46 - Trabalho da Morte

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  Meus joelhos se chocaram com o asfalto molhado e meu coração saltou na garganta.
  - Tae. - Chamei olhando para o rosto pálido do rapaz que ainda estava encharcalhado de água enquanto me inclinava sobre ele, meu corpo todo tremia e eu já conseguia prever uma gripe forte chegando - Tae! - Chamei mais alto, a chuva competia com a altura da minha voz com tanto barulho de água que eu já podia sentir uma leve dormência das minhas cordas vocais - Tae por favor... - Instiguei deitando a cabeça em seu peito na esperança de ouvir o batimento cardíaco do rapaz. Água escorria pelos fios do meu cabelo e pingava no meu rosto, molhando mais minhas roupas. Porém, só quando toquei o Tae que pude sentir uma energia forte emanar dele, como se fosse eletricidade e o contato pudesse me eletrocutar. Junto com o pacote constatei que o coração dele estava disparado também.
  - É melhor começar com os primeiros socorros. - Anunciou a Alícia franzindo o rosto de dor quando Mark tirou mais um caco de vidro do braço dela. Alícia, além de estar encharcalhada tentava passar a impressão que estava bem, mesmo com o rosto pálido pra caramba. Mark teve que parar o que estava fazendo para levantar o rosto dela assim que notou que ela estava assimilando melhor as coisas, segurando o queixo dela ele ergueu seu rosto, buscava em seus olhos sinais de algum trauma, ou qualquer sequela do acidente que ela não estava demonstrando fisicamente. Aliviado por não encontrar nada, ele se voltou para o Tae.
  Mark e Alícia estavam próximos a nós e ele não hesitou, assim como da vez que pulou na água. Vindo ajudar assim que deu apoio à Alícia para ela não se desequilibrar.
  - Eu só tenho uma noção, nunca tive que fazer isso antes. - Explicou Mark se aproximando de Tae e eu cerrei os punhos angustiada. Conseguia sentir as unhas roçando na palma da mão com tanta insistência, que quando senti a pele beliscar não me surpreendi ao ver que havia me machucado. A Alícia era a única que havia aprendido a socorrer alguém quando Wonho nos ensinou, éramos e sempre fomos o complemento uma da outra, só não cantávamos que na hora da necessidade ela não poderia ajudar por estar em maus lençóis também. Mal conseguia ficar sentada, e não ia ter forças pra socorrer o Tae.
  Mark e eu fazíamos o que achávamos que dava pra poder ajudar. Mas não parecia estar sendo suficiente.
  Olhei novamente para o rosto de Tae, a boca roxa, e os olhos tão lindos agora fechados. O cabelo cinza colado na testa e sua eminente falta de reação. O pavor de que ele corresse risco de morte me afundou mais do que eu já me sentia desesperada quando Mark foi conferir o pulso dele.
  - Tae. - Chamei e notei uma sutil movimentação vinda da parte dele, por incrível que pareça eu fui a única que notei que ele tentou abrir os olhos, na hora pensei no que fazer - TAE! - Esbravejei assustando Mark e Alícia e antes que Mark o tocasse, Tae se sentou abruptamente, engasgado, começando a vomitar água. Parecia ter sido acordado de um pesadelo, automaticamente, enquanto jogava água e mais água pra fora da boca, seu rosto começou a tomar cor de novo e ele teve que se virar e inclinar para conseguir devolver os litros que havia engolido.
  Eu me inclinei para ajuda-lo, acariciando suas contas na tentativa de acalma-lo. Tae parecia realmente mal, a pele voltou a ficar pálida, e ele se contorcia, levemente alterado com alguma dor que eu não conseguia identificar onde era. Quando parou de vomitar pareceu ter melhorado, e a primeira coisa que fez foi pronunciar um nome, que parecia extremamente importante, quase crucial.
  - Aniary... - Tae falou mais alto que o barulho da chuva e Mark se afastou pasmo, parecia estar assimilando alguma coisa, mas se fechou e voltou a sustentar a Alícia, já não havia machucados nela para cicatrizar, mas o corpo e a consciência ainda dava pra perceber que estavam abalados, e Mark fez questão de desviar minha atenção focando nisso.
  - Quem é essa? - Indaguei, desconfiada enquanto sustentava meu olhar atento em Mark e Tae soluçou. De repente dois pares de faróis surgiram em nossos campos de visões.

PRISON IIWhere stories live. Discover now