24 - Espírito Enclausurado

298 51 5
                                    

- Mark on-

  - Mark... - Outra voz chamou, parecia ser da minha mãe, mas estava estranha, e isso estava confundindo minha cabeça, volta e meia uma nova voz surgia, todas lembravam a voz da minha mãe, mas não era ela. Eu sabia que não podia ser, minha mãe jamais entraria aqui. Labirintos são portadores da verdade, como um enigma dentro de você próprio, então ela ficaria vulnerável, principalmente se se perdesse. Eu teria poder sobre ela caso isso acontecesse, e ela jamais me daria todo esse acesso de mão beijada. Então a única coisa que pode estar acontecendo é a menina assassinada no carrossel pelo Gap Dong, ter se transformado numa alma revoltada e usar seu espírito para assombrar o parque, ou no nosso caso agora, assombrar o labirinto. Talvez até tenha vindo pra cá por causa do serial killer, e já que não o encontra está nos atacando.
  Tentei ignorar as vozes e coloquei a Alícia no chão calmamente, fazendo-a encostar as costas na parede, enquanto tentava analisar em que estado ela se encontrava. Eu estava andando com ela a horas, perdido nessa bagunça de caminhos no labirinto, e só havia parado agora porque ela desmaiou de vez. Não chamava mais pela mãe dela, simplesmente perdeu a consciência e isso estava me deixando muito preocupado. Eu podia sentir sua dor, a perturbação em sua cabeça, mas não conseguia fazer nada que ajudasse. Mesmo que tentasse. E pra piorar essa fantasma idiota ainda fica bancando o Gasparzinho!
  - Mark... - Me chamou de novo, mas desta vez meu nome foi cantarolado, e de repente de onde havia saído uma voz, começaram a sair várias ao mesmo tempo, cantando, sussurrando, saindo de dentro das paredes como se fossem um recital melódico, sendo cantado em várias vozes e línguas. Perturbado, eu peguei minha foice, olhando tudo ao redor enquanto buscava por qualquer sinal da presença da fantasma, ela parecia não existir, e mesmo assim entrava nos meus pensamentos, perfurando cada parte da minha mente.
  - Apareça... - Convidei esperando resposta e o recital e todas as vozes cessaram. Como se eu tivesse apertado um botão, e o silêncio assolou os caminhos do labirinto, arrepiando a minha pele. O escuro estava começando a me irritar. Mesmo que minha visão fosse boa o suficiente para enxergar até mesmo no escuro, o meu ferimento estava contendo as minhas habilidades.
  - Mark... - Escutei meu nome de novo e me virei pra Alícia, encontrando seu rosto pálido me encarando perturbado - O que está acontecendo? Onde eu estou? - Perguntou com a voz arrastada e tentou se mexer, apoiando os braços ao lado do corpo para se levantar, mas parou assim que sentiu a dor do ferimento.
  - Calma Jagi, vai ficar tudo bem. - Tentei consola-la segurando seus braços para conter seus movimentos e ela agarrou meu pulso, os olhos cabisbaixo pescando meu olhar no meio das sombras.
  - Mark tem algo errado... - Ela sussurrou fechando os olhos novamente e eu me aproximei segurando seu rosto.
  - Jagi não dorme, aguenta mais um pouquinho, estamos perto da saída. - Avisei tentando mantê-la com os olhos abertos e ela levou a mão até a boca, tocindo. Estava fraca.
  - Está doendo... Eu quero a minha mãe... Traz ela aqui... Eu quero falar com a minha mãe... - Ela sussurrou olhando pra própria mão e eu peguei seu pulso e puxei pra ver, ela tinha tocido sangue.
  - Calma Jagi... - Falei com o coração apertado sem saber o que fazer com relação ao seu pedido, e resolvi guardar a foice e pegá-la novamente para tentar achar a saída de uma vez por todas, mas assim que me aproximei ela foi fechando os olhos, até a cabeça cair pro lado devagar. Havia desmaiado de novo.
  Foi nesse momento que escutei alguma coisa ranger, parecia ser um portão enferrujado, ou talvez um balanço velho de correntes.
  Peguei a foice de novo e me levantei irritado, procurando ela, ia acabar logo com essa palhaçada, ela não é a minha mãe, e muito menos alguém importante para se aproveitar da minha paciência desse jeito.
  - Vem brincar comigo princesa! - Chamei com o semblante sério e escutei uma risada de caçoa.
  - Você não quer brincar... Você quer me matar... - Ela respondeu, a voz similar a da minha mãe e eu senti uma rajada da brisa noturna passar por mim as pressas enquanto passos passando pela água eram auditiveis aos meus ouvidos. Parecia estar em todo lugar, e eu não conseguia sentir sua energia para saber onde ela estava. Parecia até que ela era mais forte do que parecia... Não era pra ser, a não ser que... Essa não!
  - A sua ficha está caindo agora? - Ela indagou, a figura perfeita da minha mãe aparecendo a um metro de distância de mim, não era ela. Aquela era a fantasma, com os poderes que minha mãe havia dado a ela. Eu deveria ter imaginado que ela faria isso. Daria força pra fantasma já que ela não poderia entrar. Eu não respondi a sua pergunta, ficando imóvel para analisar se haveria uma chance de acabar logo com ela e evitar problemas. - Não se preocupe Mark... Isso vai acabar bem rápido... E eu nem preciso fazer muito não é...? Ela já está tão fraca... É só questão de tempo para eu continuar contendo a regeneração dela, e então ela morre e você meu querido filho, vive.
  - Hoje não, mamãe. - Sibilei e num movimento rápido desci a foice no pescoço dela. Sangue sujo foi pro chão e por um triz eu quase a mandei pro inferno, mas ela conseguiu evaporar antes.

PRISON IIWhere stories live. Discover now