76 - Lágrimas de Aço

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- Mallya on-

  E então ele saiu, como se nada tivesse acontecido. Depois de todo o show o cretino saiu andando pelo bar, deixando eu e a Alícia e o restante das vítimas em meio ao chão de corpos, enquanto o Gap Dong I fugia apressado depois do tiro que levou no braço, e a Alícia escorregava as costas na madeira do balcão, soluçando um choro carregado de lágrimas pesadas como pedras.
  Tentei levantar, queria ir até ela, mas tudo que consegui fazer foi pedir ajuda.
  - Tae!
  Havia acabado pra gente, perdemos mais uma batalha em que o Gap Dong II fez questão de esfregar na nossa cara que nós duas e a Polícia da cidade éramos falhos demais para puni-los. E além disso fez questão de mostrar ao vivo e a cores que de algum modo desconhecido para nós, tinha poder sobre o Gap Dong I.
  Me deitei, não conseguiria sentar por causa da dor e aguardei enquanto começava a correria, assim que a porta do bar foi aberta por dois mascarados eu avistei Tae no meio, Jimin lado a lado Jung Kook estavam com ele. Todos com armas grandes e carregadas.
  Assim que entraram começou a chuva de balas, Tae, atirando como se não se importasse disparou seguidas vezes nos palhaços assaltantes que restaram e enquanto os outros seis caras supostamente do bem ficaram ajudando ele correu até mim. Ainda deu pra ouvir gritos das pessoas no meio do tiroteio.
  - Mallya? - Tae me puxou pro seu peito, quase me fazendo desmanchar em seu braços, eu estava fagilizada de dor e aquele simples gesto me amoleceu mais do que eu esperava.
  - Tiro. - Respondi antes dele perguntar - Bala de prata. - Quando terminei de falar vi que ele estava acenando pra alguém, era pro Jung Kook que estava pegando a Alícia no colo pra tirar dali. Os tiros cessaram e no chão mais corpos surgiram. As vítimas sobreviventes começaram a sair acompanhadas dos mascarados que aparentemente eram do bem. E então senti que estava sendo pega no colo também.
  Tae havia deixado a arma de lado para me pegar.
  Quando senti o sol ardendo na pele, despertando-me de volta ao mundo real e as dores que sentia, uma náusea forte me atravessou. Eu estava mal, aquela simples bala ia acabar acarretando problemas terríveis. E eu mal conseguia imaginar de tanto desconforto que estava sentindo. Aos poucos o incômodo ficava maior, e mesmo com Tae se esforçando pra me segurar o mais cuidadoso possível, não estava conseguindo conter a minha dor. Minha visão estava embaçando muito. Eu mal podia sentir o resto do corpo, só a dor latejando por dentro misturada com uma onda forte de exaustão que sem piedade estava me consumindo.
  Quando uma brisa gelada bateu no meu rosto eu abri os olhos novamente, e a poucos metros indo atrás do Jung Kook estava Mark, estava todo agasalhado com um jeans surrado e uma blusa que não pareceu ter sido suficiente para ter aplacado seu frio a ponto dele vestir uma jaqueta preta por cima.
  Preocupado, o rapaz de cabelos vermelhos ia atrás de Jeon, insistindo falhamente em receber a atenção dela e descobrir seu estado, mas ela não estava bem pra falar, e eu sabia que não era pela dor da bala. Era por ter sentido o cretino do assassino de sua mãe escorregar pelas suas mãos sem que pudesse fazer nada.
  - Mallya! - A voz do meu pai me despertou num susto, e logo em seguida a de Wonho também chamando meu nome, eles vieram até mim, e sem enrolação eu agarrei o braço de Wonho e o puxei pra perto alarmada.
  - O Gap Dong I e o II estavam aqui a menos de um minuto. - Avisei ofegando e Wonho arregalou os olhos, e enquanto buscava o comunicador no bolso meu pai me encarou.
  - Os dois de uma vez?! - Indagou aturdido e eu fiquei impaciente, Tae estava sendo cuidadoso, mas eu estava morrendo de dor.
  - Apenas façam alguma coisa! - Briguei e Tae olhou pra ambulância que estava por perto.
  - Você vai pro hospital mocinha. - Alertou, e meu pai veio junto.
  Wonho ficou pra trás chamando os polícias ao redor e pelo rádio também, eu nem precisava perguntar pra saber o que iriam fazer, já sabia que cercariam o perímetro e começariam a fazer rondas em tudo o mais depressa possível.
  Não demorou para os polícias se armarem e correrem apressados para todos os lados. Agora todo mundo estava alerta. E a Alícia e eu que tanto queríamos fazer parte desta busca, continuariamos impossibilitadas.

PRISON IIWhere stories live. Discover now