido com a minha pergunta o homem, que aparentava ser um rapaz jovem e bem cretino, se curvou na minha direção, como se estivesse venerando alguma coisa e então escutei sua gargalhada assombrosa outra vez, antes dele resolver dar um mortal e pular pro chão, agora a mais ou menos cinco metros à minha frente. O que ele estava armando? Me perguntei mais uma vez enquanto acompanhava seus movimentos sutis e programados com os olhos.
  Ele estava se aproximando, começou andando, depois começou a correr, pratindo pra briga com tudo que tinha, ousadia e imprudência. Me preparei para recebê-lo, a lâmina da faca parecendo uma sombra na minha mão banhada pela luz prateada da lua, e meu coração palpitando, mas quando ele me alcançou, assim que ia me atacar com as mãos livres ele rapidamente se esquivou de um golpe com a minha faca que rasgaria seu peito e tirou duas facas de algum lugar que meus olhos mal puderam ver de tanta precisão. Ainda em movimento, como se estivesse numa dança e ele soubesse os passos decor e salteado ele se voltou pra mim e tentou esfaquear minha barriga.
  Surpresa por sua estratégia não vi soluções mais plausíveis do que deixar meu corpo cair pra trás, era melhor do que receber uma facada que rasgaria minha pele. E mesmo assim, comigo caindo no chão com o impulso que eu tinha pego para me esquivar ele ainda me cortou, fazendo um corte bem pequeno no meu quadril que rasgou o tecido da minha camiseta.
  Com isso eu concluí duas coisas, primeiro: ele me daria trabalho; e segundo: eu teria que lhe dar mais uma surra do que a que já estava planejada por ele ter rasgado uma das minhas roupas favoritas!
  Quando sua faca desceu na minha direção outra vez eu juntei os pés e dei um chute com os dois em seu peito, com bastante força para empurra-lo pra trás e fazê-lo se afastar o suficiente para que eu tivesse tempo pra levantar. E consegui, enquanto ele cambaleava eu peguei outra faca da bolsa, fazendo de tudo pra ser rápida e não deixar o Huoyan sair já que ele tinha acordado com a turbulência.
  Quando consegui fechar novamente a bolsa fui atacada, com as duas facas ele tentou me acertar, na garganta e na perna, mas eu usei as minhas e retive seus movimentos, fazendo com que as quatro lâminas se encontrassem e fizessem barulho, enquanto desnorteava seu golpes e mandava suas facas pro chão.
  Desarmado ele recuou dois passos pra trás, e eu podia jurar que ele estava sorrindo, não sei porque. Mas isso não durou muito. Logo eu fui pra cima dele e ele torceu meus pulsos e derrubou minhas facas, com tanta agilidade que só fui me tocar do que houve quando fui prensada contra uma das paredes de pedra. Tão rápido e tão abrupto que eu me atrapalhei e só consegui arquejar quando senti minhas omoplatas se chocarem com a pedra fria. Eu entendi o que ele fez, igualou as chances pro oponente ficar no mesmo patamar que ele. Já que as facas caíram ele queria uma briga de punhos.
  Já que era isso que ele queria tanto, quem sou eu pra lhe negar uma surra?

PRISON IIWhere stories live. Discover now