73 - Premeditado

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- Mallya on-

  - Já que estamos aqui, - Comecei a dizer me apoiando no balcão para dar suporte a Alícia, meu corpo inteiro estava tenso, e ela, mesmo com a dor segurava firme a arma, mirando na cabeça do palhaço que sabíamos que era ele - Me responda senhor Gap Dong falso, por que uma piada de tão mau gosto? - Indaguei com a Alícia se ajeitando ao meu lado, a arma na mão dela estava sendo destravada enquanto eu fitava a máscara do palhaço assassino que estava no meio dos outros, o mais assustador, não por causar medo, mas pela forma perturbada que os traços da máscara haviam sido desenvolvidos. De alguma forma eu sabia que ele havia escolhido aquela máscara a dedo.
  Por um instante senti o peso do olhar da Alícia tentando me reconfortar pelo breve pensamento de que ele não me responderia, mas eu sabia que ia responder. Ele queria se mostrar, havia uma parte dele quase auditivel gritando para ser notado. Ainda que ele mantinha a boca fechada, mas eu conseguia escutar, e sabia que sua sede por atenção iria estrapolar todos os limites.
  - Talvez eu estivesse pensando em brincar... - Ele se pronunciou, era o Jong Up, tida vez que ele falava eu tinha mais certeza, a voz dele parecia estar agredindo a paciência da Alícia. Por uma fração de segundo os olhos dela parecia ter se misturado com a cor vermelha e se convertido, mas voltou ao normal mais rápido do que ameaçou surgir. Ela estava com raiva. Muita raiva.
  - Você vai bater papo com essas duas vadias enquanto espera à Polícia? - Um dos palhaços perguntou irritado, e quando o silêncio se instalou e ele percebeu que não seria respondido, um outro cara se pronunciou.
  - Vamos, deixa o maluco brincar e vamos ao que interessa! - Se prontificou o outro, e então os demais começaram a passear pelo bar fechado, vasculhando.
  - Brincar não parece uma boa ideia. - Foi a Alícia quem tomou a minha frente dizendo, o rosto estava corado de febre e ela já havia começado a soar frio.
  Por um instante, o olhar curioso de Jong Up titubeou dela na minha direção, e depois para as vítimas.
  - Acho que tem gente demais aqui... - Comentou e então ameaçou se mexer, um disparo preencheu o ar com tanta rapidez que por um instante eu achei que ela realmente havia atirado no Jong Up, mas enquanto a Alícia voltava a apontar a arma pra cabeça do sujeito, ele se limitou a observar o chão, o local onde ela havia atirado.
  - Sem gracinhas! - Ela se adiantou e ele riu, caçoando, ou então se divertindo, ele era confuso de certa forma, e não sabíamos o que estava prestes a fazer, então era perigoso demais se expor desse jeito.
  - Já que não quer que eu saia daqui, eu posso usar outra maneira de brincar. Poderíamos entrar num acordo... - Ele brincou e a Alícia ficou mais brava ainda, não hesitei em pegar minhas facas, tinha algo de errado, ele estava calmo demais, estava aprontando alguma coisa.
  - Gregory. - Jong Up chamou, e um menino no meio das vítimas levantou a cabeça, o rosto estava molhado de lágrimas enquanto ele se encolhia contra a parede, ao lado de dois corpos. Engoli em seco quando reconheci que aquele era o menino mimado com quem a Alícia perdeu a paciência, e os corpos eram... Merda.
  - Você conhece o pirralho?! - Indagou a Alícia irritada e eu segurei o pulso dela para abaixar a arma. Ainda tentando entender o porquê dela ainda não ter atirado na cabeça dele. O pai dela era o delegado, tínhamos uma forte suspeita quase firmada de que ele era o Gap Dong II, então por que ela ainda não deu um fim nele?
  - Preciso te contar uma coisa sobre os seus pais. - Jong Up deu continuidade no assunto, ignorando as palavras da Alícia, e o menino que aparentemente estava abalado e assustado por causa dos pais, se levantou, de alguma forma não estava assustado, parecia até estar reconhecendo que o Jong Up, o homem por trás daquela máscara era um porto seguro, um conhecido do garoto...
  Droga, isso foi premeditado, ele armou pra acontecer isso, ele sabia que não o encontrariamos e viriamos até o bar pra beber. Então, se ele estava armando, faria o que agora?

PRISON IIOnde histórias criam vida. Descubra agora