PRISON II

123 - Memórias de um Anjo

- Mallya on-

- Eu teria mais cuidado se fosse você. - Escutei a voz surgir das sombras e dei um pulo sacando as adagas do cinto. Jong Up estava aqui. Eu havia invadido o apartamento do Mark achando que estaria vazio e agora descubro que ele já estava sendo invadido antes de mim. Engoli o ar quase insuficiente pra dentro dos pulmões e procurei ele no escuro.
- O que você...? - Antes que eu pudesse perguntar, percebi que ele estava empurrando uma porta, justamente a única porta trancada do apartamento onde eu não havia conseguido entrar desde o início da busca.
- Por que está me ajudando? - Agora perguntei e vi o sorriso branco dele invadir as sombras, quase como se estivesse se revelando pra mim. Não pude evitar a sensação de me lembrar do gato da Alice.
- O que vai achar ali dentro não vai te dar respostas, só mais um dos motivos pra ele ter feito tudo que fez. - Ele explicou e eu apertei os olhos, ainda estava imóvel, com receio demais pra avançar.
- Eu não vim aqui pra mais uma batalha, estudei vocês e suas espécies tempos demais pra me prender a tudo isso. Eu não quero nada disso agora, já vi muito bem do que você é capaz quando desperta seu lado interior. - Ele falou e eu pude sentir um pouco de fascinação no seu tom de voz.
- O que quer dizer? - Indaguei, ainda receosa, porém já estava andando pra dentro.
- Eu vi você contra a Alícia, e também vi você contra seu pai, não é tão fácil sair vivo das mãos de uma sociopata do seu nível. - Ele sorriu mais, agora entrando no comodo junto comigo, ainda estava alerta com ele. - Quando as emoções e a psicose se unem, só pode ter um resultado. É igual a gasolina e o fogo... Explodem.
- Como sabe tanto? - Indaguei olhando ao redor e Jong Up acendeu a luz, revelando varais e lousas lotados de fotos. De todos os tipos, e todas elas com a mesma pessoa estampada. Haviam várias formas e vários momentos, um mais íntimo que o outro, todos bem pendurados e colados, formando linhas do tempo, de tudo que se passou. Chegava a ser uma forma doentia de ter um álbum de fotos de alguém querido. Parecia mais uma forma de posse, como se Mark estivesse vigiando essa pessoa 24 horas por dia a muito tempo. Desde o início das mortes...
- Ai meu Deus. - Escapou da minha boca e Jong Up deu um passo pra perto da porta.
- É por ela que ele matou tantas meninas inocentes, e é por ele mesmo também. E sabe o que é mais fascinante de tudo isso, você sabe muito bem o que acontece se um deles morrer...
Me virei na mesma hora pra Jong Up com incredulidade.

- Taehyung on-

- Ei moleque, levanta daí, você vai sair. - O Oficial fardado bateu na barra de ferro da jaula como se fosse pra me acordar, eu não estava dormindo. E assim que me levantei já vi que enquanto o guarda que me chamou abria a cela, vinha outro logo atrás trazendo um rapaz dos cabelos vermelhos. As roupas ensanguentadas mostravam combate recente, mas eu ainda não conseguia entender o que havia acontecido.
Haviam pego Mark no flagra matando alguém? Ou ele se entregou? Ou então a Mallya já havia conseguido juntar tudo que precisava pra incrimina-lo?
- Tae. - Ele cumprimentou com um sorriso de caçoa no rosto, mas do jeito que mancava e estava pálido, já sabíamos que estava muito mal.
- O que você fez...? - Eu Indaguei me dirigindo pra fora e assim que Mark foi passar por mim pra entrar, ele deu uma cotovelada no guarda que o segurava atras e quando o outro se aproximou com a arma de choque Mark a tomou e eletrocutou o guarda. Recuei e de repente ele agarrou nos meus antebraços e me pois contra grade. Por um instante pensei em revidar, os guardas já estavam indefesos pra fazer algo, e mesmo que tentassem já era tarde demais, fosse o que fosse que ele quisesse, pra Mark já estava feito.
Senti elas voltando tão rápido que meus olhos viraram, o corpo cedeu tão rápido quanto o gripo que escapou da minha garganta. Minhas memórias... Todas as minhas memórias estavam voltando. Era informação demais... Parecia que meus olhos iam sair pra fora.
- Considere um presente, mas não me agradeça, não vai gostar do que está por vir. - Ainda pude ouvir a voz de Mark uma última vez antes dele entrar na cela e eu sentir que perdia os sentidos.

- Alícia on-

Sentei na cadeira, ouvindo a voz de Jackson como se estivesse embaixo d'água, o corpo correspondia aos seus comando médicos no piloto automático, masminha mente divagava, eu queria a Mallya aqui, queria qualquer um que fosse me entender, e que não achasse que eu ia ser a próxima vítima do Gap Dong. Tinha que haver um jeito de ter alguém aqui. Jung Kook talvez...
Foi quando eu escutei a delegacia se agitando, Tae estava sendo carregado pra fora da parte das cadeias que era separada por um dos corredores. Do jeito que estava sendo carregado desconfiei que não estava bem.
Larguei as coisas, tudo que havia por perto, e deixei Jackson pra trás me chamando, ainda me sentia embaixo d'água, mas eu precisava tanto me sentir perto, me sentir humana, não conseguia entender mais as informações na minha cabeça. Foi instintivo ir até o Tae e abraça-lo, e por estranho que pareça, ele se recuperou na mesma hora.
- Tae? - O chamei tentando entender o que tinha acontecido com ele, e ele me pegou pelos ombros, me olhando tão assustado que por um momento achei que Mark estivesse atrás de mim, mas não era essa a preocupação dele.
- A Mallya, precisamos achar a Mallya.
- Por que? O que aconteceu? - Indaguei sentindo o coração disparar rapidamente.
- O Mark vai matá-la. Ela é a próxima na lista, temos que impedir que ele chegue até ela antes de nós.
- Por quê? O que houve Tae? - Indaguei me assustando e ele me chacoalhou.
- O livro, ele quer o livro! E vai completar a maldição matando ela assim que o pegar. Ela é a última peça pra refazer a maldição.
- Que maldição Tae? - Indaguei e ele me olhou desesperado.
- A que as mães de todos vocês fizeram.
Não deu tempo de perguntar mais nada, um guarda já estava saindo correndo do corredor de prisioneiros, disparando que Mark havia sumido. E só nos restou sair correndo pra fora da delegacia.