38 - Falta de Informação

312 48 5
                                    

- Mallya on-

  Quando eu estava na metade do sorvete, com Huoyan recém-despertado devorando alguns pedaços de carne crua que estavam num pratinho sobre o balcão, e eu e a Alícia concluímos duas coisas.
  Primeiro: O Gap Dong está estranho, precisamos da autópsia da nova vítima para confirmar ou então descobrir no que ele mudou. Principalmente na confirmação do modus operandi do serial killer. Que é a maneira que ele executa seu assassinato sempre da mesma maneira. A vítima muda, o local e até o horário, mas ele sempre faz alguma coisa igual, nesse caso, o banho de sangue e a flor. O Gap Dong parece estar sendo mais criativo ultimamente, e se ele está saindo do padrão, sendo um psicopata, ou ele está armando alguma, ou tem algo de errado surgindo no caso.
  Segundo: As informações que temos fazem sentido, mas não se encaixam, ou seja, estamos numa falta de informação descabida. E que temos certeza que é por causa da Polícia que está encobrindo informação de nós duas por causa desses cinco dias idiotas de "férias".
  - Não vai ter jeito. - Alícia anunciou enfim pegando o Suguinha, que estava por quase meia hora rodeando seus calcanhares, no colo.
  - Vamos ter que ir na delegacia pra conseguir informação. - Falei soltando um suspiro pesado e ela coçou os olhos ansiosa, logo em seguida levando uma das mãos livre em direção a barra de chocolate que estava ao lado do nosso caderno de anotações.
  - Vocês vão aonde? - Indagou uma voz rouca descendo as escadas e senti um arrepio formigar pelo corpo ao reconhecer a voz do Tae.
  - Não estão aprontando de novo, estão? - Outra voz surgiu e os olhos da Alícia cintilaram, por uma breve fração de segundos ficou vermelho ao avistar Mark e então eu levantei o dedo apontando pra ela.
  - Seus olhos... - Comecei a dizer e ela levantou seu dedo indicador também, só que na minha direção.
  - Seu cabelo... - Ela começou a dizer e eu olhei pras mechas nos meus ombros, reparando que por um instante a cor branca havia dominado os fios, mas como se nunca houvesse existido estava voltando ao normal. A Alícia que havia ido conferir no celular o que mudou em seus olhos, constatou a cor vermelha, mesmo se acostumando, ainda com um pouco de estranheza. E aos poucos voltavamos ao normal.
  - Eu acho que não vou conseguir me acostumar tão fácil. - Comentei ao ser alcançada por Tae, que me abraçou por trás e acomodou o queixo no meu ombro, e a Alícia mordeu um pedaço da barra de chocolate pensativa, enquanto Mark passeando pela cozinha até ela, inspecionava no que estávamos trabalhando.
  - O caso de novo? - Indagou Mark um pouco indignado e percebi que Tae ficou tenso.
  - Acho que já tivemos bastante experiências com o Gap-idiota-Dong ontem. - Atenuou Tae receoso - Era pra descansarmos lembram? Nada de caso ou investigação. - Recapitulou ele e Mark se aproximou da Alícia roubando uma mordida de seu chocolate enquanto a embolava num abraço carinhoso que envolvia o pequeno gatinho. Agora no colo dos dois. Nem me pergunte como eles fazem isso, nem eu entendi. Pelo menos o suguinha parece confortável, na décima soneca da manhã. Sim, o gato estava dormindo de novo.
  - Não dá pra ficar enrolando, o Gap Dong quebrou regras e limites que nos surpreenderam, - Defendeu Alícia, contrariando o argumento de Tae - Ele está matando, e não vai parar enquanto não for morto! - Afirmou, mas assim que percebeu o que havia dito, ela corrigiu-se relutante - Ou preso. - Mas a raiva não deixou seu tom de voz carregado de determinação.
  - Esse é o trabalho da Polícia, não de vocês... - Mark começou a dizer e quem cortou ele fui eu, impaciente.
  - Quando a polícia está com problemas somos nós quem resolvemos Mark, - Rebati, tentando ser o mínimo ríspida possível sem sucesso-  Então não me venha com essa de deixar pra Polícia, quem vai fazer o serviço somos nós duas, e pronto acabou. - Determinei e senti o aperto do Tae ao redor do meu quadril intensificar.
  - Acho melhor irmos lá fora, né Mally? Vamos ver o pôr do sol lá. - Pediu ele, na tentativa de evitar confusão e eu suspirei rendida a rouquidão convidativa de seu tom de voz.
  - Vamos. - Assenti, - Vem Huoyan. - Chamei e o Dragão que nem estava tão pequeno assim, pulou do balcão e se empoleirou no meu braço, indo pro colo. Ele cresce tão rápido...

- Alícia on-

  - Por que você não consegue parar? Eu sei que o que ele fez foi grave, e que você sente que precisa se vingar, mas não acha que está se arriscando demais nisso? - Mark começou a me repreender preocupado, e eu mordi mais um pedaço da barra, sentindo o sabor do chocolate se dissolvendo de forma adocicada na minha língua.
  - O que aconteceu ontem foi um erro de cálculo, eu não estava preparada, mas não vai acontecer de novo. - Retruquei dando de ombros e ele me segurou, me fazendo olha-lo.
  - A brincadeira está ficando séria Alícia, ele sabe os nossos pontos fracos e está usando contra nós.
  - Ele não é um Deus.
  - Mas se acha um.
  - E eu vou mostrar pra ele que não é. - Afirmei entre dentes e Mark não retrucou mais. Sabia que eu estava obstinada, e não ia parar. Não até o fim.

PRISON IIOnde histórias criam vida. Descubra agora