14 - Parque de Diversões

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  De moto, Taehyung e Mallya foram primeiro para o parque de diversões com o combinado de todos nos encontrarmos na frente da roda gigante. Enquanto eu e Mark entramos no carro e fomos pelo mesmo caminho, porém com mais calma, não tínhamos pressa pra chegar. E eu não estava me sentindo muito bem desde que saí da lanchonete.
  A imagem da minha mãe ficava martelando na minha cabeça, as palavras daquele bilhete pareciam ecoar no fundo da linha mente, e quando mais eu tentava ignorar as palavras, mais vida elas pareciam ganhar dentro da minha cabeça.
  Coloquei o cinto depois de duas quadras pra longe da lanchonete, mais no piloto automático do que realmente me importando com o que estava fazendo, e então me virei para a janela, não estava de mal com Mark, mesmo depois de tudo, mas não queria falar com ele. Não queria falar com ninguém.
  Fechei os olhos e respirei fundo, o mais sutil que pude para não chamar a atenção de Mark do volante para mim. Mas ele já havia percebido. Senti sua mão tocar a minha sobre a minha coxa, e entrelaçei nossos dedos, sem dizer palavras, apenas me dando um pouco de conforto ele acariciou a palma minha mão com o polegar, um toque tão calmo e gentil, que foi suficiente prae fazer sentir o nó na garganta. A chuva estava caindo serenamente do lado de fora, e eu conseguia me lembrar como se fosse ontem, as vezes que minha mãe me levava a psicóloga, tida vez se dedicando ao máximo pra me ajudar a superar meus transtornos, tentando imcessantemente controlar minha raiva e minha pocessividade conforme eu crescia, desde os cinco anos quando eu comecei a mostrar que não era uma criança tão normal quanto meu pai imaginava. Ela nunca desistiu de mim, sempre acreditou que eu não era um monstro, mesmo depois que a psicóloga falou pra ela que eu tinha tendências fortes a psicopatia e que as chances de me impedir de machucar os outros ou ir parar na cadeia por algum crime quando crescesse eram quase mínimas. Mesmo depois que meu pai quis me internar num sanatório, mesmo depois que eu quase matei o meu irmão por ciúmes, ela nunca desistiu de mim. Seu bom coração a fez forte por nós duas, e ela morreu por um desgraçado com os mesmos transtornos que eu. Meus olhos se encheram de lágrimas.
  Soltei a mão de Mark, me encolhendo contra a porta e a lembrança da noite em que eu vi ela morta na frente daquela cruz vieram à minha cabeça. Ela acreditava que eu era boa, era a única que acreditava, e agora eu tinha acabado de assustar aquela garçonete, que era uma boa pessoa, só por causa do meu ciúmes.
  - Alícia... - Mark sussurrou meu nome e acostou o carro na beira da estrada, uma estrada deserta que levava ao parque que nem estava tão longe assim. Não falei nada, mas soluçei, Mark soltou meu cinto, e não precisava de mais palavras de sua parte para simplesmente pular no seu colo, e me encolher nos seus braços. O abraçando forte enquanto o coração no meu peito se apertava.
  - Ela nunca desistiu de mim. - Sussurrei escondendo meu rosto no seu pescoço para tentar abafar meu choro - Ela não podia ter morrido. Eu sinto tanto a falta dela! - Soluçei e Mark me apertou carinhosamente, acaricando meus cabelos enquanto tentava me confortar em seu abraço aconchegante.
  - Me perdoa. - Sussurrou Mark e eu o abraçei forte, eliminando qualquer espaço que pudesse existir entre nós, agora não sentia mais aquela falta de afeto que parecia tão presente antes, a tristeza havia coberto tudo, me consumido por completo - Eu queria te proteger de todos os problemas do mundo, me perdoa por não poder fazer isso Jagi. - Mark sussurrou e fungou logo em seguida. Foi quando percebi que ele também estava chorando, compadecido pela minha tristeza.
  Ficamos assim por um tempo, não sei por quanto, mas o suficiente para eu me acalmar, e me sentir melhor. Talvez eu estivesse precisando chorar um pouco pra aliviar a tensão que vivia me cercando. Mark também parecia bem quando olhei pra ele, e isso que ocorreu no carro, nos fortaleceu a ideia de ir para o parque de diversões distrair a cabeça. Estávamos de férias por cinco dias, e eles iam passar rápido se não aproveitassemos, precisávamos descansar dessa pressão que ficava nos perseguindo o tempo todo, a todos nós.
  Sai do colo de Mark com um pouco de relutância, e voltei para o meu banco. Assim que coloquei o cinto Mark ligou o carro e retornou para a estrada. Ainda estávamos sensíveis, não apenas eu, Mark também parecia meio abalado, talvez por minha causa. Mas resolvi não comentar nada.
  Não demorou muito para chegarmos ao parque de diversões, e assim que entramos já demos de cara com o nevoeiro da chuva se dissipando da roda gigante, a chuva que antes insistia em cair havia cessado. E o Tae e a Mallya estavam nos esperando no fim de uma fila do carrinho de sorvetes. Tae a abraçava por trás e parecia estar com os dedos cravados na cintura dela, não soltava de jeito nenhum.
  Pagamos a entrada, e fomos para a fila com eles. Foi então que a diversão literalmente começou.

PRISON IIWhere stories live. Discover now