74 - Jogos de Criança

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- Dark on-

  - Aquele rapaz pediu que entregassem esta bebida a senhorita. - O garçom colocou cuidadosamente a taça com um líquido escuro sobre a mesa e então apontou discretamente na direção de um homem, alto e de cabelos negros que fitava na minha direção, quando nossos olhares se encontraram ele sorriu pra mim. Havia algo no olhar dele, naquela maneira inocente de se expressar que ele estava demonstrando que me deixou tão intrigada. Parecia carregado de algo misterioso e sombrio, me deu uma sensação gelada no peito, quase como se eu pudesse sentir o cheiro de morte preenchendo o ar.
  - Bela tatuagem. - Consegui ler em seus lábios, e da sua pele pálida em comparação a minha eu desviei os olhos estremecendo com um arrepio cruel descendo pela espinha, depressa o bastante para me assustar, porém não neguei àquela bebida.

- Alícia on-

  Com os olhos cheios de lágrimas por causa dos corpos falecidos de seus pais no chão, o menino mimado com quem eu gritei a poucas horas atrás ameaçou ir até o Jong Up. Meu coração quase saltou na garganta.
  - Para! - Esbravejei nervosa e o menino cambaleou pra trás e caiu assustado assim que reparou na arma na minha mão. Havia assustado ele. O pior é que eu não sabia o que o Jongup faria com ele, e mesmo que ele fosse uma peste não queria que aquele cretino o machucasse.
  - Não é pra ir com ele, ele é mau! - A Mallya tentou me dar apoio em convencer o menino, mas não obteve sucesso, o menino estava se levantando e mesmo hesitante já estava indo em direção ao Jongup.
  - Ele vai te machucar! - Tentei explicar, talvez conscientizar o pequeno e ele correu de uma vez pros braços do palhaço. Tinha algo ali, parecia que o menino confiava nele por algum motivo. Talvez... Talvez o Jongup já tenha premeditado essa e já conhecia o menino para convencê-lo a jogar seus jogos. Tudo uma armação.
  Olhei pra Mallya e pelo olhar dela eu confirmei minhas suspeitas.
  - O cerco vai fechar. - Sussurrei com o maxilar cerrado e ela remexeu em uma faca próxima do bolso.
  - Eu sei. - Anuiu, e nos entreolhamos mais uma vez antes de encarar agora o Jongup e o menino. Que aliás estava sendo incentivado.
  - Ela matou seus pais. - Acusou Jongup se abaixando na altura do menino para transpassar confiança - A arma na mão dela prova que foi ela, foi assim que seus pais morreram não foi? - Jongup continuou, olhando nos olhos do pequeno, parecia uma cobra sibilando - Ela atirou neles Gregory... - Destilou veneno e o pequeno olhou pra mim, agora mais assustado ainda.
  - Para de envenenar a cabeça dele! - Esbravejei e Jongup virou o menino para que me encarasse, olhar a máscara do palhaço estava me dando nos nervos, ele estava conseguindo o que queria.
  - Agora ela vai matar todos os que ainda estão vivos, inclusive você Gregory. - Jongup continuou, a Mallya apertou meu braço e eu quase cedi de dor quando uma forte tontura me atravessou, o que aquele imbecil estava aprontando?
  Me arrependi da pergunta quando vi que Jongup estava dando uma arma na mão do menino.
  - Vai fazer ele atirar em mim? É isso o que você vai fazer?! - Grasnei e a Mallya pegou a faca.
  - Ela vai matar todos e te deixar por último... - Jongup me ignorou, dando continuidade ao seu discurso mais uma vez - E só existe uma maneira de impedir isso, - Ele deu a arma nas mãos do menino e apontou pra mim, meu coração estava quase saindo pela boca quando ele começou a mudar a direção. Agora sim eu tinha entendido. A verdadeira razão pra tudo isso.
  Ele sabia que não seria pego, queria apenas se divertir porque estava entediado, e não viu maneira melhor de como fazer isso do que se revelando sem nos dar provas para incrimina-lo. E a única maneira dele se divertir seria me ver ceder, ele queria mostrar a nós duas mais uma vez que ele ia ganhar e que nós duas sairiamos machucadas e incapazes de sequer tocar nele.
  - Eu já entendi o seu jogo. - Sibilei e os olhos dele passearam sobre mim com curiosidade.
  - Sabe é? - Ele indagou, agora me dando atenção, levemente entretido - E o que eu vou fazer? - Consegui sentir o peso do olhar dele em cima de mim.
  - Vai morrer. - E então disparei a arma.

PRISON IIOnde histórias criam vida. Descubra agora