26 - Sozinhos

316 51 7
                                    

- Taehyung on-

  - Você está louca! - Bradei me esquivando das mãos dela, que insistiam em me tocar.
  - Eu não estou louca meu anjinho... - Ela sussurrou olhando pra mim com um brilho obcessivo nos olhos - Você quem continua inútil. - Disse ela e eu franzi o cenho confuso.
  - Do que você está falando? - Indaguei me esquivando quando ela tentou me tocar de novo e ela sorriu, com pena.
  - Você sempre foi incapaz de ser verdadeiro... - Ela esclareceu juntando as mãos diante do corpo belo, que me fazia estremecer de pavor, enquanto se aproximava mais pra perto e eu recuava passos pra trás - Sempre se considerando um anjo sendo que a pouco tempo atrás nem sabia o motivo de ter caído do céu...
  - Se você não tivesse me roubado as minhas memórias, quem sabe eu lembraria. - Acusei sinicamente e ela desmanchou seu sorriso.
  - Eu não fui a única mulher na sua vida Tae... Você mereceu ficar sem elas... Assim você percebe que não serve pra outras mulheres, apenas para mim. Você... - Ela sussurrou me alcançando e eu recuei mais um passo, sentindo que logo atrás estava o lago e eu cairia na água se andasse mais - Seu corpo... - Ela começou a sibilar como se fosse uma cobra e agarrou o colarinho da linha camisa para me segurar - E suas preciosas asas, é tudo meu... Só meu...! - Quando ela falou isso eu senti medo, e andei pra trás, só lembrei do lago quando meu corpo estava afundando na água. E ela estava vindo logo depois de mim.
  Seu corpo caiu sobre o meu na água e ela colocou meu rosto em suas mãos, mesmo com meus olhos fechados eu conseguia sentir o peso do seu olhar, ávido em cima das minhas pálpebras fechadas. Prendi a respiração e meu peito se fechou, retendo o ar dentro da boca e pulmões enquanto tentava empurrar os ombros dela e afasta-la de mim, por incrível que pareça, sem sucesso, enquanto afundavamos sem sinal de parar.
  - Ela não te ama meu anjinho... - Escutei sua voz debaixo d'água e abri os olhos assustado, ela não tinha essa capacidade quando eu a conheci, esse poder pra fazer o que estava fazendo neste exato momento, e de alguma forma eu havia me lembrado desse detalhe, sem entender porque. Será que era ela mesmo? Depois de tantos anos eu ainda duvidada que ela pudesse estar viva. Por um instante eu senti uma enorne vontade de responder a sua pergunta com outra, mas como se pudesse ter lido a dúvida nos meus olhos arregalados ela se manifestou outra vez - Você é inútil a ela... Se fingir de garoto bonzinho ou mal não vai manter a Mallya por perto... Não vai fazer ela te amar...- Sibilando ela continuava a dizer coisas desconexas, mas que aos poucos começaram a fazer sentido pra mim e me perturbar.
  Agora eu não queria mais empurra-lá, estava atordoado com suas palavras, tentando me convencer de que o que ela falava não se aplicava a minha vida, por mais que parecesse. Não me parecia real, ela ainda estava morta na minha cabeça.
  - Você vai acabar sozinho meu anjinho... - Anunciou ela, os cabelos negros flutuando de maneira macabra ao redor do rosto, lentamente os cachos se desfaziam com a correnteza quase inexistente de tão fraca. Tentei negar com a cabeça, negar que eu acabaria sozinho outra vez, que ela me abandonaria outra vez e que tudo que restaria seria minhas asas quebradas mais uma vez. Foi assim da última vez, e eu não queria que a Mallya fizesse isso comigo também. Eu não queria ser esquecido, abandonado como um brinquedo quebrado. De novo não...

- Alícia on-

  - Mãe...? - Chamei angustiada olhando pro imenso corredor escuro que havia logo a minha frente, eu estava confusa, não fazia ideia de onde estava e nem como havia ido parar ali. Onde quer que eu estivesse. Mas por algum motivo eu sentia que minha mãe estava por alí. Quase como se eu pudesse sentir sua presença. Meus instintos apontavam isso, mesmo que eu não fizesse ideia de pra onde ir.
  - Alícia... - Escutei alguém chamar o meu nome, mas não era a voz da minha mãe, era a voz de outra mulher, que parecia estar bem fraca. Calmamente eu olhei de um lado para o outro, buscando algum tipo de fonte de luz e de repente algo começou a vibrar no meu bolso. Meu coração disparou.
  Em primeiro momento eu pensei que alguém tinha me tocado e pulei pro lado por impulso, sentindo minha pele arrepiar com o medo enquanto eu levava a mão instintivamente até o bolso da calça, pescando o celular no bolso. Os dedos formigavam quando eu apertei o botão do celular para ver quem estava ligando. Mas não apareceu nada no identificador de chamadas, não tinha número, não tinha nada. Apenas uma imagem de uma lápide que ficava piscando na tela, como se estivesse numa chamada. Era a lápide da minha mãe.
  Senti um nó na garganta e coloquei a mão no peito. Minha mãe... Estava morta?
  - Alícia... - Escutei alguém me chamar, meu coração saltou na garganta e eu me virei na direção do corredor escuro, tinha vindo de lá, e a voz era idêntica a da minha mãe.
  - Tem alguém aí? - Perguntei aflita e o celular começou a piscar mais, a lápide ficando mais insistente na tela, enquanto de alguma maneira que eu não conseguia explicar, meus joelhos que pareciam prestes a ceder, guiavam meus pés pra dentro do corredor.
  Tentei parar de andar, mas ao mesmo tempo que meus pés pareciam presos em cimento, minhas pernas não obedeciam mais meus comandos. Como se tivessem ganhado vida própria.

PRISON IIWhere stories live. Discover now