62 - Visita Indesejada

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- Alícia on-

  Mata! Mata! Mata! Matar! Ele merece morrer! Morrer! Morrer! Eu quero que ele morra! Ele merece! É culpado por tudo! Ele precisa morrer.
  Respirei fundo, podia sentir meu corpo inteiro pegando fogo, ardendo cada centímetro de pele, e ao longe, como se eu estivesse embaixo d'água conseguia ouvir um rugido, não chegava a ser um rugido, era como se fosse um rosnado de algum felino feroz borbulhando de dentro de mim. Ou era atrás de mim?
  Eu me sentia assim. Como se pudesse criar garras e rasgar a garganta de Mark com as próprias mãos, terminar o serviço que Jeon começou, terminar do meu jeito. Do jeito certo, fazendo o pecador pagar pelo seu pecado. Seria o correto a fazer de uma vez por todas. Enfim eu completaria mais uma missão.
  Me impulsionou a andar, meu corpo não me obedecia mais, e eu não precisava olhar pra saber que todas as veias no meu corpo estavam negras, meu coração disparado estava bombeando sangue poluído para dentro das minhas veias. E eu não conseguia me importar, parecia fazer parte de mim. Todo aquele desejo insano, tão parte de mim, me descrevendo e me deixando extasiada enquanto ansiava por sangue.
  Me impulsionei para andar novamente, e quando senti meu corpo dar um passo, ele não deu. Não era meu corpo, mas eu sentia que estava andando. De repente, algo passou por mim, um figura preta bastante alta e corpulenta, rosnando. Era uma onça que surgiu do nada. Por um instante eu me espantei e tentei recuar pra trás, o corpo todo tremeu de pavor, mas eu não consegui me mexer, e em resposta a minha surpresa brusca, o felino se virou para mim, a cabeça enorme e a boca cheia de dentes me fitando como se estivesse esperando por algo.
  Por um breve instante, em que meu coração ameaçou sair pela boca e minha visão oscilou, eu consegui enxergar meu gato. Suguinha dentro daquela fera, como se o felino e ele fossem um só. Ele como um mascote tão perigoso.
  Medo atravessou meu corpo como se fosse a lâmina de uma faca direto na espinha, e eu me senti zonza. O chão pareceu amolecer debaixo dos meus pés e eu senti meus joelhos caindo de encontro ao chão.
  A onça me cercou, como se tivesse se compadecido com a minha situação e quisesse ajudar, mas eu estava me sentindo mais zonza ainda, tudo ao redor parecia estar girando. Senti que esta caindo de novo, minhas costas se chocaram contra parede fria. Vários rostos preocupados surgiram ao meu redor, e eu reconheci o de Jeon com rapidez, mesmo debilitada. Tudo parecia desconexo. A onça não parecia estar querendo deixar que mais alguém além de Jeon se aproximasse.
  E ele estava vindo me acudir, mesmo todo machucado.
  Senti que estavam me tirando do chão, meus olhos estavam cansados demais para fitar Jung Kook e eu desisti de tentar abri-los.
  O corpo inteiro parecia tomado de exaustão, tentei entender porquê, mas só consegui pensar no mar, nos momentos em que estive nadando. E na sereia, aquela sereia que sem querer havia me ajudado a sentir a profecia ressurgir nas minhas entranhas. Como parte de mim. Até eu apagar de vez.

  Ao longe eu conseguia escutar vozes, parecia as de Mallya e do Tae, estavam descontes com alguma coisa. Lentamente eu abri os olhos, buscando, enquanto tateava o local macio onde estava, descobrir o que aconteceu.
  Senti um pelo macio e um corpo quentinho perto de mim, aos poucos reconheci a sala de estar, agora em ordem, e Suguinha e eu no sofá, ele estava dormindo, e eu obviamente havia acabado de acordar.
  - O que aconteceu? - Perguntei e tentando chamar a atenção da Mallya na porta, enquanto estava tirando os pés de cima do sofá. Me sentia toda dolorida e sabia que aquilo era resultado do esforço excessivo no mar.
  - Você acordou! - Ela abandonou Tae na porta junto com alguém que estava do lado de fora, e correu até mim. Mal me levantei e ela já havia me abraçado com força.
  - Mallya eu preciso respirar. - Sussurrei e ela parou de me apertar tanto.
  - Você quase me matou de susto! O seu gato alienígena se transformou numa onça! - Ela disse exasperada e eu coçei os olhos num impulso nervoso quando ela me soltou.
  - O que você disse? - O ser que estava do lado de fora da porta colocou o pé pra dentro, mesmo com as investidas do Tae de expulsa-lo pra fora. E então eu avistei Jackson, o cabelo claro caindo nos olhos, enquanto o corpo esbelto estava comportado em uma camisa azul riscada e uma jeans preta. Parecia mais novo do que no outro dia que eu o conheci com aquela roupa de oficial.
  - Sai daqui seu intrometido! - A voz do Jimin veio da cozinha e Jackson olhou para Tae impaciente.
  - Parem de de barrar eu preciso falar com as meninas sobre o caso! - Bufou Jackson e a Mallya se virou pra ele, enquanto eu me virava para pegar Suguinha no colo, estava com uma necessidade muito grande de ficar perto dele, mas não entendia o porquê.
  - Já falamos que vamos lá depois do almoço, agora pare de encher o saco! - Ela esbravejou fulminando o agente e eu suspirei irritada, procurando por Mark. Mesmo com raiva ainda queria saber se ele estava bem, estava muito machucado da última vez que o vi.
  - Mas é importante. - Jackson insistiu levando a Mallya a ficar mais brava ainda.
  - Agora não é o momento apropriado pra isso! - Mallya disse e ele entrou de uma vez com uma papelada estranha na mão, pareciam autópsias.
  - Ele não matou ontem, não houve nenhuma vítima no dia anterior.

PRISON IIOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz