18 - Labirinto da Morte

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  O choque se espalhou por cada canto do meu corpo, disparando uma corrente quase elétrica de adrenalina em torrentes pelas minhas veias. Nunca senti meu coração acelerar tanto como naquele momento.
  Parecia uma obra tão bem feita e tão errônea. Enquanto escutava Mark e Tae gritarem alguma coisa eu sustentei meu olhar no corpo da vítima, perplexa com a capacidade do assassino e congelada no mesmo lugar. Meus pés pareciam ter afundado no cimento, presos, como se meus joelhos fossem falhar a qualquer instante. Eu queria correr também e ir atrás do Gap Dong que gargalhando com caçoa corria de nós, aparecendo para logo em seguida escapar pelas nossas mãos, matando uma menina inocente bem debaixo do nosso nariz, e deixando sua marca registrada através de uma rosa, uma das minhas favoritas como se ele soubesse dessa preociosa informação.
  Mark e Tae correram atrás do assassino, e eu me aproximei, com o coração na garganta, batendo descontrolado, da vítima. Parecia que minha circulação estava repleta de formigas, andando pelas minhas veias. Eu já tinha visto vários corpos, várias vítimas de vários outros casos, mas nunca tinha mexido tanto comigo uma morte, como aquela mecheu.
  Minha cabeça estava num turbilhão, me lembrando de tantas e tantas coisas, me enchendo de diversos sentimentos confusos. Eu estava, mesmo que não tivesse completa consciência disso, agindo conforme meus instintos e sentidos me obrigavam.
  Me aproximei, inqueta e desesperada pra poder me chegar perto o bastante para ver aquela obra bem feita, mesmo que pessoas estivessem assustadas, eu não ligava mais, alguma coisa havia sido libertada dentro de mim, e não parecia que eu teria o poder de prende-la novamente.
  Com precisão eu peguei a rosa na mão, sendo cautelosa com os espinhos, e então fitei sua brancura mesclada com o vermelho, tanto da própria flor quanto com o sangue da vítima, e então trouxe pra perto do rosto, sentindo a aroma da flor, e da morte. Aquele doce, metálico, cheiro de sangue invadiu as minhas narinas e eu fechei os olhos sentindo seu aroma mórbido, até sentir a mão de alguém no meu ombro. Me chamando.
  Abri os olhos e me virei agitada, encontrando a Alícia perturbada, o que me acendeu com ainda mais força. Parecia que uma corrente elétrica havia tomado todo o meu corpo.
  - Ele vai acabar fugindo. - Disse ela preocupada e eu soltei a flor, a depositando sobre o cadáver a minha frente sem cerimônias, apenas libertando minha mão para poder pegar uma das minha facas na cintura.
  - Então vamos impedir! - Falei e ela assentiu, e então nós duas corremos juntas, atrás dos meninos. Sabíamos pra onde o Gap Dong tinha ido, conhecíamos aquele parque bem o suficiente para saber que só haviam duas saídas, pela floresta do labirinto da morte, ou pela entrada, e pela entrada ele não ia passar, os seguranças não deixariam ninguém sair enquanto a polícia não chegasse no local.
  Tínhamos uma possível vantagem que o Gap Dong não tinha, só precisávamos usar ela, antes que perdessemos a chance.
  Quando chegamos na frente do labirinto paramos de correr, ofegante e nos entreolhamos, íamos ter de nos separar, conhecíamos dois caminhos que podiam ser usados, e precisaríamos deles caso quisessemos pegar o assassino a tempo. Então apenas com o olhar consentimos uma a outra que estava na hora de agir. A Alícia pegou a arma da cintura, e eu empunhei a faca, e então nos separamos. Entrando no labirinto.

  Correr, correr e correr sem parar, era tudo que eu estava fazendo desde que entrei, não havia me deparado com nada, nem com ninguém, só com paredes de pedra com mais de cinco metros de altura e larguras desproporcionais por causa de rachaduras e buracos que corroeram a construção com o tempo. Mesmo conhecendo aquela labirinto como as linhas da minha própria palma da mão eu me sentia desconfortável andando entre corredores e mais corredores vazios. Não sabia mais o que fazer. A raiva estava crescendo como se fosse fome, eu não conseguia parar de cerrar os punhos, estava queimando por dentro, e a impotência que sentia por não encontrar o Gap Dong parecia ser capaz de me fazer enlouquecer.
  - Eu não aguento mais. - Sussurrei pra mim mesma com a cabeça estourando e resolvi voltar, eu não estava achando nada, os possíveis locais onde o Gap Dong poderia passar eu já havia conferido, e não havia nem sinal de que uma pessoa passou por ali. Nenhum único sinal ou pista. Só o silêncio e as altas paredes frias que carregavam consigo um nome amedrontador. Nunca gostei desse lugar, sempre me pareceu... Que algo estava errado nele.
  Virei uma esquina e de repente escutei um barulho, algo se quebrando, me virei as pressas e olhei novamente para o lugar onde estava, encontrando onde antes não tinha nada, agora um garrafa quebrada, que não faço ideia de onde surgiu, com uma rosa príncipe negro, e um bilhete amarrado no cabo repleto de espinhos.

- Alícia on-

  Mais paredes!
  Limpei o suor que escorria pela minha testa e apoei as mãos nos joelhos para tentar recuperar o fôlego, havia corrido demais, depois que escutei uma risada de alguma forma todos os meus instintos se aguçaram e me alertaram que era ele, eu corri e corri, mas tudo que encontrei foram mais e mais paredes! Eu não estava suportando mais aquelas pedras cinzas sujas pelo tempo, eu precisava encontrar aquele cretino e atirar na cabeça dele, dar um fim em tudo isso antes que ele mate mais alguém.
  Quando me ajeitei novamente eu olhei pras paredes, uma mais idêntica que a outra e a sensação de pânico começou a me invadir. Eu não sabia mais onde estava, havia parado de contar os corredores quando escutei aquela risada, e agora estava perdida. Droga!
  Pensei em me sentar no chão e começar a chorar, eu não estava aguentando mais, meu corpo todo doía, minha bochecha ainda latejava por causa do meu próprio tapa que eu tinha dado em Mark e eu não estava aguentando mais essa pressão que a minha mente estava me fazendo passar, quando de repente escutei um barulho.
  Eram passos.

PRISON IIWhere stories live. Discover now