77 - Brincar de Esconder

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- Alícia on-

  - Deixa que eu cuido dela. - Escutei a voz de Mark, estava com dor demais pra abrir os olhos e perder a paciência com o ciúmes dele, isso era algo que não tinha limites.
  - Ela não é mais responsabilidade sua. - Jeon foi curto e grosso, e por um instante me senti infantil demais por estar sendo carregada no colo, e estar tão indefesa só porque fui baleada. Eu não era mais uma garotinha pequena e indefesa, sabia me virar, e inclusive não podia ficar parada sabendo que havia DNA do Gap Dong I pra ser recolhido dentro daquele bar. Eu não podia perder essa chance de conseguir pela primeira vez uma prova inteira de que ele além de ser real, seria pego porque desta vez deixou um rastro por onde passou.
  - Me solta Kook, eu não sou criança. - Falhando eu tentei me soltar dele, mas o mínimo movimento que meu corpo foi submetido quando me mexi me fez gemer de dor.
  - Você não vai a lugar algum Alícia. - Mark se pronunciou e eu mostrei o dedo do meio pra ele.
  - Se enxerga, está sobrando aqui. - Retruquei e apontei pro chão.
  - Nada disso Alícia, vou te levar pra ambulância e você vai pro hospital retirar essa bala mocinha. - Jeon foi firme em suas palavras, mas não me convenceu, eu pensei em apelar, podia reclamar pro Mark e usa-lo, assim ele ia querer brigar com o Jeon por achar que ele estaria me machucando, seria a deixa perfeita pra me soltar e dar no pé pra recolher as amostras de DNA dentro do bar, no último instante desisti da ideia. Eu estava com dor demais pra fazer alguma coisa.
   - Tabom Jeon. - Me rendi - Eu vou pro hospital, mas preciso que me faça um favor antes. - Pedi e Jeon assentiu sem pensar duas vezes. Me inclinei um pouco e sussurrei em seu ouvido, era pra ele me deixar com o Mark e ir falar com meu pai sobre a amostra. Por algum motivo eu não quis falar isso na frente do Mark. Não sei ao certo o porque da reação, mas meus instintos estavam gritando pra ter mais cuidado com ele, e isso não era só impressão de quem rompeu com o namoro.
  - O que está havendo? - Mark indagou impaciente e Jeon anuiu pra mim, pelo menos não reclamou, eu estava com dor demais pra recorrer as interrupções dele.
  - Fique com ela e não a solte por nada. - Jung Kook alertou, e então eles me passaram para os braços de Mark cuidadosamente. Sem pressa e com cautela Mark me acomodou em seu colo e começou a me levar pra ambulância que estava a poucos metros de nós sem esperar que Jeon se apartasse de nós.
  Quando ele deu início à caminhada calma que me levaria, eu senti o cheiro reconfortante de seu perfume que eu tanto amava, isso quase me amoleceu por dentro por um breve instante, eu quase comecei a chorar, estava me sentindo tão frágil, a dor me desnorteava demais, porém um cheiro metálico misturado com aquele reconfortante perfume me fez gelar.
  - O que houve Alícia? - Mark indagou entrando na ambulância comigo e eu esperei ele me sentar na maca antes de abrir a boca. Começando a me encher de raiva sem ter certeza do motivo. Não pode ser, eu já suspeitei dele, mas... Sempre fica uma dúvida.
  - Alícia? - Mark chamou minha atenção de novo, os olhos me cercando como se fosse um predador curioso, esperando atentamente pela minha reação. Ele sabia. Sim ele sabia que eu havia percebido. Só não sabia se estava ficando louca ou certa.
  - Por que está usando tantas blusas? - Indaguei grogue, enquanto ele me fitava, e o cabelo mudou de cor pra preto bem devagar. Eu conhecia aquela cor, era a mesma cor de quando ele começava a se divertir matando inimigos ou fazendo alguma maldade que lhe satisfaz.
  - Está frio Alícia. - Ele disse, como se fosse mais do que natural, e eu agarrei o braço dele, o braço que deveria estar machucado caso ele fosse o Gap Dong I, caso tivesse sido baleado pelo Gap Dong II. Ele não teve reação, apenas continuou me encarando confuso. Os olhos não me enganavam, e aquela carinha inocente estava começando a me dar ódio.
  - Já não é a primeira vez... - Sussurrei me lembrando e apalpei a cintura na procura da arma, não estava comigo, havia ficado com o Jeon no meio do rolo.
  - Do que você está falando Alícia? - Mark me segurou pelo queixo na tentativa de prender meu foco nele. Eu estava transtornada demais com a minha própria mente pra olhar pra ele desse jeito.
  - Tira a blusa. - Ordenei fria e ele me encarou surpreso.
  - Por que? - Indagou e eu olhei em volta, mas não achei nenhum material que pudesse ser usado como arma, a não ser pela barra de ferro que estava debaixo dos meus pés dando suporte pra maca.
  - Eu mandei tirar! - Reforçei e ele se aproximou mais de mim, por um instante os lábios tremeram e se curvaram, tive a impressão de ver um sorriso, mas ele desapareceu mais rápido do que eu podia assimilar.
  - Por que Alícia? - Perguntou inocentemente - Você está me deixando preocupado.
  - Você está cheirando sangue, quero ver se machucou algo... - Esclareci, como se me importasse, mas nós dois fomos capazes de sentir o veneno impregnado no meu tom de voz.
  Por um instante os olhos dele vacilaram para a saída da ambulância. Que droga se ele fugir eu não vou conseguir segura-lo. Eu preciso de um plano.

PRISON IIOnde histórias criam vida. Descubra agora