68 - Inseguros

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- Mallya on-

  Engolindo em seco Jeon deu passagem para que eu e a Alícia entrassemos no escritório, não era preciso bater, a porta já estava aberta, e o Delegado, Wonho e Jackson,  esperavam acompanhados da mulher que estava sentada na cadeira diante da mesa, de costas pra nós.
  Havia uma rosa roxa dentro de um plástico posta em cima da mesa, e enquanto nós duas invadiamos a sala sem permissão, eu captei nos traços do pai da Alícia algo que não via a muito tempo. Um indício de esperança.
  - O que ela sabe? - A Alícia se adiantou em indagar assim que pisou no carpete e meus olhos caíram sobre a testemunha, analisando seu perfil meticulosamente. Não foi preciso muito para descobrir porque o ar da sala estava contaminado com perfume barato de homem. Era uma prostituta.
  Com uma atenção redobrada o pai da Alícia se apartou de seus colegas e veio até nós. Assim que pegou nossos ombros e fez uma rodinha discreta ele soltou as informações. Mas algo que eu não conseguia controlar me fez afastar do toque dele. Só fui notar que meu coração estava disparado com a emoção quando ele me puxou de novo.
  - Ela viu o assassino matar uma dançarina. Ele estava de frente, e mesmo encapuzado ela disse que conseguiu ver uma parte do rosto dele e a cor do cabelo.
  - Que cor era? - Me prontifiquei em perguntar e a Alícia lançou seu olhar sobre mim, era a confirmação que queríamos para ter certeza que na noite anterior o invasor no quarto do Tae, que tentou me atacar não era apenas um lunático.
  - Vermelho. - Ele anunciou e eu arregalei os olhos.
  - Era jovem? Tem estimativa de idade ou porte físico? - A Alícia começou a fazer uma pergunta atrás da outra e eu percebi o medo nos seus olhos. Só conhecíamos uma pessoa de cabelo vermelho capaz de matar.
  - Trinta e poucos, um cara grande pelo depoimento da moça. - Alegou o delegado e eu levantei os olhos.
  - Onde foi? Posso conseguir imagens de alguma câmera de segurança da região? - Comecei e ele olhou pra mim, e depois pra Alícia, parecia confuso com a reação dela.
  - Sim. Foi por isso que chamamos as duas aqui. Precisamos pegar esse cara, ele está perto, e já que foi visto vai tentar encontrar a testemunha.
  - Vou pegar o notebook. - Falei e peguei a Alícia pelo pulso pra sairmos da sala - Não preciso lembrar que não devem sair de perto da testemunha né? - Indaguei lançando um olhar desconfiado para Jackson e vi um sorriso surgir na boca dele antes de sairmos da sala de uma vez.

  - Não gosto desse cara. - Comentei quando entramos na sala de supervisão da delegacia e a Alícia se debruçou sobre uma mesa vazia onde estava o notebook que a gente sempre usou nesses casos.
  - Tem algo errado. - Ela disse tirando os cabos das tomadas e levantou o olhar, me fitando com preocupação.
  - O que você acha? Talvez um bode expiatório? - Perguntei e ela me fitou com mais precisão, porém parecia confusa.
  - Não tem como saber quem foi que mandou ele, mas se usou a flor pra matar, e ainda não temos um motivo... Tem algo errado nessa história. - Comentou ela e eu sentei na mesa enquanto olhava de volta, pensando nos fatos.
  - Não houve preparação, não tem motivo, e a gente ainda não conferiu as análises da Polícia... - Falei pensativa e de repente algo passou pela minha cabeça como um tapa na cara. - O foco não era o assassino, e muito menos a vítima. - Falei de uma vez e a Alícia que tinha baixado a cabeça levantou depressa.
  - Espera. Você não está me falando que o Gap Dong II pode ser um possível raquer, não é? - Perguntou e eu apertei os olhos.
  - Eu acho que é. Mas esse não é o nosso maior problema. - Falei e ela recolheu as coisas da mesa, me encarando com dúvida.
  - E qual é?
  - Por que alguém armaria isso? Não foi pra nos desconcentrar do caso, jamais cairiamos. - Falei saindo da mesa e fui até a porta, e com cuidado pra não derrubar a Alícia foi saindo da sala.
  - Eu acho que tenho uma ideia.

PRISON IIWhere stories live. Discover now