55 - Suspeito da Madrugada

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- Mallya on-

  Tae fechou a porta do quarto assim que todos saíram e eu fechei a janela, sentindo uma forte vontade de chorar. Isso nunca havia acontecido. Nunca alguém tinha chego tão perto de... O medo que eu senti quando me dei conta de que não estava conseguindo me defender e que tudo o que o cretino queria era me estuprar... Encostei a testa na janela, tentando, sem sucesso, ver se o vidro gelado conseguia diminuir a dor na minha cabeça. Quando percebi que não, eu me virei para o Tae, e ele me olhou cheio de ternura.
  - Vem cá. - Ele abriu os braços pra mim, vindo ao meu encontro e eu mergulhei em seus braços, sentindo seu cheiro e o conforto que só ele conseguia me fazer sentir. Foi então que eu desabei.
  Lágrima após lágrima começou a descer, sem que percebesse Tae teve que me segurar pois eu estava tremendo. Não havia percebido isso antes, a maneira que o medo havia me assolado a ponto de me incapacitar a diversas coisas.
  - Tae eu to com medo. - Me debulhei em mais lágrimas, soluçando instintivamente e ele me apertava mais, sussurrando no topo da minha cabeça, com o rosto enfiado nos meus cabelos, que tudo ficaria bem - Eu não aguento mais tudo isso... - Chorei, me lamentando baixinho enquanto ia notando que a camiseta do Tae estava ficando cada vez mais molhada por causa das minhas lágrimas - Eu não aguento mais essa pressão... Tem tantas pessoas morrendo e a gente não consegue fazer nada... A Alícia está perdendo a cabeça, e eu sei que preciso ser forte por ela, mas a mãe dela também era como uma mãe pra mim... - Soluçei abraçando o Tae com mais força - Eu não aguentei também quando tive que perder a segunda mãe que tinha. A mãe da Alícia foi a única que sabia dos meus problemas e mesmo assim me acolheu, me acolheu como uma criança, e não como uma assassina como a cidade inteira acusava...! - Continuei desabafando, com o coração dolorido e uma sensação de insegurança que batia forte no peito, mas que sumia toda vez que Tae me acolhia mais e me aquecia nos seus braços. Até eu não ter mais palavras pra descrever meu desespero, e só conseguir chorar. Foi quando Tae abriu suas asas negras, e me acolheu com elas também. Acariciando meus cabelos enquanto as penugens negras formavam um círculo de proteção ao nosso redor, como se pudesse me proteger de tudo. E realmente podia.

- Alícia on-

  Depois de mais uma briga com Mark, eu tomei um banho rápido e me joguei na cama, virada pro lado oposto de Mark, só eu e o Suguinha e ele de costas pra mim, do outro lado.
  Aparentemente ele estava dormindo, mas eu não sabia ao certo. A única coisa que sabia era que eu estava com insônia e mesmo que sentisse falta do aconchego do corpo de Mark que me aquecia pra dormir, eu não cederia. Estava com raiva. Ele achava que se eu saísse do caso estaria livre de problemas, mas eu não vou sair. E estou tão envolvida, que independente da minha escolha, vou continuar correndo perigo. A melhor coisa a fazer é segurar as pontas e pegar logo os dois assassinos, o mais rápido possível, de preferência antes que eles nos peguem.
  Continuei pensando e revendo os casos anteriores mentalmente para ver se encontrava algo nas velhas memórias que pudesse ser usado neste caso, mas nada que prestasse o bastante surgiu dentro de uma hora inteira enquanto eu encarava o relógio, quando eu finalmente comecei a sentir o sono me embalando, já eram três da manhã.
  No momento em que minhas pálpebras estavam tão pesadas que eu já não resistia mais à ideia de dormir, eu escutei uma movimentação, e logo em seguida Mark estava saindo da cama. Porém, o cansaço era tanto que eu mal consegui me virar para indagar pra onde ele estava indo, e caí no sono de uma vez.

  " - Alícia... - Uma voz sussurrava, e alguma parte da minha mente afirmava que eu conhecia, mas eu não conseguia me lembrar de onde.
  - Alícia... - Chamou novamente e assim como uma sensação de dejavu, em meio aquele corredor de hospital, sujo e ladeado de paredes brancas, eu me lembrei quem era a dona daquela voz. Meu corpo inteiro estremeceu e meu rosto se desfez em lágrimas antes mesmo que eu pudesse gaguejar a palavra, com uma dor enorme rasgando no peito.
  - M-mãe... - Chamei e dei uma passo, esperançosa, de certa maneira eu me lembrava de poucas coisas, me lembrava da igreja, do Tae assustado por ter encontrado a minha mãe no chão, cheia de sangue... Mas conseguimos chegar a tempo, agora ela seria cuidada pelos médicos no hospital onde trabalhou por tantos anos, e melhoraria. Ela voltaria pra casa, e nós voltariamos a fazer todos os programas de família que eu sempre desprezei, mas que lá no fundo amava.
  - Alícia... - Ecoou a voz dela pelo corredor, e eu senti um toque de frieza no tom dela, aquela frieza característica de almas sem vida. Psicopatas. Apertei o passo, andando pelo corredor com mais pressa para chegar a ela. E de repente um grito feminino preencheu o corredor me fazendo parar.
  Eu não estava mais no hospital, eu estava na igreja, na porta da igreja, e o grito era meu, do momento em que vi minha mãe caída no chão. Morta."

  Despertei, abrindo os olhos no susto quando um cheiro suave de sabonete invadiu as minhas narinas, ao mesmo tempo que lábios vorazes tomaram os meus. Mal tinha aberto os olhos cheio de lágrimas e levei frações de segundos para assimilar que era Mark quem estava sobre mim, me pegando pela cintura e colando nossos corpos. Quando ele me sentou na cama, sobre seu colo minhas lágrimas escorreram pelas maçãs do meu rosto, e eu soluçei, sentindo os beijos carinhosos e famintos dele descendo para enxugar as minhas lágrimas.
  - Me perdoa Jagi... - Sussurrou ele, envolvendo me nos seus braços que rodeava a minha cintura - Eu não quero ficar brigado com você... - Disse descendo os beijos pelo meu queixo - Me deixa enxugar suas lágrimas... - Sussurrou e pude sentir seus lábios na minha garganta - Acabar com todo esse sofrimento... - Mark continuou com os beijos, agora me deitando novamente na cama, com seu corpo sobre o meu enquanto eu ainda estava assimilando que havia um gosto de vinho no seu beijo - Casa comigo... Por favor... - Pediu e meu coração acelerou.
  - Mark o que você fez??

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