93 - Imprudência

171 31 10
                                    

- Alícia on-

  Enchi outra taça, olhando o líquido vermelho escorrer pela garrafa de vinho pra dentro do recipiente com tanta doçura que me deu náusea.
  Não conseguia olhar pela janela, mas ainda podia ouvir o carro ligando e saindo, Mallya, Tae e Jimin. O trio da traição me largando aqui nessa casa junto com Mark e mais alguns inocentes que não tiveram culpa da nossa briga. Não tiveram culpa que eu e a Mallya que passamos a vida inteira tão unidas, agora nos separavamos como se fosse um casal se divorciando, e a nossa dor e os casos pendentes seriam os filhos que iriam sofrer com a separação. O Gap Dong estava escapando pelas minhas mãos.
  Levantei a taça e tomei toda a bebida, indo até o final, e depois peguei a garrafa e a mala e me direcionei pra fora do quarto. Estava deixando a casa de Tae. Claro que com Suguinha junto.

  Joguei a mala no banco do passageiro, Suguinha se enfiou nas roupas e resolveu dormir, e eu peguei mais uma das garrafas de vinho que estavam lacradas no carpete e abri. Pretendia me afogar de verdade na bebida, desta vez não havia volta, pelo menos o efeito que o álcool repercutia no meu corpo e na minha tristeza era forte o bastante pra amenizar a dor.  Como se fosse morfina...
  Eu podia tomar isso... Repensei e pensei de novo, e quando pensei mais uma vez havia desistido da ideia. Não ia me causar uma overdose, a tontura que eu já estava sentindo pelas duas últimas garrafas de vinho eram fortes o bastante pra me anestesiar. Não precisava de mais, só precisava descontar em alguma coisa.
  Coçei os olhos e um lugar veio na minha cabeça, porém eu passaria pelo cemitério no caminho.
  Com um sorrizinho no rosto, e algumas lágrimas nos olhos eu sai arrancando com o carro pra fora da praia, indo direto pro asfalto com violência.

  Em menos de meia hora eu já estava na igreja onde minha mãe morreu, aquela igreja maldita onde tinham as criaturinhas perfeitas pra matar, e eu faria questão de exterminar todas elas.
  Peguei o revólver na mala, estava carregado, afinal não havia usado tantas balas quanto esperava durante a noite, mesmo assim ainda estava levando uma faca de caça e mais munição. Era só uma brincadeira, nada que uma hora não seja suficiente para acalmar meu estresse.
  Fui invadindo a igreja, olhando pro cenário macabro e silencioso demais, a não ser pelo vento assobiando do lado de fora. Já fazia um tempo que eu não sentia aquele prazer pelo medo.
  O medo de assombrações. Algo que causa um frio no estômago, mas que eu sei matar, algo que eu consigo exterminar sem precisar me preocupar em investigar e descobrir onde está ou o que é, apenas esperar que venham ao meu encontro, pra que eu possa revidar e matar primeiro.
  Era como jogar vídeo game com a vida. Não havia maior excitação. Pelo menos que eu saiba.
  Fui até a porta no chão, pronta pra abrir quando as portas da igreja foram escancaradas e uma silhueta masculina surgiu no meu campo de visão.
  Já estava com a arma levantada na direção dele, mas me retive. Não precisava nem adivinhar, sabia quem era.
  - Me deixa em paz! - Gritei alto, a voz trêmula e arrastada pelo álcool ecoou pelo salão inteiro, e por dentro pude sentir as janelas estremecerem. Havia bebido demais, estava zonza até pra me levantar do chão. Por isso resolvi nem me mexer, continuar ali abaixada, olhando pra ele com a irritação iminente na face.
  - Não perguntei o que você queria. - Mark atenuou e veio na minha direção. Estava determinado, e eu me deixei cair no chão gelado, estava cansada pra pensar em negar. Se ele ainda não me abandonou e queria me levar pra sei lá a onde, que se dane, eu ia.
  - Eu não entendi por que ela foi embora, ela nunca ligou pros risco que a gente corria. - Me lamuriei quando Mark me pegou no colo, passei meus braços ao redor de seu pescoço e recostei a testa em sua clavícula, o embro tão acolhedor do rapaz me deu vontade de chorar. Ele era parte de mim, e parecia tão reconfortante tê-lo comigo.
- Eu sei meu anjo. Vou cuidar de você está bem. - Ele me abraçou forte e começou a me tirar dali.

- Jackson Wang-

  - Aqui está sua parte. - O rapaz dos cabelos roxos me entregou o envelope gordo que tinha nas mãos assim que passou pela porta.
  - Espero que tenha se divertido. - Comentei, fitando com cuidado sua humanidade, podia sentir a energia pesada que emanava dele. Pra um ser humano estava muito mais carregado de coisa ruim do que muitos seres sobrenaturais por ai.
  - Você nem imagina o quanto. - Ele sorriu se dirigindo para porta novamente, estava prestes a sair da sala quando vi que havia derrubado um objeto no chão.
  - Jong Up. - O chamei, e assim que ele me olhou eu recolhi o objeto. Era um pequeno canivete, parecia estar com sangue seco no cabo. Levantei a pequena arma branca na frente dele, e ele sorriu de lado pegando o brinquedo das minhas mãos aparentemente entretido.
  - Tenha uma boa noite Wang. - E então saiu.

Meninas quem quiser entrar no nosso grupo do whats me passa o número que eu adiciono, lá eu dou spoilers e sempre aviso assim que vou postar capítulo novo.💜😄
Brigada por todo o carinho, e Jeni, muito obrigada por tanta inspiração!

PRISON IIDonde viven las historias. Descúbrelo ahora