96 - Meliante

189 32 5
                                    

  - Eu lamento interromper! - Jackson bateu as mãos em cima da mesa onde eu e Mark nos encontrávamos e em questão de instantes Suguinha pulou grasnando irritado. Havia assustado o gato.
  - O que foi Jackson?! - Mark se antecipou antes de mim enquanto passeava o olhar rapidamente por Suguinha, e depois o guiava até Jackson com desprezo.
  - Temos dois corpos, - A expressão de Mark mudou como da água para o vinho, e eu só consegui pensar em mais café, e que talvez algum serial killer tivesse dedo nisso - Desta vez digamos que o Gap Dong foi um pouco mais criativo. - Ele falou, e pela maneira que parecia perturbado franzi a testa já pegando Suguinha no colo e me levantando da cadeira.
  - O que você quer dizer com isso? - Mark indagou receoso e Jackson engoliu em seco. Limpou a garganta e desabafou em seguida.
  - Digamos que ele levou a sério demais o lance de ser imitado.
  Não pensei mais, eu havia me ocupado com tantas coisas que havia me esquecido do principal, era época de mais uma obra sanguinária do Gap Dong I, e ele havia escorregando pelas minhas mãos de novo sem que eu pudesse impedir. Alcancei a chave do carro em mãos.
  - Só dá o enedereço.

- Mallya on-

  - Nem comeu direito Mallya, e agora quer correr atrás de uma testemunha, que foi ex integrante de uma máfia. - Taehyung parecia inconformado, estava me cobrando sobre os cuidados com o bem estar desde que saímos do hotel. Eu mal pensava nisso, só queria encontrar pistas, mais coisas, qualquer uma que me dessem provas concretas de que Jong Up era o segundo Gap Dong pra poder levá-lo pra cadeia, e talvez até alguma dica verdadeira de quem é o primeiro.
  - Eu estou bem Tae. É sério. - Continuei insistindo, vagando com passadas largas pela longa estrada de terra que se seguia a nossa frente, a ausência do alfalto estava arruinando os saltos das minhas botas. Não que eu realmente me importasse, só queria distrair um pouco a cabeça. E ficar pensando no que houve mais cedo no hotel, na cama com o Tae não estava ajudando muito a me concentrar. Eu ainda estava sentindo desejo pela boca dele, queria sentir seu beijo, mas estava ficando teimosa demais para me entregar e esquecer das coisas que houveram. Ou então das coisas que Jong Up me disse naquela ilusão maluca em que eu e a Alícia quase matamos uma a outra. Mesmo conhecendo Tae, eu estava com receio de ir longe demais pra me arrepender do que acontecer depois.
  Chaquelhei a cabeça, agora prestando atenção aos números das casas, parecia ter começado a embaralhar combinações na minha mente. Eu só queria achar o endereço correto. Muita coisa passava pela minha cabeça, eu só precisava da direção certa pra poder começar. Não achei que seria tão fácil encontrar uma testemunha. Inclusive que foi ex membro de uma máfia poderosa demais aqui na cidade. Ele simplesmente se escondeu numa casa caindo os pedaços, mesmo com a cidade inteira sabendo. E ninguém ousou ir lá prende-lo. Agora o porquê eu não sei.
  - É ali, não é? - Tae se adiantou apontando discretamente na direção de uma casa velha de madeira, que parecia decrépita demais para que as paredes a sustentassem em pé - Mas você tem certeza que é esse o endereço? - Tae perguntou duvidoso e eu dei de ombros, já havia me tirado de meu devaneio. De qualquer forma a casa havia me intrigado, e eu ia entrar mesmo assim. Principalmente porque aquele era o número que eu estava procurando.
  - Todas as instruções e pistas na parte do caso que Jackson me deu nos levam pra essa casa. Exatamente essa. - Comentei e ele coçou a nuca encabulado. Agora mudando a rota junto comigo na direção da casa.
  - E vamos fazer o que, ir até lá e bater palma? - Indagou Tae me fitando quando faltava apenas alguns metros para alcançar o portão da casa e eu notei que alguém estava saindo de lá. Pelo visto estava realmente de saída pois estava até trancando a porta.
  - Acho que não vamos precisar. - Comentei apressando o passo e assim que o morador, que aliás estava todo encapuzado, saiu pelo portão eu o abordei. Taehyung estava logo atrás de mim.
  - Com licença, - Eu entrei na frente dele assim que se desligou do portão e ele recuou um passo pra trás ao dar de cara comigo.
  Era um rapaz novo, aparentemente um pouco mais alto que eu e com algumas mexas coloridas no cabelo. Não parecia um gênio do crime, tinha a cara de um moço ingênuo e batalhador. Estava começando a duvidar se havia encontrado o endereço certo.
  - Quem é você?
  - Pode me chamar de Mallya, você é Daehyung, certo?
  - Como sabe meu nome? - Ele recuou mais um passo pra trás, e assim que bateu os olhos em Tae e percebeu que eu estava acompanhada, não hesitou.
  Foi bem rápido os próximos segundos, Daehyung se transformou de repente, pegando numa arma que eu mal sabia de onde surgira e assim que deu un tiro pro alto pra nos afastar ele pulou o portão. Tão ágil que eu pensei que tivesse os poderes de um gato. Já conseguia concluir por ali que o dia ia ser bem longo. Eu tinha um meliante pra buscar.
  - Vamos! - Foi tudo que avisei para Tae e logo em seguida já estava pulando o portão trancado atrás de Daehyung.

PRISON IIWhere stories live. Discover now