30 - Incerteza

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- Mallya on-

  - Tae... - Sussurrei quase me desfazendo em lágrimas de alívio por vê-lo e sem dizer nada ele veio na minha direção, as esplendorosas asas negras abertas atrás de si, e então me abraçou, me acolhendo em seus braços e meu coração parecia estar sangrando por dentro de tanta angustia.
  - Mally... - Quando ele disse meu apelido eu o apertei mais forte, com medo que eu estivesse tendo uma ilusão em meio aquele lugar bizarro. As palavras da minha tia pairando na minha mente me deixaram perturbada. "Acha mesmo que as memórias que o anjo te mostrou eram reais...?". Minha dor de cabeça pareceu aumentar e eu fechei os olhos com força, apertando mais o abraço enquanto escondia meu rosto em seu ombro. Inalando seu cheiro na tentativa de recusar as coisas que vinham à tona na mente.
  - Tae... - Sem que percebesse eu já havia começado, mas a relutância em perguntar me corroía por dentro, e eu recuei, soltando-me do abraço para o encarar.
  - Eu estou aqui, não sou uma ilusão ou qualquer coisa que aconteça nesse labirinto. - Afirmou ele tentando me reconfortar e eu mordi meu lábio inferior, passando os dentes pelo mesmo ansiosa e angustiada. Eu não queria duvidar, mas não parecia mais a mesma coisa. Eu não me sentia mais a mesma garota que namorava um anjo. Meu passado parecia ter voltado pra me assombrar, e estava tão real que eu mal conseguia fechar os olhos sem vislumbrar alguma cena de tortura feita em mim pelos meus parentes revoltados, ou alguma maldade que eu fizera para me vingar ou me defender. Parecia ser uma camada sobre a minha pele, me protegendo do mundo que nem antigamente. Algo dentro de mim havia despertado outra vez, algo que a um bom tempo eu tentava prender assim como a Alícia vivia se prendendo, mas diferente dela eu não sabia mais como controlar.
  - Eu só... - Comecei a dizer, o ar fugindo de mim, a brisa noturna parecia mais densa, e um arrepio passou pela minha espinha assim que escutei passos. Como se pudesse sentir a outra presença, Tae curvou as asas e seus olhos se encontraram com os meus.
  - Não é uma ameaça. - Anunciou ele quando eu toquei o cabo da faca guardada e eu franzi o cenho confusa, já me virando na direção de onde estava vindo. E em questão de segundos meus olhos avistaram a Alícia, encolhida e cheia de sangue nos braços de Mark.
  - Taehyung. - Mark chamou e não foi preciso mais palavras pra entender o que estava acontecendo. Tae correu até eles para ajudar e eu fiquei sem reação. Me lembrando do início de toda aquela bagunça, quando eu e ela corremos pra dentro do labirinto e nos separamos, parecia ter passado uma eternidade desde aquele momento.
  - Alícia... - Praticamente inconsciente fui até o Tae que havia pegado ela no colo, minhas pernas pareciam bambas com o medo dela estar... - A-Alícia... - Guaguejei incrédula e me aproximei mais, sentindo o pânico me atingindo com violência. Mas quando cheguei perto o bastante eu percebi que ela estava acordada, e que o sangramento, que cheirava forte e atingia minhas narinas, não estava tão intenso.
  - Calma, eu vou ficar bem... - Falou ela pegando na minha mão e o alívio correu pelas minhas veias como sangue ao ver que ela não havia morrido. Já era a segunda vez que eu via uma coisa dessas acontecerem. Primeiro foi quando a mãe do Mark tentou matá-la, eu perdi meu chão praticamente, e agora. Com ela nesse estado.
  - Tira ela daqui o mais rápido possível. - Pediu Mark encostado na parede com a mão pressionada no abdômen, Mark também estava com as roupas manchadas de sangue, provávelmente dos dois - Minha mãe está por perto, - Alertou ele e eu me virei pra ele furiosa.
  - Eu devia ter adivinhado que havia dedo seu nisso. - Rosnei entre dentes e ele me fitou com o cenho franzido de dor. Aparentemente com dificuldades pra respirar pela forma que estava retorcido.
  - Quem fez isso foi o Gap Dong. - Retrucou Mark sério, e então olhou para o Tae novamente - Leve ela pro Jung Kook, ele vai mantê-la segura, e vai saber o que fazer. - Pediu e Tae assentiu.
  - Mallya, - Tae começou e apontou uma direção com a cabeça - A saída é pra lá, vocês estão bem perto. - Avisou e eu anuí, concordando.
  - Vai, vai e ajuda ela, a gente se encontra quando eu chegar lá. - Reforcei o pedido e Tae se afastou se preparando para alçar vôo.
  Eu me afastei também e com pouco esforço ele já havia saído do chão com graciosidade, à medida que tomava altitude e seguia na direção que apontou. A tão desejada saída.
  - Eu ainda quero te dar uma surra. - Falei ao me virar pra Mark e ele abriu um sorriso sínico na minha direção.
  - Eu sei que mereço, - Concordou ele se ajeitando e se esforçando pra ficar em pé. Pensei em ir ajudar, mas só pensei mesmo. Ele não merecia nenhuma piedade já que não passava de um cretino - Se quiser pode me dar um soco, - Mark ofereceu a face direita e eu arqueei as sobrancelhas - A Alícia não é afetada quando estamos afastados.
  - E por que você me contaria isso? Está sentindo remorso por ter tentado matar ela? - Indaguei e quando vi algo passar por seu semblante acrescentei - Ah, esqueci. Você não sente nada já que é um psicopata frio.
  - Engraçadinha.

PRISON IIWhere stories live. Discover now